Crato (CE): Tradição das lapinhas se mantém forte na região

A tradição das lapinhas é considerada forte no Cariri e continuará por muitos anos. No Crato, as mais representativas são a da mestre de cultura, Zulene Galdino, na vila Novo Horizonte, e da Mãe Celina, no bairro Muriti, tendo à frente à mestre Mazé de Luna, que traz um legado familiar, conservando a tradição dos grupos de reisado e lapinha vida. É uma história, conforme folcloristas da cidade, a exemplo de Cacá Araújo, que vem de longe, desde os tempos medievais.

As encenações dos grupos são realizadas com um roteiro de apresentação das personagens, além dos cânticos tradicionais de saudação ao menino Jesus. Para a mestre Zulene, o trabalho vem desde o seu pai, que incentivava as brincadeiras, como forma de levar a alegria do Natal para as pessoas, envolvendo a inocência das crianças. E as superstições também estão presentes nesse trabalho.

A apresentação em que o menino Jesus chora é sinal de bom inverno, diz a mestre Zulene. Ela reúne crianças, em sua maioria, do seu bairro. As lapinhas, para a mestre da cultura, têm uma diferença em relação aos seus personagens e ao número deles. Cerca de 30 crianças e adolescentes, do município do Crato, fazem a encenação. Para Zulene, essa é uma forma de não apenas mostrar o aspecto verdadeiro do Natal, contando a história do menino Deus, mas um momento de alegria, que deve ser levado a todos. Mantendo uma tradição aos moldes mais antigos, sem criar personagens diferenciados, e de uma forma simples, ela alerta para o consumismo das pessoas, destacando a importância de levar a mensagem de Jesus menino para a população.

Para ela, esse período merece reflexão. A mestre da cultura participa esta semana do Encontro Mestres da Cultura, em Limoeiro do Norte. Ano passado teve a oportunidade de levar alguns componentes de sua lapinha. "Uma oportunidade de sempre reafirmar a importância de manter essas tradições, na sua originalidade", diz. O trabalho é árduo, mas compensador, pela simplicidade e brilho. Até o Dia de Reis, os grupos se organizam para queima das lapinhas. É uma data inspiradora, já que as pastorinhas se despendem das festas. Mas, no Nordeste, um momento de grande significado, enraizado na cultura do povo.

Para Zulene Galdino, as apresentações das lapinhas é uma celebração da chegada do menino Deus ao mundo. Ela lembra que na sua infância sequer sabia da existência de Papai Noel, um personagem que muitas vezes acaba sendo o mais lembrado por algumas pessoas. "Mas o brilho da festa mesmo é Jesus". As apresentações acontecem de frente aos presépios natalinos, em uma louvação dos pastores. Nas renovações, e eventos culturais da região. A tradição das lapinhas vivas vem sendo seguida, principalmente no Nordeste.

Mais informações
Lapinha de Zulene Galdino
Rua Marechal M. de Morais, 81
Novo Horizonte
Crato - CE
(88) 3586.2056

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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