Potengi (CE): Inventor do Sertão inaugura museu

O zinco em busca de asas. A imaginação passa a não ter limites quando o assunto é arte. Prestes a inaugurar o museu que leva o nome que o fez se tornar conhecido, Inventor do Sertão, Francisco Dantas de Oliveira, de 71 anos, o seu Françuli para todas as gerações que o admiram nas ruas de Potengi, o sonho fica cada vez mais próximo. Já está tudo montado.

Uma nova pintura, com os aviões desenhados nas paredes do lado de fora do museu, num pequeno beco estreito que só cabe o lugar, e por isso ganhou o nome de "beco de Françuli", enfeita a parede. Outro grande sonhador, como Maurício Flandeiro, que reconhece em Françuli um artista do zinco. São eles dois na região, que projetaram as suas atividades. São diversos modelos de lamparinas pelo chão do museu, dividindo espaço com os aviões estilizados, em tamanhos variados. Balões, dirigíveis, ultraleves.

Françuli busca soluções, como desejo transformador, de criar equipamentos até para facilitar a captação de água. Desenvolveu as custas de muito esforço mental, um equipamento para retirar água do subterrâneo, e encher as latas do líquido para matar a sede dos de casa em tempos de seca no sertão. Só não patenteou a invenção. Amostras da engrenagem estão presentes no espaço cumprido e de um só vão, com dezenas de peças expostas, e que já se tornou uma atração à parte para a pequena cidade de pouco mais de 10 mil habitantes.

Mas o sonho de transformar com o flandre veio a partir da primeira aparição de um avião sobre o céu de Françuli. Desse período por diante, depois dos 6 anos, a finalidade era só fazer igualzinho ao que viu passar sobre sua cabeça. E depois vieram barcos, navios, mais e mais lamparinas, pássaros, e o sonho de voar constantemente na memória. No museu, o agricultor de hábitos simples, que se criou trabalhando na roça, há um boneco feito em sua homenagem. Com um avião na mão. Tudo que voa neste mundo chama a sua atenção. Em qualquer lugar que se encontre, tem que haver por perto uma de suas criações, seja um pássaro de zinco recortado ou um avião.

Todos os dias, praticamente, Françuli sai de seu sítio, no Monte Belo, em Araripe, percorrendo um trajeto de 20 quilômetros até Potengi. Um percurso comum feito com um transporte projetado por ele. Uma moto, a Tex de 50 quilômetros, que lhe rende uma boa economia de combustível. O artesão do zinco de Potengi é admirado por Maurício Flandeiro. "Somos, que eu me recorde, os únicos a fazerem esse trabalho com o flandre", diz ele. O material mais utilizado para o trabalho é o zinco, por pegar menos ferrugem. A prática de ambos aperfeiçoou o ofício. Mas o juazeirense afirma que não é algo feito do dia para a noite. Construir os grandes navios requer mesmo é paciência.

Tempo
Cada pecinha montada, com a solda para fixar, exige tempo. Um tempo que Françuli se dispõe em sua oficina ao lado do museu, onde contempla suas criações e aguarda apoio suficiente para tocar o seu museu, em Potengi.

São cerca de 12 modelos de aviões distribuídos no salão do museu. Com incentivo do amigo, o historiador alemão Titus Riedl, decidiu concretizar um desejo, que era a criação do museu. A tentativa de fazer um ultraleve alçar voo não foi frustrante de um todo. Chegou a dar um pequeno rasante. Não foi mais longe por falta de dinheiro para comprar um motor garantido. Os detalhes para se chegar à proeza de tirar do chão os seus aviões assumem nuances minuciosamente estudadas.

Mais informações
Museu Inventor do Sertão
Rua: Beco de Françulí
Potengi - CE
Telefone: (88) 3538.1225
Região do Cariri

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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