Vitamina D e de ômega-3 tem efeito zero sobre câncer e infarto, revela estudo

Em uma mesma tarde, durante o Congresso da Associação Americana do Coração, nos EUA, realizado recentemente em Chicago, foram derrubadas duas grandes teses que, nos últimos anos, integraram a lista das recomendações médicas para a prevenção do câncer e das doenças cardiovasculares. 

Diante de um auditório lotado, pesquisadores americanos anunciaram a conclusão de um estudo que analisou o impacto protetor do consumo de suplementos de vitamina D e de omega-3 contra as enfermidades. 

Para a surpresa de todos, nenhum dos dois tem o efeito esperado. Nem a vitamina D protege contra o câncer nem o ômega-3 reduz o risco de infarto e de acidente vascular cerebral . “Ficamos perplexos com os resultados negativos”, afirmou à Istoé o médico Clifford Rosen. do Maine Medical Center Research Institute e co-autor do editorial sobre o tema publicado na última edição do The New England Journal of Medicine. “Não há repercussão alguma. Esta é a mensagem que as pessoas devem guardar.”

É compreensível a perplexidade da comunidade médica. Há anos, os suplementos tornaram-se uma febre cujo consumo era embasado em trabalhos científicos, é verdade, mas nenhum com a dimensão do que acaba de ser divulgado. Pela solidez de sua metodologia, o estudo alcança o padrão ouro da medicina. Patrocinado pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA – onde se desenvolvem algumas das pesquisas mais importantes do mundo -, o levantamento envolveu 25,8 mil adultos, acompanhados durante cinco anos e divididos de forma a testar com precisão a eficácia das cápsulas.

Vendas em alta
A vitamina D é fundamental para a absorção do cálcio, importante para o desenvolvimento ósseo, e tem funções que interferem, por exemplo, na liberação da insulina, o hormônio que permite a entrada, nas células, do açúcar circulante no sangue. Ela é encontrada em alimentos como leite e ovos e tem sua absorção facilitada por meio da exposição ao sol durante cerca de quinze minutos por dia. Há cerca de dez anos, uma forte onda de pesquisas apontava déficits do nutriente na maioria das populações e sugeria a suplementação como forma de solucionar as eventuais complicações que isso poderia trazer. Entre elas, uma maior vulnerabilidade à formação de tumores. Ao mesmo tempo em que cresciam as prescrições e as vendas dos complementos, começaram a surgir as críticas ao que muitos especialistas entendiam como super valorização do nutriente. Um dos pontos colocados seria o de que o nível estabelecido como ideal seria desnecessariamente alto. Portanto, não haveria deficiência na sua concentração.

A associação do ômega-3 com a proteção cardiovascular é ainda mais antiga. Encontrado em peixes como sardinha e salmão, o nutriente foi rapidamente isolado e transformado em produtos sucesso de vendas no mundo inteiro. No estudo recém-divulgado, feito no Brigham and Women´s Hospital, nos EUA, ficou claro que eles não previnem doenças cardiovasculares. A exceção foi um pequeno benefício aferido entre os negros, mas mesmo assim insuficiente para dar a questão como fechada. “Isso precisa ser provado em outros estudos. Se fosse uma droga com essa finalidade em processo de aprovação, provavelmente não seria liberada”, disse Rosen.

Não é a primeira vez na ciência que ocorrem casos assim, de certezas caírem por terra depois de análises mais profundas. E talvez outras surpresas apareçam nos próximos meses, quando os pesquisadores esperam divulgar as conclusões do mesmo estudo, mas com foco em diabetes, depressão, função cognitiva e doenças auto-imunes (quando o sistema de defesa ataca estruturas do próprio corpo).

Fonte: Istoé

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