Chegada de fóssil de dinossauro traduz evolução do Museu no Cariri

O mais antigo espécime de dinossauro já encontrado na Bacia do Araripe, no Cariri, retornou à região no último fim de semana, após passar uma década nos estados do Pernambuco e Rio de Janeiro, período em que foi estudado por especialistas da UFPE e UFRJ. A chegada do Aratasaurus museunacionali ao Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, revela um cenário positivo da evolução que o equipamento apresentou desde sua abertura, há 35 anos.

No entanto, a realidade ainda é desafiadora. Pesquisadores do Cariri seguem lutando para que peças descobertas no Ceará, mas que saem para ser estudadas fora, retornem à região como forma de combater o destino ilegal de fósseis e fortalecer esse nicho científico. "A gente tem uma luta constante para deixar o material aqui. Dos cinco dinossauros da Bacia do Araripe, este é o primeiro que volta. Dois estão no Rio de Janeiro e de lá não saem, porque são holótipos, e outros dois na Europa. Esse é o topo da cadeia. São poucos indivíduos, então é muito raro", exalta o paleontólogo Álamo Feitosa, da Universidade Regional do Cariri (Urca), unidade de ensino ligada ao Museu de Paleontologia de Santana do Cariri.

O fóssil foi descoberto em 2008 e, felizmente, fez o caminho legal. Encontrado na Bacia do Araripe, 2 anos depois foi entregue à pesquisadora Juliana Sayão, da Universidade Federal de Pernambuco, especialista em Archosauria, para, em 2017, ser enviado ao Museu Nacional/URFJ, onde foi preparado e descrito. Após esse ciclo, retornou ao Cariri.

Importância
A expectativa de Álamo é que a chegada do fóssil estimule o turismo científico no Cariri, aumentando o fluxo de pesquisadores. Hoje, o Museu Plácido Cidade Nuvens - que conta com 21 holótipos, entre plantas, invertebrados e vertebrados - tem capacidade de abrigar em alojamentos até 12 estudiosos.

"A gente sempre diz: a Bacia está aberta às pesquisas. Queremos receber pesquisadores internacionais e nacionais, mas é justo que os fósseis fiquem no Araripe, já que não só tem um projeto de desenvolvimento sustentável, mas um local adequado para receber peças importantes". Mas, nem sempre foi assim. Inaugurado em 1985, o museu surgiu para tentar "parar a sangria", como Plácido, o fundador já falecido, definia a saída clandestina de fósseis da Bacia.

Evolução
Para alcançar o status atual, a Urca começou, em 2005, um processo de qualificação de seus profissionais, em mestrado e doutorado. Além disso, foi criado um núcleo de pesquisa, escavações paleontológicas e divulgação deste trabalho. São cinco pesquisadores vinculados ao Museu de Paleontologia e mais de 30 colaboradores. O prédio também conta com uma biblioteca temática com mais de 5 mil títulos e laboratório moderno de preparação e descrição das peças. "Até o fim dos anos 1990, não tínhamos condições de albergar um material importante. Hoje temos. Desde quadro técnico à estrutura física", acredita Álamo.

O diretor do Museu de Paleontologia, Allysson Pinheiro, reforça que o equipamento tem condições adequadas para abrigar este material, e avaliou que o espaço ganha importância com a presença de holótipos. "Isso é emblemático. Mostra o reconhecimento da comunidade científica pelos seus pesquisadores. Esse material vem reforçar isso", detalha.

Por Antonio Rodrigues

Fonte: Diário do Nordeste

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