Barbalha (CE): Mundo afro-indígena irradia entre alunos da rede pública

Um projeto desenvolvido nas escolas da rede pública deste município está garantindo aos alunos matriculados do sexto ao nono ano do ensino fundamental o conhecimento da história e da cultura afro-brasileira e indígena.

Em todo o território nacional, há cinco anos, a Lei11. 645/2008, sancionada pelo ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, estabelece que as escolas do ensino fundamental e médio devem trabalhar a temática destas duas culturas em seus currículos, com a proposta de levantar discussões reflexivas sobre a formação da cultura da população brasileira.

O aprendizado oferecido aos alunos acontece através de apresentações culturais, danças, roda de capoeira, teatro de fantoches e oficinas de arte e educação, contemplando tanto as culturas indígenas quanto de origem africana. Os alunos envolvidos no projeto também vão às ruas e fazem a distribuição de livros que contêm histórias sobre ambos os povos e suas culturas, capazes de aguçar a curiosidade dos alunos, despertando-lhes o interesse pelo debate coletivo. O programa "Balaio Afro-Indígena" contempla, atualmente, 2. 778 alunos da rede municipal em Barbalha, além 62 professores nas 17 escolas participantes.

Em Barbalha, o aprendizado oferecido aos alunos acontece através de apresentações culturais, danças, roda de capoeira, teatro de fantoches e oficinas de arte e educação. O projeto, intitulado "Balaio Afro-Indígena", foi lançado no ano passado. Sua culminância, no entanto, só aconteceu em novembro deste ano, quando diversos grupos culturais do município realizaram manifestações comemorando o Dia da Consciência Negra.

Debate
Outra ação desenvolvida no município como forma de chamar a atenção dos estudantes para os temas em discussão é a distribuição de livros que contenham histórias sobre ambos os povos e suas culturas, capazes de aguçar a curiosidade dos alunos, despertando-lhes o interesse pelo debate coletivo.

Para garantir a quantidade de livros suficientes aos alunos que participam do projeto, a Prefeitura local, através, da Secretaria de Educação (Seduc) do município, firmou parceria com a editora Conhecimento, responsável pelo acervo utilizado na transmissão do aprendizado para os estudantes.

Os livros começaram a chegar ainda no ano passado. No final do mês de outubro, no entanto, a biblioteca construída pela gestão do município ficou pronta e, a partir daí, novas ações começaram a ser disponibilizadas.

Um grande debate em torno da necessidade de expandir o conhecimento sobre a cultura afro indígena foi realizado no auditório do Cine Teatro Neroly Filgueira. Na ocasião, dezenas de pessoas compareceram ao local. Além de autoridades locais, estudiosos, alunos das escolas do município, universitários e professores, houve participação dos municípios de Barro, Várzea Alegre e Crato, que enviaram representantes.

Para o educador Fernando Paixão, que participou efetivamente das discussões apresentadas durante o evento, a defesa do aprendizado da cultura dos dois povos é fundamental na manutenção da própria essência da população brasileira. "A cultura afro indígena é que deu o elemento para que o povo brasileiro nascesse e a cultura brasileira se consolidasse", disse ele, afirmando que os municípios possuem relevante participação na construção de um novo modelo de sociedade. "As Prefeituras, através de suas Secretarias de Educação, quando fazem isso, desenvolvem para o contexto social de suas cidades, elementos fundamentais na busca da sua própria identidade", ressalta.

Ousadia
Parceiro do projeto, o representante da editora Conhecimento, Edmilson Júnior, avaliou que é preciso certa ousadia por parte das gestões municipais, no sentido não apenas de garantir a implantação da Lei em suas cidades, mas, principalmente, pela perspectiva de mudanças sociais que os debates produzidos em relação à cultura dos povos afro-indígenas passam a oferecer junto aos alunos das escolas participantes do projeto.

O programa "Balaio Afro-Indígena" contempla, atualmente, 2. 778 alunos da rede municipal em Barbalha. Além dos estudantes, 62 professores nas 17 escolas participantes estão diretamente envolvidos no projeto.

A vice-prefeita da cidade, Maria Betilde Sampaio Correia, que representou o gestor do município, José Leite Gonçalves Cruz, durante o evento realizado no Cine Teatro, frisou que o município vem, desde 2009, promovendo eventos sobre a cultura africana. Segundo avalia, a ação é de extrema importância no incentivo às crianças a dar importância às raízes da população brasileira, bem como a diversidade cultural da nação. "É preciso, ainda, desmistificar muita coisa. Acabar, em definitivo, com o racismo ainda presente nos dias atuais e, a partir da educação levada às nossas crianças, propiciar um mundo melhor às futuras gerações" defende.

A secretária de Educação do município, Isabel Cristina Nó-brega Cruz, confirmou que já há algum tempo o setor educacional da cidade vem trabalhando o cumprimento da Lei 11.645. Somente agora, no entanto, foi possível efetivar um projeto de grande alcance sócio-educativo nas escolas da rede municipal.

Ao todo, a comunidade africana presente neste município é representada por dez jovens estudantes universitários. "Eles participam conosco efetivamente deste projeto. A contribuição desses jovens é fundamental porque, além de agregar o conhecimento que possuem em relação à própria cultura, estabelecem um elo de amizade, respeito e compreensão entre os povos", avalia Isabel Cristina.

Mais informações
Secretaria Municipal de Educação
Rua Princesa Izabel, 187
Centro
Barbalha
Telefone: (88) 2101 1919

CLODOALDO AMARO
FOTOS

ROBERTO CRISPIM
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste



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