Jardim (CE): Extrativismo do pequi é celebrado por famílias da Chapada do Araripe

Na Chapada do Araripe é tempo de festa para os extrativistas do pequi. A ideia é aproveitar ao máximo a época da coleta. Às 5 horas, dezenas de homens e mulheres se embrenham na mata para encher os sacos e trazer para a beira da CE 060. Percorrem até 10 km, para coletar até 2 mil unidades.

A colheita começa e um grande acampamento entre as cidades de Barbalha e Jardim, na beira da CE 060, o óleo pode ser visto e comercializado em poucos dias. É preparado pelos próprios catadores. Na área mesmo, também é vendido o fruto.

A culinária para adultos e crianças é bem à base do que é colhido. A tradicional pequisada é um prato tradicional. Um período de fartura para os agricultores. Mas em outras partes da Chapada, à beira das rodovias, é comum se ver moradores montarem barraquinhas de palha.

Clareira
Os barracões estão instalados em uma clareira que dá para quem passa pela pista avistar. Fica em Jardim, quase na divisa do Município de Barbalha. Os agricultores se transferem aos poucos, na medida em que vão instalando suas barracas. Toda família passa a morar no local, com pouca infraestrutura.

Condições precárias são enfrentadas, na ânsia de uma renda maior para sobreviver. O produto está cada vez mais escasso na floresta, e também distante. Mas, no cardápio diário das refeições só não pode faltar um tempero: o pequi. É universal entre os catadores. No arroz, feijão, no baião de dois ou simplesmente uma pesquisada. É de lei ter o fruto no prato. As crianças aproveitam, no corte para o preparo do óleo, e até roem o caroço cru. Mas com cuidado para não morder, pois há espinhos.

O presidente da Associação dos Catadores de Jardim, Pedro Martins dos Santos, afirma que a maioria dos catadores do acampamento se desloca do distrito de Cacimbas, em Jardim. Todos os anos, no local onde são armadas as moradias provisórias, há a visita dos técnicos ambientais e são repassadas as informações necessárias para se manter na área, com os devidos cuidados à natureza.

Também são recolhidos pelos ambientalistas centenas de pequis, com os catadores, para a produção de mudas. Os pés são transplantados na floresta. Uma árvores chega a produzir frutos em até 30 anos.

Quando iniciar o mês de fevereiro, o acampamento recebe um número maior de catadores. É o período de grande produção. Ano passado a maior quantidade foi retirada na serra de Porteiras. No início da safra, o cento de pequi poderá chagar a R$ 30,00. Hoje, chega a R$ 8,00. Até meados de fevereiro, deverá ser comercializado a até R$ 1,50.

É nessa fase do preço em baixa que se começa a fabricação do óleo. Cerca de 10 mil unidades podem render até 20 litros de óleo, com um comercializado a até R$ 20,00.

Seu Pedrinho, catador há cerca de 40 anos, comemora a florada do pequi, que indica muitos frutos a coletar na mata. Até o início de maio deverá ter o fruto no chão da Chapada.

Com essa fartura em tempos de produção, já foram 10 filhos criados. Hoje, Pedro Martins está com 69 anos, e em pleno vigor para percorrer a floresta, além de cuidar do plantio que tem em sua pequena propriedade. Coleta, faz o óleo e comercializa.

Goiás
Nesse momento, uma de suas grandes preocupações é a preservação da floresta, dos pequizeiros, para fazer com que essa produtividade se torne fortalecida por muitos anos, favorecendo os moradores da sua comunidade.

Mesmo sendo uma região onde há grande potencial de produção do pequi, parte do fruto comercializado na região provém do Estado do Goiás.

Mas há o diferencial apresentado pelo fruto da Chapada do Araripe, por suas propriedades terapêuticas. Mesmo sem ter ideia desses resultados famílias fazem a festa nesta época do ano, ao começarem a se preparar para morar em cima da serra, durante praticamente um semestre. Isso acontece principalmente com os agricultores de Jardim, que se transferem para a floresta.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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