Advogada de Lindemberg contradiz réu durante defesa em julgamento

A advogada de Lindemberg Alves, Ana Lúcia Assad, contradisse seu cliente durante sua fala nesta quinta-feira (16). Lindemberg é acusado de matar Eloá após mantê-la como refém por cerca de cem horas em outubro de 2008 em Santo André (ABC paulista).

Assad disse, por exemplo, que o tiro dado em Nayara Rodrigues, amiga da vítima também feita refém, foi dado após um susto. "Ele não tentou matar a Nayara. Ele se assustou e atirou.” Lindemberg, contudo, disse ontem que não se lembrava de ter atirado na segunda refém.

Hoje começou o quarto dia de julgamento. A sessão iniciou-se com o debate entre as partes: uma hora e meia para a acusação e uma hora e meia para a defesa. A sessão foi suspensa às 13h25 para um recesso de uma hora.

 advogada também afirmou que “Lindemberg era e é apaixonado por Eloá”. “Ela era e foi o único e grande amor da vida dele”, alegou. Ontem, ele não disse isso em nenhum momento de seu depoimento.

Lindemberg também alegou, na quarta-feira (15), que não levou o irmão mais novo de Eloá, Everton Douglas, para longe do apartamento no dia em que fez a vítima refém. Assad, contudo, disse que “Everton foi afastado porque ele não sabia do namoro”, referindo-se ao fato do casal, supostamente, ter reatado o namoro e ainda não ter informado o fato aos pais de Eloá.

A defensora também aproveitou o discurso para se defender da hostilidade que sofreu nos últimos dias. “A imprensa falou que eu discuti com a dona Cristina [mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel], mas eu apenas me dirigi a ela para cumprimentá-la. Não foram todos da imprensa, foram alguns membros. Isso incitou alguns populares a me agredir. Eu fui almoçar com escolta da Polícia Militar”, disse. Assad chegou a ser interrompida pela promotora, afirmando que ela deveria se preocupar em defender o réu.

A defesa teve uma hora e meia para expor sua tese. Antes dela, falou a promotora Daniela Hashimoto, responsável pela acusação contra Lindemberg. Ela tentou convencer os jurados que o réu mentiu em seu depoimento e que toda a ação que terminou com a morte de Eloá Pimentel foi premeditada.

A sessão foi suspensa para o almoço e deve retornar às 14h30, quando será decidido se haverá réplica da acusação. Somente depois disso, os jurados vão para uma sala dar seu parecer e, na sequência, a juíza lerá o veredicto. A expectativa é que a decisão do júri seja conhecida hoje.

Homicídio culposo
Assad pediu que seu cliente fosse condenado por homicídio culposo (sem intenção de matar). "Não vou pedir a absolvição dele [Lindemberg]. Ele errou, tomou as decisões erradas e deve pagar por isso, mas na medida do que ele efetivamente fez", disse a advogada. "Peço que os senhores condenem o Lindemberg pelo homicídio culposo, pois ele não desejou o resultado. Ele sofre pela morte dela [Eloá]." Ontem, o réu deu seu depoimento e confessou que atirou em Eloá, mas negou que tenha planejado a morte da vítima --o tiro teria sido dado após ele tomar um susto com a invasão policial.

O réu é acusado de cometer 12 crimes, entre eles homicídio duplamente qualificado por motivo torpe (contra Eloá), tentativa de homicídio (contra Nayara Rodrigues e contra o sargento Atos Valeriano, que participou das negociações), cárcere privado e disparos de arma de fogo.

"Enxerguem esse rapaz como um parente dos senhores, pois ele não é bandido", pediu a advogada ao iniciar seu discurso aos jurados. Mais tarde, ela disse que "é a bola da vez, o bode expiatório. Isso acontece só porque ele é pobre", alegou.

A defensora disse ainda que o réu não é o único culpado pelo crime. "No meu ponto de vista, há dois corresponsáveis por este processo. Alguns membros da imprensa e alguns policiais", alegou. "Não podemos dar essa conta toda para o Lindemberg pagar. Isso não é justiça."

Ele não se arrependeu, diz advogado
Ao chegar ao fórum hoje, o advogado José Beraldo, assistente de acusação, afirmou que Lindemberg premeditou o crime. “Vamos mostrar que o passado dele não é bom e que ele sequer teve um momento de arrependimento."

O advogado afirmou que a perícia mostrou que o tiro que matou a jovem foi de execução, de cima para baixo e a poucos centímetros de distância. “Foi um tiro na cabeça de Eloá e um na parte íntima [virilha] dela. Típico de um animal”, afirmou.

Segundo Beraldo, o réu foi ao apartamento de Eloá, que estava com amigos, por ciúmes, porque achava que eles estavam “namorando”. Mas, que ao chegar lá, percebeu que estavam fazendo um trabalho da escola.

Beraldo também disse não acreditar no pedido de desculpas feito por Lindemberg ontem à mãe da vítima. “Aquele pedido de perdão foi uma ameaça, foi um recado [à família de Eloá]. Uma ameaça que fala: ‘Perdeu? Pode perder mais”, declarou.

Fonte: UOL

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