Quimioterapia em spray é nova estratégia contra o câncer

Um procedimento experimental contra o câncer pode ser uma nova aposta para o tratamento da doença. A técnica consiste em “borrifar” a quimioterapia diretamente no tumor, como um aerossol. A quimioterapia em spray é realizada por meio de uma cirurgia minimamente invasiva e causa menos efeitos colaterais ao paciente, já que age somente no local do tumor – e não é injetada diretamente na corrente sanguínea, quando ataca as células saudáveis. Por enquanto, a abordagem é indicada somente para o tratamento de pessoas com um tipo raro de câncer, o de peritônio, uma membrana que reveste a parte interna da cavidade abdominal e os órgãos como o estômago, intestino, bexiga e útero.

“Até o início dos anos 80 não havia qualquer expectativa de cura para o paciente com carcinomatose peritoneal que, na maioria dos casos, evoluía para o óbito em decorrência de complicações como a obstrução intestinal”, explica Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião oncológico do Hospital BP Mirante, em São Paulo. “Hoje, com o surgimento de outras técnicas, temos visto uma mudança, com possibilidades de aumento de sobrevida e melhor qualidade de vida”, completa.

Esse tipo de câncer evolui de forma silenciosa. Isso porque os sintomas são inespecíficos e difíceis de identificar. Quando os sinais tornam-se mais evidentes, geralmente, a doença já está em estágio avançado. Os principais sintomas são dores e inchaço no abdômen, que ocorre devido ao acúmulo de líquido no local.

O tratamento
O novo procedimento é conhecido como Pipac e pode ajudar cerca de 20% dos pacientes com esse tipo de tumor. Antes da aplicação da terapia, o doente precisa passar por algumas etapas. Primeiro, é submetido a laparoscopia, uma cirurgia minimamente invasiva em que o médico acessa a cavidade abdominal a partir do uso de pinças. O segundo passo é a retirada de um fragmento do tumor para a realização de biópsia. O material é analisado para que seja determinado em qual estágio o tumor está. Os médicos então aplicam o spray do quimioterápico diretamente no tumor. Ele penetra mais profundamente nos tecidos, agindo nas células tumorais. O Pipac tem o potencial de reduzir o tamanho do tumor. Além de melhorar a qualidade de vida, o procedimento pode abrir caminho para que o paciente faça uma cirurgia radical no futuro.

“Antigamente, esses pacientes seriam submetidos a uma quimioterapia paliativa e sem chances de melhora. A nova estratégia é uma alternativa para eles”, diz o cirurgião Arnaldo Urbano Ruiz

O Brasil tem entre 15.000 e 20.000 novos casos por ano. A carcinomatose peritoneal não é exatamente um tumor. “Na realidade, trata-se da disseminação de um tumor que normalmente nasce em outro órgão do corpo — e não necessariamente na região do abdome, na cavidade peritoneal”, aponta Ruiz. Geralmente, os casos mais comuns de carcinoma peritoneal ocorrem a partir de um tumor primário de ovário, apêndice, intestino, pâncreas ou estômago. Até agora, cerca de 10 pacientes já se beneficiaram da técnica no Brasil. O procedimento começou a ser realizado em 2017, em Porto Alegre.

Fonte: Veja.com

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