Ceará é o 4º do país em aumento de leitos do SUS nos últimos 10 anos

Um levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) aponta que o Ceará é uma das 10 unidades da federação que apresentou aumento no número de leitos de internação no Sistema Único de Saúde (SUS) na última década. Conforme o levantamento, o Ceará é o primeiro do Nordeste e o quarto do país com maior incremento de leitos.

Quando se compara a situação de 2020 com 2011, o estado apresenta um crescimento de 5,87%, o que representa um aumento de 842 leitos. Atualmente, o número absoluto chega a 15.171, enquanto em 2011, o valor era de 14.329.

Os dados do levantamento mostram também que apenas Rondônia, Mato Grosso e Tocantins tiveram aumento proporcional maior que o do Ceará. No Estado, diferentemente de outras unidades da federação, no início de 2020, o número de leitos habilitados para funcionar pelo SUS era superior à quantidade de estruturas do tipo disponíveis em 2011. Na maioria dos outros estados, esse total vinha em queda gradual.

No Ceará, o epidemiologista, professor de Saúde Pública e membro do Grupo de Trabalho de Enfrentamento à Covid-19 da Uece, Marcelo Gurgel, ressalta que “o Ceará foi um dos (estados) que cresceu, mas não foi o maior. Pernambuco aumentou 2.697 leitos, e a população de lá é até um pouco menor que a daqui. A Bahia também aumentou um pouco mais do que o Ceará, mesmo tendo uma população maior do que a daqui. Na pandemia, por exemplo, o Maranhão criou mais leitos que o Ceará”.

Embora a pandemia seja um fator motivador para esse aumento, as estatísticas mostram que não foi o único, já que o número vem crescendo desde 2018. No entanto, a crise sanitária da Covid-19 acentuou a ampliação, pois, entre janeiro e junho 2020, foram garantidos 819 leitos a mais no Estado.

Os cálculos do CFM têm como base as informações do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Os leitos incluídos no levantamento são aqueles destinados a quem precisa permanecer em um hospital por mais de 24 horas. Para o CFM, o aumento em alguns estados está diretamente relacionado à pandemia.

A entidade considera que, por isso, os brasileiros que dependem do SUS estão tendo uma “retaguarda provisória e temporária”. O presidente do CFM, Mauro Ribeiro, diz que a abertura de leitos é um passo importante para tentar equilibrar a capacidade de atendimento e a necessidade daqueles dos pacientes do SUS.

Interiorização das unidades de saúde
O professor Marcelo Gurgel, explica que no início da pandemia o Ministério da Saúde incentivou a criação de novos leitos por meio da Portaria nº 237/SAES/MS, de 18/03/2020. Entretanto, ele destaca que “houve realmente um grande esforço para credenciar leitos de UTI, que é uma carência histórica. A gente vem num processo de desativação de leitos, como o CFM apontou, com hospitais fechando, com leitos inativos, e isso muito tem a ver com o subfinanciamento na saúde. Pagamos muito mal pelo serviço prestado, o que acaba gerando o desinteresse”.

As últimas gestões do Estado também são apontadas por ele como um dos fatores para esse aumento com o esforço de interiorizar as unidades de internação. De acordo com o CFM, 5.906 dos 15.171 leitos estão na capital.

“Nesses quatro últimos governos, o Ceará implantou hospitais regionais, como o de Sobral, o do Cariri, o do Quixadá e um outro em Limoeiro do Norte. Então, dotou o interior com hospitais de alta complexidade, tentando que cada macrorregião de saúde do Estado seja atendida, e expandiu hospitais secundários de média complexidade pelo interior”, reforça.

Para o médico intensivista e coordenador da Central de Regulação das Internações no Estado, vinculada à Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), Mozart Rolim, essa ampliação tem conexão com o aumento dos hospitais terciários. No rol das ampliações está o Hospital Regional do Vale do Jaguaribe, previsto, afirma ele, para ser inaugurado até o final do ano ou em 2021.

“A gente fecha as cinco maiores regiões que estão no nosso planejamento. Desde que o Dr Cabeto assumiu, estamos discutindo a plataforma de modernização. Poder levar complexidade às regiões que precisam. Além disso, existe a reestruturação dos hospitais polos”, acrescenta.

Questionado se já há planejamento da incorporação total ou parcial de leitos criados para a crise da Covid, o que segundo o CFM é uma mudança para a assistência hospitalar que pode assegurar melhor atendimento para brasileiros com outros agravos de saúde, Mozart afirma que “vamos lutar pelas habilitações dos leitos para que possamos mantê-los”. Para isso, relata ele, é preciso o Estado “entrar junto para financiar esses leitos”.

O médico ressalta ainda que alguns foram construídos para serem contingência. Portanto, “nós precisamos ver se eles se adequam às normas. O que for adequado, o Governo vai tentar incentivar para que continue sim”. A ideia, segundo ele, é manter as estruturas para atender os chamados pacientes “não Covid”.

Fonte: G1 CE

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