Barbalha (CE): Produção de videiras é iniciada em assentamento

A ação está sendo desenvolvida com pequenos produtores agrícolas que fazem parte de um assentamento na localidade de Estrela, na zona rural deste município. Orientados por técnicos da Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural do Ceará (Ematerce), oito agricultores passaram a investir na produtividade da uva como fonte principal de rendimento familiar.

O cultivo é feito em área de cerca de oito hectares e, além dos novos produtores, para cada hectare plantado, são oferecidas quatro novas vagas no mercado de trabalho. As uvas ainda não produzem rendimentos. Tudo é muito novo para os agricultores assentados. Porém, eles parecem ter gostado da ideia de conhecer novas culturas produtivas e, através das informações e dos treinamentos recebidos, descobrir novas tecnologias e mecanismos de cultivo.

No local escolhido para o início do plantio, já é possível perceber as fileiras do parreiral, distanciadas estrategicamente cerca de 3 metros uma da outra, como forma de facilitar a propagação das ramas das uvas e, consequentemente, o surgimento de um maior número de cachos da fruta. A produção ainda está na primeira fase.

Lucro
Para gerar lucro será preciso um pouco de paciência. Conforme os técnicos, serão necessários dois outros períodos de safra até que haja retorno do investimento realizado pelos agricultores. Para cada hectare plantado foram necessários investimentos da ordem de R$ 50 mil.

Na região de Estrela, os produtores decidiram, também, criar condições para que as mudas utilizadas nos plantios, também pudessem ser produzidas na localidade. Criaram, então, uma estufa exclusiva para a criação de mudas das espécies Niágara Paulista e Itália.

Houve, no entanto, um pequeno contratempo nos planos dos empreendedores rurais. A lona que protegia as mudas dos raios do sol foi rasgada pela ação do vento, obrigando os produtores a adquirirem novo material. A colocação da nova lona, no entanto, só deverá ser feita após as comemorações de final de ano.

Enquanto não conseguem produzir as mudas, eles recebem as orientações de plantio, cultivo, adubação e colheita, em outra propriedade também produtora de uvas no município. A unidade pertence ao técnico agrícola Francisco Iran de Andrade, que participa de um grupo composto por outros 12 produtores de videiras.

Os agricultores fazem parte da Associação dos Produtores de Fruta do distrito de Estrela e, em alguns casos, decidiram paralisar o plantio de culturas as quais já estavam acostumados para iniciarem a produção das uvas. Para financiarem essa primeira fase do cultivo das videiras, alguns estão buscando apoio de instituições bancárias, através da liberação de linhas de crédito, como o Pronaf, por exemplo.

Segundo o agricultor Elói da Costa Dantas, que iniciou recentemente a produção de uvas na região onde reside, há condições de se conseguir recursos através dos programas criados pelo Governo Federal, possibilitando, inclusive, a criação de um polo produtivo de frutas irrigadas na região do Cariri.

Financiamento
Ele conta que, tão logo conseguiu a liberação do recurso financiado por uma instituição bancária, tratou logo de iniciar o cultivo das uvas Niágara em seu pomar. "Embora a área não seja muito grande, é o suficiente para iniciar a produção. Havendo bons resultados, a gente amplia a área, mais adiante", disse.

Nos locais destinados à produção das videiras, nas áreas do assentamento, os agricultores recebem orientações relacionadas a todo o processo de cultivo das videiras. Desde a escolha da muda, até a preparação do solo, adubação, colheita e preparo para nova safra.

As aulas são teóricas, devido não ter acontecido, ainda, nenhuma colheita na região do assentamento. Mesmo assim, é fácil perceber a expectativa dos produtores em relação ao número de cachos que serão colhidos brevemente.

Em média, para um cultivo realizado em área de até um hectare, após o segundo ano de produção da vinha, é possível colher até 30 toneladas de uva em cada safra. Dependendo da espécie da uva, além das condições de solo e da quantidade de água existente para irrigação do plantio, é possível a colheita de até três safras por ano.

Conforme o técnico agrícola Francisco Iran de Andrade, o cultivo de videiras na região do Cariri atravessa uma nova fase de crescimento. Líder de um grupo de produtores espalhados por três municípios da região, incluindo Barbalha, ele mantém a esperança de que além das culturas já conhecidas, como banana e manga, possa também haver a expansão da produção de uva na região. "As condições pra que isso aconteça no Cariri são diversas. Basta, agora, que o cultivo das videiras também seja abraçado por um maior número de produtores", avalia.

Brejo Santo
Até meados do ano de 2006 este município foi um dos maiores produtores de uvas em todo o estado. Naquele ano, o município produziu cerca de 15 hectares de videiras. Três anos depois, em 2009, a área plantada já havia sido reduzida para 10 hectares. Atualmente, há produção em apenas pequenas propriedades localizadas no interior do município. Os produtores que ainda persistem no cultivo da cultura produzem em áreas de até 1,5 hectares.

Nos tempos de maior produção, as uvas colhidas nos parreirais de Brejo Santo eram motivo de orgulho por parte dos trabalhadores das videiras e dos proprietários das lavouras, devido à qualidade presente no sabor e na baixa acidez dos frutos, além da exuberância presente nos cachos de uvas.

O produto era exportado para outros estados do país, chegando também a ser adquirido por países da América do Sul, como Uruguai e Argentina; Estados Unidos, Bélgica e Alemanha, na Europa.A queda na produção das videiras, conforme alguns produtores se deu por causa da falta de incentivos por parte dos governos federal e estadual, naquele período, e devido as mudanças que foram surgindo nos chamados "modelos de atuação" das instituições públicas cearenses.

Mauriti
Com a decadência da produtividade das videiras em Brejo Santo, o município de Mauriti passou a exercer o posto de maior produtor de uvas na região. O município já chegou a ter área cultivada em 20 hectares. Hoje, são apenas 12 hectares produzindo uvas do tipo Itália e Benitaka.Na região, nos dias atuais, o campeão em rendimento médio na produção de videiras é o município de Missão Velha, que obtém 42 mil quilos por hectare e possui sete hectares plantados.

Também existem pequenas áreas de produção de uvas nos municípios de Penaforte, Barbalha, Crato, Jati e Santana do Cariri. Conforme técnicos que atuam no acompanhamento da produção das videiras nestes municípios, devido o alto consumo na região, a produção é insuficiente para atender, sequer, o consumo da fruta pela população de Juazeiro do Norte.

Ampliação
Buscando ampliar os índices de produção de videiras na região, agricultores familiares estão sendo incentivados por técnicos da Ematerce a iniciar o plantio de videiras, utilizando, inclusive, linhas de financiamento existentes para produção de frutas irrigadas, a exemplo do que acontece em outras localidades.

"A presença dos pequenos produtores fortaleceria os índices de cultivo e garantiram, não só a expansão da área plantada, como também melhores condições de negociações com os compradores do produto colhido", observa o produtor Carlos Eduardo Pinheiro. Conforme avalia, com os incentivos financeiros disponibilizados pelo Governo Federal, não há porque temer nova queda de produção.

ROBERTO CRISPIM
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste



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