Ariano Suassuna arranca aplausos, risos e lágrimas dos icoenses

30 de outubro de 2011. Uma data que não sairá do imaginário coletivo de Icó. Isso porque, na manhã deste domingo, a "Princesa dos Sertões" recebeu o dramaturgo, poeta e romancista Ariano Vilar Suassuna [foto], 84 anos.

O fato havia sido reportado pelo Icó é Notícia, incluindo fotos de sua chegadas desde o sábado [29] na Ribeira dos Icós. Na ocasião, esteve presente a secretária de Cultura de Icó, Jequélia Alcântara. Foi registrado, ainda, a ausência do prefeito municipal de Icó Marcos Nunes, em um evento tão importante.

Suassuna encontrava-se hospedado no vizinho município de Iguatu e tornou a aparecer no Largo do Théberge, o marco zero de Icó, para ministrar uma palestra sobre a cultura nordestina e brasileira.

Antes da sua chegada, o paraibano estava sendo aguardado por uma numerosa equipe cinematográfica chefiada pelo cineasta cearense Rosemberg Cariri. Muitos populares também esperavam pelo autor do "Auto da Compadecida".

A equipe que acompanha Suassuna trabalha na confecção de um documentário sobre a vida e obra de Ariano e buscará retratar cidades que, segundo o próprio escritor, tiveram “forte influência na formação de minha identidade cultural”.

A CHEGADA - Suassuna compareceu ao Teatro da Ribeira dos Icós por volta das 9hs, acompanhado de sua esposa, Sra. Zélia Suassuna, e de assessores. Já dentro do espaço cênico, ele foi aplaudido de pé por uma plateia de cerca de 150 pessoas. Cordial e bem-humorado, Ariano elogiou a decoração montada pelo Grupo icoense de Teatro Arte da Ribeira.

Durante a palestra-espetáculo, o escritor narrou aos icoenses presentes que conheceu o Município de Icó nos idos de 1946, aos 19 anos, quando viajava de Recife ao sertão cearense, para visitar um primo que residia em uma fazenda chamada Várzea Grande, sertão adentro. “Conhecer Icó para mim foi um deslubramento. Aqueles sobrados foram uma grande visão do barroco-sertanejo... fiquei encantado”, confidenciou.

AMOR AO BARROCO DE ICÓ E A "RESISTÊNCIA CULTURAL" - O pessoense criado em Taperoá [PB] afirmou repetidas vezes que tem viajado por todo o país, mas que a riqueza do patrimônio arquitetônico e histórico presente em Icó, principalmente no que se refere ao estilo barroco, não se acha em nenhum outro lugar. “...Minas Gerais é lindo com aqueles prédios, mas Icó não fica pra trás nem de Minas nem de ninguém!” afirmou convicto o escritor.

Mostrando-se preocupado com a conservação do patrimônio histórico de Icó. Relatou o exemplo da cidade de criação, que não apresenta mais prédios históricos. Afirmou que a população, principalmente os jovens, tem o dever de preservar o patrimônio histórico único de Icó. “Sou um artista da resistência. ...Fico profundamente incomodado quando vejo a destruição da cultura.”

Depois de declarar seu amor à cidade, Suassuna fez uma abordagem sobre o atual parâmetro da cultura brasileira, no plano musical e literário. Criticou uma crescente perda da identidade cultural brasileira e se disse preocupado com o que alguns chamam de “renovação cultural”, que na verdade é a importação de padrões culturais de outros países, adotados em detrimento à cultura regional e local.

De inteligência perspicaz, Suassuna citou uma anedota de um músico que teria comparecido a sua casa, em Recife, dizendo que ele, Suassuna, era um artista superado e que as correntes artísticas atuais são o “Punk” e o “Funk”. Ariano teria dito então ao jovem músico: "Já que é assim, mostre aí a sua arte”. E o jovem cantou com acordes desengonçados de guitarra: "..Rutheford – Bohr.. toda parede espera prego... Ruterford – Bohr... em volta de buraco tudo é beira... Ruteford – Bohr... Ruteford – Bohr...". Ariano Arrancou tremendas risadas da plateia.

ARREMATE - Ao final de sua apresentação, por volta das 11h30, Ariano Suassuna agradeceu a presença de todos os presentes e contou outra anedota: Um jornalista carioca, que não simpatizava com ele, quis prejudicá-lo dizendo que: “... dos quatro nordestinos que prejudicaram o Brasil já morreram três: Antônio Conselheiro, Padre Cícero e Lampião. Só falta Ariano Suassuna”.

Ariano, ao saber do fato, esperou ansioso ao primeiro convite de entrevista, para dizer: “Este jornalista é mesmo um incompetente, pensando em me prejudicar, me comparou a Antônio Conselheiro – um profeta – ; a Padre Cícero – um santo – ; e a Lampião – um guerreiro. Pensando que iria me ofender me elogiou. Eu nem sabia que era tão importante assim.” Risos e aplausos acalorados da plateia.

Somente depois da apresentação, a equipe de Ariano permitiu que ele fosse fotografado. O escritor ainda se dispôs a dar autógrafos aos espectadores interessados. Durante toda a palestra, em virtude da filmagem que estava sendo realizada, foram terminantemente proibidas as fotografias e a confecção de vídeos.

* Matéria especial produzida pelos colaboradores Heitor Amorim Muniz, Paulo Henrique Amorim, Benedito Tavares e Francídio Batista [texto e fotos]

Fonte: Icó é notícia
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