Mostra Sesc Cariri de Culturas: No caldeirão das artes

A turnê do elogiado álbum "Chão", de Lenine, passa pelo Ceará. O cantor e compositor pernambucano é a atração de abertura da 14ª Mostra Sesc Cariri de Culturas, que começa hoje e segue até o dia 13 de novembro, em 25 municípios da região. Barbalha, Crato, Juazeiro do Norte e Nova Olinda são os principais polos das apresentações do evento, que reúne espetáculos de teatro, dança, exposições, shows, rodas literárias, performances poéticas e mostras de cinema e vídeo. A apresentação de Lenine é gratuita e acontece a partir das 22 horas, no Largo da RFFSA, no Crato.

A mostra reunirá mais de 1,1 mil artistas de diversas partes do Brasil, com estimativa de público total de mais de 500 mil pessoas. "Do mundo todo para o Cariri e do Cariri para o mundo todo", é dessa maneira que Paulo Henrique Leitão, gerente do programa de Cultura do Serviço Social do Comércio (Sesc-CE) define a mostra, que termina na terça-feira, 13, às 22h, com show do cantor e compositor cearense Raimundo Fagner, também no Largo da RFFSA, no Crato.

Programação
A programação começa antes mesmo de Lenine entrar em cena. Por volta das 17h, artistas e público saem em cortejo pelas ruas do Crato, ao som da batida cadenciada e bem marcada do Maracatu Vozes da África, do grupos cariocas Os Siderais, Arrastão das Gaitas e da Companhia Um Pé de Dois, do Rio Grande do Sul. A animação prossegue até às 20h, quando acontece a abertura oficial da mostra, seguida da apresentação do grupo Os Siderais, às 21h, e do show de Lenine, às 22h.

Serão realizadas atividades e apresentações culturais nos bairros e municípios vizinhos. Além de incentivar a formação cultural, o evento pretende fomentar o turismo e toda a sua cadeia produtiva na região.

Mestre em educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisador em cultura popular, Paulo Henrique Leitão não esconde o entusiasmo ao falar sobre o assunto, afirmando que o Cariri, historicamente, sintetiza a mistura cultural do Estado. A mostra que reúne diversas linguagens artísticas: artes cênicas, visuais, exposições, performances, intervenções, literatura e música. "Ela é uma síntese da cultura nordestina que dialoga com produções de diversas partes do Brasil e do mundo", define. São expressões que contribuem para enriquecer a estética da arte nordestina, em especial da região do Cariri, conhecida como um celeiro da arte cearense.

Além da programação artística, a mostra inclui ações de formação. São atividades voltadas paras as áreas de teatro, artes plásticas, exposições e audiovisual. Existem polos nas cidades de Juazeiro do Norte, Nova Olinda, Altaneira e Barbalha. O objetivo é fazer com que as manifestações artísticas, tanto locais quanto produzidas pelos artistas visitantes, percorram toda a região, ressaltando a importância das trocas culturais.

Diversidade
Historicamente, a região do Cariri caracteriza-se pela diversidade cultural, funcionando como um polo de produção, assim como é o Nordeste, sempre presente em movimentos de vanguarda, além de funcionar como um centro difusor e de preservação da memória cultural da região. A mostra serve para evidenciar ainda mais essa efervescência cultural do Cariri que nessa mostra conta com 58 grupos trabalhando. Paulo Henrique Leitão cita o encontro "O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão", dos dançarinos de Coco, explicando que participarão comunidades do litoral e do Interior. Além dos encontros de etnias indígenas e diversos mestres da cultura que serão homenageados. Cita, entre outros, o mestre Cachoeira, conhecido da cultura cearense; mestre Virgílio, cuja família será homenageada; mestres Galvão; Sebastião e Zé Oliveira, este último, conhecido rabequeiro. Destaca o nome do mestre dos penitentes, Joaquim Mulato, conhecido pelos cantos sagrados, das sentinelas, além das carpideiras.

A mostra vai movimentar a região do Cariri durante seis dias. "Queremos desenvolver processos sistêmicos", explica Paulo Henrique Leitão, destacando o Nordeste como uma região de difusão cultural, assim como é o Cariri. O pesquisador chama a atenção para a importância da ação no que diz respeito ao aspecto da valorização da cultura da região e da salvaguarda da memória dessas manifestações. Destaca a valorização do turismo cultural com base comunitária que o evento propicia.

"Chão"
O espetáculo é aberto ao público e acontece na praça da RFFSA. Faz parte da turnê que o cantor realiza desde março deste ano, tendo passado por mais de 20 cidades brasileiras, algumas da América do Sul e Europa. O ponto de partida para a retomada do giro nacional da turnê foi quando o artista abriu a décima edição da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro. Hoje, será a vez do público cearense que abre e fecha o show desta noite com a música "Isso é só o começo".

A apresentação leva o nome do 10º álbum da carreira de Lenine, "Chão", álbum que mescla elementos naturais como o canto de um pássaro que aparece na gravação de uma das faixas com o universo eletrônico.

Demonstrando versatilidade, Lenine assina a direção musical do espetáculo. No show, divide o palco com os músicos Bruno Giorgi e JR Tostoi, contando com auxílio de instrumentos e equipamentos eletrônicos, responsáveis pela reprodução dos ruídos orgânicos que permeiam nove das dez faixas do disco, como "Chão" (Lenine / Lula Queiroga), "Envergo mas não quebro" e "Isso é só o começo" (Lenine/Carlos Rennó). No roteiro, ainda, músicas como "Jack Soul Brasileiro", "Leão do Norte" (Lenine/Paulo César Pinheiro) e Paciência (Lenine/Dudu Falcão). Paulo Pederneiras assina a direção de arte do espetáculo, criando um cenário em tons vermelhos, que ocupa apenas o chão da caixa cênica, em contraste com o entorno totalmente negro.

Mais informações
14ª Mostra Sesc Cariri de Culturas
De 8 a 13, em 25 cidades da região do Cariri
Gratuito
Programação completa no SITE do evento 

IRACEMA SALES
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste

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