OPINIÃO: Rafinha foi longe demais - Por: André Bloc*

Até o humor tem um limite aceitável. Pelo menos é o que a Band indica ao afastar o humorista Rafinha Bastos da bancada de apresentação do semanal Custe o Que Custar – o CQC. O estopim foi no dia 19 de setembro, quando o humorista gaúcho proferiu uma indecorosa piada sobre a gravidez da cantora Wanessa (outrora Camargo), dizendo que “comeria ela e o bebê”. O programa de ontem foi o primeiro sem a acidez do humorista gaúcho e pode não ser o último. Rafinha Bastos não fez declarações sobre o ocorrido.

A repercussão negativa acabou envolvendo Marcus Buaiz, marido de Wanessa, que ameaçou processo contra Rafinha e até Marco Luque, companheiro de Bastos na bancada do CQC, que divulgou – via assessoria – uma nota em que reprova o teor da piada do colega. “(...) como pai, entendo e apoio a revolta e a indignação do Marcus Buaiz, um homem que conheço e respeito. (...) Com certeza uma piada idiota e de muito mau gosto”, afirmou Luque, por meio de um comunicado oficial. Já Danilo Gentili, o outro CQC a se manifestar sobre o assunto, escreveu um tweet defendendo Rafinha e dando uma cutucada em Luque, mas apagou minutos depois.

Segundo a colunista da Folha de S. Paulo Mônica Bergamo, a repercussão negativa já faz a Band – que além do CQC, emprega Rafinha Bastos no programa A Liga – cogite abortar o especial de fim de ano apresentado pelo gaúcho. Outro a repercutir negativamente a piada, de acordo com a colunista, foi Ronaldo. O ex-jogador de futebol, que sempre se mostrou disposto a participar das brincadeiras do humorístico, teria procurado a diretoria da TV Bandeirantes para protestar contra a piada de Rafinha – defendendo seu sócio Marcus Buaiz, com quem administra a agência de marketing esportivo 9ine.

Não é a primeira vez em que uma piada de Rafinha repercute negativamente em todo o País. Recentemente o Ministério Público investigava uma denúncia de racismo contra Bastos, após uma piada sobre o estupro de mulheres feias – o que supostamente seria uma apologia ao crime, ao dizer que o estuprador merecia “um abraço”. Desde 2008 no ar, com a criação do programa, Rafinha Bastos se destacou por seu humor politicamente incorreto – usando e abusando do humor negro e sem medo de ofender – e da defesa de causas sociais. O sucesso o levou a ser escolhido em março como o twitter mais influente do mundo, pelo jornal norte-americano The New York Times.
 
* André Bloc é colunista do jornal O Povo

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