Poços têm socorrido Juazeiro e Crato com oferta hídrica

Uma realidade prevista e que ano após ano tem se agravado. A situação de água nos reservatórios da Bacia do Salgado atingem níveis críticos e há cidades em que as condições são extremamente críticas em relação ao abastecimento hídrico.

Alternativas de racionamento com a conscientização da população têm sido a grande saída, com a diminuição no consumo de até 50%, como tem ocorrido na cidade de Caririaçu. Contudo, para algumas cidades, que praticamente são abastecidas com carros-pipa, durante a estiagem, como é o caso de Salitre, a opção é colocar em atividade os poços profundos, onde foram investidos dinheiro público há vários anos.

Para o gerente regional da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Yarley Brito, os níveis de água são preocupantes para algumas cidades, que estão em estado de alerta, mas os maiores municípios da região estão sendo abastecidos por água de poços subterrâneos, como é o caso de cidades como Crato e Juazeiro do Norte.

Segundo ele, podem ser debatidas junto aos técnicos e sociedade novas alternativa de abastecimento, incluindo a questão da preservação da água do subsolo, para não chegar a níveis de poluição, e também haver o bom aproveitamento desse manancial. Mas antes, é importante poder aproveitar grandes poços já feitos na região, em níveis de profundidade, que custaram grandes quantias ao erário público, e só bastam ser interligados para abastecerem cidades, onde as condições são praticamente escassas, a exemplo das cidades de Araripe, Salitre, Campos Sales e Potengi.

Mauriti
Mas há municípios da região, onde o nível de aproveitamento da água dos poços tem sido de grande importância para o desenvolvimento econômico, como é o caso da cidade de Mauriti, com a agricultura irrigada. Nesse caso, principalmente a fruticultura, com comercialização para várias cidades do Brasil. Outras cidades têm seguido o modelo, só que em proporções menores, como a cidade de Brejo Santo, e Missão Velha, com a grande produção de bananas.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade do Crato, Antônio Alves, afirma que essa é uma das questões que mais têm sido debatidas entre os agricultores, em virtude das constantes perdas agrícolas, principalmente de feijão e milho. Esses são os produtos que mais são cultivados, principalmente dependentes do inverno. "Temos com alternativas as barragens subterrâneas, mas até o momento esses projetos ainda não foram desenvolvidos", diz ele. No caso do Crato, o agricultor cita as fontes existentes para proporcionar melhor aproveitamento para a irrigação de pequenas áreas, e, por outro lado, o desperdício com muitas áreas de lazer, desviando esse potencial, fazendo com que seja mal aproveitado. Mas outro fator importante é perceber, segundo Yarley Brito, os níveis dos poços, porque esses também dependem de reabastecimento.

O gerente regional destaca que 20 poços de grande profundidade, de até 500 metros, foram destinados ao Nordeste, ano passado, por meio de projetos do Governo Federal. Mas poucas localidades no Estado tiveram condições de receber esse benefício, já que em 85% do Ceará se torna praticamente impermeável, com as rochas cristalinas. Na Bacia Sedimentar do Araripe, essas poços podem chegar até 2 mil metros. Sendo, portanto, uma área propícia, com condições de receber esses projetos.

Duas empresas foram responsáveis pelas escavações, uma de São Paulo e outra do Rio Grande do Norte, para a execução dos serviços. A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), que atua no reconhecimento das áreas propícias, foi a responsável no Nordeste pelas perfurações de poços mais recentes. Além da licitação, a CPRM fez o projeto de estruturação dos locais das escavações.

O geólogo Yarlei Brito deu apoio técnico aos profissionais que vieram à região, para realizar as escavações dos poços. Atualmente, são monitorados 24, para se verificar os níveis de água do aquífero, e mais 22 foram inseridos, para somar com as informações já analisadas há mais de cinco anos.

A escavação de um poço na cidade, no sítio Desapregado, em Araripe, foi uma das primeiras alternativas dadas por Yarley, para abastecer as cidades onde o nível é mais crítico, a exemplo de Salitre, Campos Sales e Araripe. "É um divisor de água, já que a única fonte hídrica que pode resolver o problema é o açude Canoas, em Assaré, com uma adutora de mais de 80 quilômetros", diz ele, ao acrescentar que não há condições, diante da crise. Todo um projeto e os erros cometidos na época em que tentaram cavar no local foram demonstrados pelo gerente regional. Essa primeira tentativa foi realizada na década de 70, por técnicos da Petrobras, em busca de Petróleo. Não foi encontrado o produto sonhado, mas houve a constatação de água.

Outros poços foram escavados, e também reabertos, na década de 1990, pelo Governo do Estado, aproveitando, inclusive, o trabalho realizado pela Petrobras com adutora de mais de 80 quilômetros para abastecimento de Salitre, Campos Sales e Araripe. Mas houve erros técnicos, inviabilizando as condições de abastecimento. Tanto no Desapregado, na serra conhecida como Zezim do Brejo, e outro na serra do Cruzeiro, em Santana do Cariri, estão desativados.

População carente
Segundo o geólogo, os poços desativados poderiam também ser interligados para as cidades mais carentes de abastecimento. Ele disse que para se fazer um poço desse porte atualmente, deve ser investido cerca de R$ 2 milhões.

Outro poço, dos mais recentes escavados, que poderá beneficiar a cidade do Crato, foi escavado com cerca de 1000 metros, no Barro Branco. Este é um dos indicados por Yarley Brito. O poço ainda se encontra inativo e poderá beneficiar cerca de 30 mil pessoas. Nem mesmo havia conhecimento na cidade de escavação dessa área, que agora passa pelo processo de reconhecimento, para no futuro ser interligado e beneficiar a comunidade. Mas a grande alternativa no momento está sendo proposta pelo Cinturão das Águas. Possivelmente deverá receber água em 2015. "Com isso, haverá uma tranquilidade maior em relação às melhores condições de abastecimento", completa.

Mais informações
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh)
Rua Coronel Secundo, 255
Centro - Crato (CE)
Telefone: (88) 3523.6302

Fonte: Diário do Nordeste

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