Crato (CE): CPI deve apurar gestão do ex-presidente Florisval Coriolano

Os vereadores Jales Veloso (PP) e Roberto Pereira Anastácio (Bebeto - PTN), do Crato, entraram com requerimento na Câmara Municipal pedindo instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar supostas irregularidades ocorridas na gestão 2011/2012, período em que a casa era presidida pelo ex-vereador Florisval Sobreira Coriolano. O foco das investigações serão as diárias pagas aos vereadores no nesse período.

Tudo começou quando o radialista e professor Sandro Leonel, na sessão do último dia 29 de abril, ocupou a tribuna para denunciar o que ele chamou de “atos espúrios com uso do dinheiro público”, de acordo com os documentos colhidos por ele no Portal da Transparência. Segundo Leonel, nos anos 2011 e 2012, foram gastos altos valores em reformas no legislativo cratense. Obras, segundo ele, nunca vistas pela população, além de outras despesas incompatíveis com a realidade.

Quando o professor desceu da tribuna, os vereadores deixou a entender a necessidade de uma CPI, inclusive o presidente da mesa Luis Carlos, que concordou com a instalação da comissão no intuito de apurar as verdades dos fatos. O atual presidente anunciou, ainda, a publicação de uma portaria suspendendo o pagamento de diárias. Luis Carlos disse que o Prefeito Ronaldo Matos pediu zelo da preservação da imagem do Legislativo para que a CPI não se transforme em instrumento político.

Florisval Coriolano se diz surpreso com a possível CPI e garantiu que sua gestão foi exercida com total transparência e suas contas sempre estiveram acessíveis a todos. Ele explicou que as diárias pagas durante seu mandato obedeceram aos mesmos critérios dos presidentes anteriores, inclusive algumas em valores inferiores, e citou como exemplo que, em 2011 pagou R$ 123.668,90 de diárias – civil “e na gestão de 2008, quando ele não era presidente, foram pagos R$ 253.290,00”, comparou.

Vereador faz ameaça
Florisval Coriolano demonstra tranquilidade e diz ser favorável à instalação da CPI, para que definitivamente, sejam esclarecidas quaisquer dúvidas sobre sua gestão. Mas nos bastidores, a postura é outra. Aje para vetar. O primeiro a ser procurado foi o deputado Sineval Roque, que afirmou, de forma incisiva, nada poder fazer para barrar a CPI. Roque não quis se envolver. Diante da negativa, acionou o vereador Pedro Alagoano para buscar apoio no governo. O empresário Neudes Sampaio (irmão de Ronaldo) foi procurado. Ouviu o apelo do vereador, que se fazia acompanhar do também vereador Fernando Brasil, e descartou a interferência do governo, por ser um assunto do legislativo.

Diante das negativas, Florisval subiu o tom e desfila na cidade com um calhamaço de documentos (dossiê) sobre as últimas duas gestões da Câmara. Não cairá só. Os vereadores já estão avisados.

Vereadora também está na mira
A ex-vereadora Mara Guedes (PT), que exercia o cargo em 2011 e 2012, teve ser nome indicado para investigação na CPI, por ela não ter feito as denúncias das irregularidades.

Mara explicou que fez contestações sobre as anormalidades, mas se sentia fragilizada, principalmente na condição de ser a única mulher vereadora contra os outros dez. O vereador Amadeu de Freitas, também do PT, saiu em defesa da companheira e disse que para investigar Mara é necessário investigar todos os vereadores da época, que se mantiveram calados.

Amadeu é a favor da CPI, desde que ela averigue as contas legislativas dos últimos quatro anos e não na transformação da comissão em instrumento político. Para ser instalada, a CPI precisa de 13 assinaturas, equivalente a maioria dos 19 vereadores da Câmara Municipal.

Fonte: Jornal do Cariri



AddThis