Disparidade de preços nos postos do Cariri gera desconfiança

A diferença do preço dos combustíveis entre postos do Crajubar, em apenas um litro de gasolina, pode chegar a até R$ 0,32, já que é vendida pelo preço mais baixo de R$ 3,38, enquanto há postos que comercializam o produto por até R$ 3,70. O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos) alerta para essa realidade de mercado que está sendo praticada, com a venda em bomba por preços de custo para os donos de postos, e diz que é no mínimo preocupante, inclusive para o consumidor, esse valor atualmente praticado pela minoria, pode ser o barato que mais na frente sairá caro, podendo comprometer os veículos.

A maioria dos proprietários de estabelecimentos não consegue baixar os preços para chegar ao patamar de menor custo que vem sendo ofertado. Eles afirmam que tem sido difícil se manter diante da concorrência, mas ressaltam a qualidade dos seus produtos, que normalmente trazem a bandeira da empresa na qual adquirem o combustível. Muitos até admitem que, por se tratar de preços bem abaixo da maioria dos postos, os consumidores devem ficar mais atentos, pois podem estar comprando um produto "genérico".

Qualidade
Os donos de estabelecimentos que repassam os produtos mais em conta atestam a qualidade da gasolina. Eles até realizam testes e fazem demonstrações para os clientes. É o caso de Mateus Brasil. Ele disse que está disponível sempre para realizar a checagem, acompanhado de uma tabela com os parâmetros exigidos, para garantir o combustível que está comercializando. Caso gere alguma diferença, é comunicado ao fornecedor.

Mas, segundo o assessor do Sindipostos, Antônio José Costa, o mercado é livre e cada um pode marcar o seu preço. No Cariri, a média de custo da gasolina tem sido entre R$ 3,55 e R$ 3,69. Para o Sindicato, os cuidados devem estar relacionados quando há maiores disparidades, que por exemplo estejam acima de R$ 0,15.

Há componentes que podem estar inseridos no combustível, conforme Costa, comprovados apenas em laboratórios, como os solventes, capazes de comprometer o motor do veículo.

Nesse caso, os testes eram realizados no Estado apenas nos laboratórios da Universidade Federal do Ceará (UFC), por meio de Agência Nacional de Petróleo (ANP), mas os convênios foram suspensos.

A venda com pagamentos em dinheiro tem sido a meta para manter as promoções. Um dos postos, em Crato, consegue ter os preços reduzidos, além da gasolina, a R$ 2,38, do etanol a R$ 2,55, e do diesel, de R$ 2,84, e ainda o mesmo valor da gasolina aditivada e comum, de R$ 3,38. Uma placa enorme anuncia no local a promoção permanente, e as filas de carros abastecendo são frequentes. A manutenção do preço, conforme os proprietários, depende justamente dessa grande quantidade de clientes.

O que tem facilitado a comercialização da gasolina mais em conta tem sido a venda à vista ou mesmo em débito no cartão. Mateus Brasil afirma que, além das promoções que tem feito em seu estabelecimento, que comercializa a gasolina a R$ 3,38, o preço mais em conta que tem sido praticado na região, conseguiu negociar com a distribuidora melhores condições para poder repassar ao consumidor final. Ele chegou a usar como promoções para melhorar os abastecimentos o sorteio de motocicletas, até que obteve a alternativa da redução no preço do produto. O mesmo não acontece com os outros tipos de combustíveis no local. De acordo com a gerente de posto em Juazeiro do Norte, Maria Quezado Peixoto, os cálculos dos combustíveis são feitos de acordo com o repasse por parte do distribuidor. Antes, os preços eram tabelados pelo governo, e hoje pode haver maior negociação. Ela afirma que os produtos têm a ver com a qualidade, e esse tem sido um dos cuidados do seu estabelecimento. "Não é fácil sobreviver no mercado, justamente por conta da concorrência que hoje se encontra de forma bastante diferenciada", diz. No seu estabelecimento, a gasolina chega a custar R$ 3,69.

O empresário Fernando Lacerda, proprietário de posto de combustível em Crato, afirma que normalmente as empresas com bandeiras, como a BR, por exemplo, têm comercializado seus produtos praticamente no mesmo preço, mas atestam a qualidade do produto, até pela sua origem.

Procedência
Quanto aos combustíveis que vêm sendo comercializados no mercado a baixo custo para o consumidor, para ele não se sabe de onde vêm em sua maior parte e muitos postos chegam a ser abastecidos pela madrugada. "É estranho que sejam poucos que ofereçam essa margem tão grande em relação à maioria dos postos da região", diz ele.

Tem empresas que estão comprando a gasolina, segundo ele, a um preço bem inferior, com a margem mínima. Chegam a adquirir o produto em leilões, em Recife (PE), ou até mesmo em Salvador (BA). "Com é bandeira branca, trazem sem pagar o imposto estadual", explica Fernando Lacerda.

Os caminhões que fazem as entregas dos combustíveis mais em conta normalmente não seguem os padrões das grandes empresas fornecedoras. "Na verdade, ninguém sabe mesmo a origem desses combustíveis, mas não digo que são adulterados", afirma ele. O comércio, diante dessa realidade, segundo Fernando, acaba sendo um pouco desleal, já que o seu produto, como em muitos postos na região, é adquirido por um preço praticamente na mesma base, e a margem de lucro para todos fica praticamente nos mesmos patamares. É uma realidade que muitas pessoas, conforme ele, acusam de cartel, mas não segue por esse caminho. Isso acontece por conta da compra por um preço aproximado.

E os consumidores aproveitam enquanto podem comprar a preços bem inferiores aos outros estabelecimentos, alguns deles levando até tambores de plástico para serem abastecidos. O funcionário público, Joceildo Leite, residente em Juazeiro do Norte, desde que soube da promoção, vem aproveitando para dar uma aliviada no bolso.

Ele afirma que inicialmente ficou meio desconfiado com o preço, mas seguiu a opinião de alguns amigos e passou a abastecer no Município vizinho, quando vai trabalhar na cidade.

Já o construtor, Edilson Gomes de Lima, afirma que, durante a semana, o consumo tem sido alto com o seu trabalho, e aproveita para levar ao distrito de Palmeira, em Crato, uma boa quantidade de gasolina. A sua economia chega a ser de até R$ 200 por semana. E os consumidores afirmam que até o momento não tiveram problemas com os veículos.

Mais informações
Sindipostos
Av. Eng. Santana Júnior, 3000
Cocó
Fortaleza
Telefone: (85) 3244-1147

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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