Barbalha (CE): Penitentes perpetuam tradição

Velas acesas e orações em forma de cânticos. É dessa forma que grupos de penitentes da região do Cariri mantém viva a tradição secular neste período da Semana Santa. Na noite de ontem, os fiéis saíram em procissão, pelo centro histórico, ressoando benditos das incelenças. Conforme a tradição cultural, durante o percurso, os penitentes saem com velas ou tochas acesas. Antes, porém, em frente à Igreja do Rosário, alguns devotos realizaram ritual de autoflagelação para, em seguida, rezarem um terço.

O agricultor Cícero Jerônimo de Sousa, 43, realiza as penitencias desde os 12 anos de idade. Há 18 passou a realizar o autoflagelo para, segundo ele, "purificar o corpo dos pecados". Para Jerônimo, a Semana Santa é o período de "lembrar o sofrimento vivido por Jesus Cristo e louvar por Ele ter dado a vida por nós". Durante a procissão, Cícero cantou incansavelmente o cântico Martírio de Jesus.

Tradição
O decurião do grupo da cidade de Abaiara, Manoel Cândido Pereira, conta que o grande desafio atualmente é "trazer a juventude para que a tradição não morra". Aos 85 anos, ele sai em procissão há mais de seis décadas e enfatiza que a fé o mantém fiel aos costumes ensinados pelos pais. "Entrei no grupo quando tinha 22 anos e estou até hoje, com muita fé em Deus e no Padim Ciço, e quero ficar até meus últimos dias de vida", conta.

O mais novo dos penitentes tem apenas dez anos, mas já entende bem o significado deste momento. Felipe Alexo dos Santos explica que entrou no grupo no ano passado, por iniciativa própria, e incentivou os primos mais velhos a participarem. "É um momento importante porque celebramos Jesus Cristo. Me sinto contente em participar e no dever de trazer mais pessoas", pondera o garoto.

O secretário de Cultura de Barbalha, Antônio de Luna, ressalta que este momento é uma forma de valorizar a tradição e fortalecer esses grupos. "Nosso objetivo é assegurar a manutenção desta cultura, fazendo com que a tradição seja repassada de geração para geração", pontuou. Ele destacou, ainda, a importância da regionalização dos penitentes. "Hoje temos uma mescla de grupos de várias cidades do Cariri, importante para a troca de conhecimentos e para mostrar a sociedade que a tradição ainda se mantém viva", concluiu.

ANDRÉ COSTA
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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