Feira promove cultura da região do Cariri

O colorido das quadrilhas juninas e das mulheres do côco da Batateira. Os irmãos Aniceto, com o mestre Raimundo, e o brilho espelhar do mestre Aldenir, com o bailado dos reis e sua corte. As "incelenças", penitentes abrindo o espaço para mostrar a riqueza da fé nas ruas, além do maracatu, maneiro pau. Até a fanfarra do Moreira de Sousa, de Juazeiro, uniu-se a um dos maiores cortejos da cultura popular já realizado em solo cratense, na última semana.

Mais de 600 brincantes estiveram nas ruas de Crato e em apresentações no Parque de Exposições Pedro Felício Cavalcante, durante a I Feira de Cultura e Turismo dos Municípios do Cariri. A junção dos diversos grupos e a cultura diversificada da região poderão fazer da região um Patrimônio da Humanidade, por meio de pleito da Secretaria da Cultura do Estado.

O evento foi uma verdadeira festa das artes. Os participantes destacaram a importância da integração entre as cidades para promover o momento, que resultou de parceria entre a Universidade Regional do Cariri (Urca) e nove municípios.

O cortejo contou com a presença das cidades de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Santana do Cariri, Nova Olinda, Assaré, Missão Velha e Várzea Alegre, além do Município de Exu, do Estado de Pernambuco, como convidado.

Para a secretária de Cultura do Crato, Dane de Jade, o Cariri já é celeiro da tradição popular e a feira vem reforçar e potencializar a força que a região tem na cultura e no turismo. O Cariri tem boas chances de ser reconhecido como Patrimônio da Humanidade, segundo a gestora. "São poucas as regiões com esse formato e patrimônio existente aqui, que agrega todas as diversidades da cultura", diz Dane.

O anúncio foi feito recentemente e a secretária comemora, ao mesmo em que ressalta "ser mais do que justo" o reconhecimento dos saberes ancestrais do povo caririense. Segundo a reitora da Urca, professora Otonite Cortez, esta é a segunda vez que o evento é realizado, num dos momentos mais importantes de festa da região. Segundo a reitora, o cortejo dos grupos de tradição deve se tornar um evento permanente, e para tanto já conseguiu registrar crescimento importante, com a junção de outras cidades do Cariri.

Participação
A meta é ampliar ainda mais a participação de municípios no próximo ano. Para a coordenadora da Feira, Sandra Nancy, pró-reitora de Extensão da universidade, o evento é considerado um sucesso em seu primeiro ano de realização, por possibilitar essa incorporação dos municípios e a apresentação das potencialidades existentes, além da riqueza da cultura regional.

Estima-se que cerca de 20 mil pessoas tenham passado pelo espaço nos últimos sete dias. O ginásio contou com a mostra da culinária regional, em um corredor gastronômico.

Para o professor e apresentador Jorge Carvalho, do programa Rapadura Cultural, voltado para a promoção das tradições locais, é importante que os grupos tenham mais apoio não apenas público ou privado, mas que também seja priorizada a questão social e os integrantes tenham assistência maior na área da saúde. "Esse projeto da feira e o próprio cortejo é um evento que deve continuar. É uma semente plantada e precisa ser realmente ampliada nesse encontro de cidades", ressalta.

Continuidade
As apresentações continuaram sendo realizadas dentro do parque, também no 54º Encontro Elói Teles. Jorge também destaca o próximo mês de agosto, com alusão ao Dia do Folclore, com as comemorações no Cariri. "É preciso que esses integrantes dos grupos sejam cada vez mais valorizados. A maioria dos mestres residem na zona rural. É importante que as pessoas possam conhecer o seu espaço", afirma. Nesse aspecto, o Sesc tem realizado, principalmente durante o mês de novembro, quando acontece a Mostra de Cultura do Cariri, as tradicionais "terreiradas" nas casas dos mestres, onde são feitas apresentações com os grupos e interação como a comunidade e pessoas de outras cidades da região.

Para o secretário de Cultura e Turismo de Barbalha, Antônio de Luna, esse é um conhecimento universal, que deve ser fortalecido e preservado, e um órgão importante para essa junção é a universidade. Ele lembra que os próprios municípios vêm buscando há muito tempo fazer essa integração e, ao momento em que há esse fortalecimento, é dado um grande passo para que a cultura e o turismo do Cariri ocupem o espaço merecido.

Luna ressalta que a região tem cultura própria e original, e isso representa muito para o Cariri. O secretário lembra, ainda, que são mais de 60 grupos apenas do município barbalhense, que desfilam todos os anos, em cortejo, durante a abertura da Festa de Santo Antônio.

Para a reitora, a Urca cumpre a missão de valorizar e divulgar a cultura regional. "Essa primeira feira e o segundo cortejo realizado fazem com que reforcemos a identidade do Cariri e fortaleçamos os laços de pertencimento ao território", ressalta. A proposta é que os festejos entrem no calendário festivo, ganhando força a cada ano.

Dane de Jade estima a presença de mais de 500 grupos de tradição no Cariri, e essa é uma forma de valorizar a cultura, reconhecendo o patrimônio que isso representa para o povo e o Estado. Para a secretária, essa é uma ocasião importante para que muitos desses grupos possam se apresentar para a comunidade e saírem do anonimato. "A comunidade, quando vê as pessoas, fica admirada com a quantidade e a diversidade dos grupos que vêm ao longo do cortejo, porque são as nossas raízes", complementa a gestora.

Mais informações
Universidade Regional do Cariri 
Rua Cel. Antônio Luis, 1161 Pimenta
Fone: (88) 3102.1200 / 3102.1204
Crato-CE

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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