Jornalista dinamarquês que desistiu da Copa lança documentário sobre violência em Fortaleza

A polêmica envolvendo o jornalista dinamarquês, que desistiu de cobrir a Copa do Mundo no Brasil, resultou em filme. Mikkel Keldorf lançou o documentário nesta quinta-feira (29), com entrevistas e fatos que vivenciou em duas cidades brasileiras: Fortaleza e Rio de Janeiro.

Intitulado de “O Preço da Copa do Mundo” (tradução de “The Price of the World Cup”), o vídeo tem duração de quase 30 minutos e retrata diferentes realidades, com a participação de crianças carentes e projetos sociais na capital cearense. Foram, ao todo, oito meses de viagem ao Brasil, colhendo informações e gravando as cenas.

“O filme mostra como as populações nas camadas mais baixas da sociedade tem sido prejudicadas pela preparação do evento, através de remoções forçadas, da participação de grupos de extermínio na “limpeza” das capitais e de fracassadas políticas pacificadoras”, relata.

Denúncia
Um dos temas do documentário é a condição das crianças de rua no Brasil, com ênfase nas denúncias de que elas seriam alvo de grupos de extermínio, como parte da “limpeza” das capitais em preparação para a Copa do Mundo. Manoel Torquato, coordenador do projeto nacional “Crianças não é da rua”, é quem aborda as acusações envolvendo os grupos de extermínio.

Em entrevista ao Tribuna do Ceará, Mikkel ressaltou que veio a Fortaleza por causa das estatísticas de violência e desigualdade social, as quais teve acesso anteriormente. Os dados são expostos durante o documentário, ressaltando que a capital cearense é a sétima cidade mais violenta do mundo, segundo a ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal.

“Depois que eu vi esses dados, quis ir a Fortaleza. O Rio de Janeiro é o lugar onde os jornalistas vão e muitos têm a impressão de que o Brasil é todo como o Rio. E é óbvio que não é. Fortaleza, por exemplo, tem problemas diferentes. A pobreza está mais visível, é mais perigosa”, enfatiza.

A repercussão da visão do jornalista ganhou espaço na Dinamarca. “Acho que muitos dinamarqueses estão chocados, porque o Brasil se desenvolveu muito, mas em outras áreas, como direitos humanos, têm bastante problemas”.

Sobre os jogos, Mikkel vai assistir de longe, da TV mesmo. Além disso, vai comentar possíveis protestos durante o evento em seu próprio país. Quer voltar ao Brasil, mas não agora, principalmente após a polêmica envolvendo seu nome. Ele quer visitar aqueles que conheceu e constatar se algo realmente mudou após a realização do evento.

Entre vaias e aplausos
O Tribuna do Ceará postou, no dia 15 de abril, um depoimento enviado por Mikkel, em que constava sua decisão de deixar o Brasil às vésperas da Copa. Segundo ele, essa seria uma forma de protesto pelas vidas que foram perdidas durante a preparação para o mundial.

“Quase dois anos e meio atrás eu estava sonhando em cobrir a Copa do Mundo no Brasil. O melhor esporte do mundo em um país maravilhoso. Eu fiz um plano e fui estudar no Brasil, aprendi português e estava preparado para voltar”, iniciava.

Após muitos compartilhamentos nas redes sociais, inclusive do próprio perfil do dinamarquês, alguns internautas questionaram a veracidade dos fatos e a identidade do jornalista. “Na época que começaram as críticas, eu estava editando o documentário. Eu sabia do meu histórico e do que eu tinha gravado. Não quis gastar tempo com os críticos que acreditavam que eu era um fake”, finalizou.

Confira o documentário:


Fonte: Tribuna do Ceará


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