Lula defende democracia, critica ingerência dos EUA e alerta para fome e crise climática na ONU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu nesta terça-feira (23) a 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), reafirmando a defesa da democracia brasileira e condenando “medidas unilaterais e ingerências externas” no país. Em discurso firme, Lula destacou que a soberania nacional é “inegociável” e fez críticas indiretas aos Estados Unidos pelas sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e autoridades brasileiras.

Defesa da democracia 
Lula afirmou que o Brasil deu um “recado ao mundo” ao responsabilizar judicialmente, pela primeira vez em 525 anos, um ex-chefe de Estado por atentado contra a democracia, em referência à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis”, afirmou o presidente, sendo aplaudido pelos presentes.

Segundo Lula, “a agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável” e não pode ser tolerada, sobretudo quando apoiada por forças internacionais.

🍽️ Combate à fome e desigualdade 
O petista comemorou a saída do Brasil do mapa da fome em 2025, mas alertou para o cenário global: 670 milhões de pessoas ainda passam fome e 2,3 bilhões enfrentam insegurança alimentar.

Lula defendeu maior solidariedade internacional e cobrou medidas concretas:

  • Redução dos gastos militares;
  • Aumento da ajuda ao desenvolvimento;
  • Alívio da dívida externa dos países mais pobres;
  • Criação de padrões mínimos de tributação global para que “os super ricos paguem mais impostos que os trabalhadores”.

💻 Regulação digital e proteção dos vulneráveis 
O presidente também tratou dos desafios da era digital, afirmando que as plataformas devem aproximar pessoas e não servir como espaço de disseminação de ódio, misoginia, xenofobia e desinformação.

Segundo ele, regular o ambiente virtual não é restringir liberdade de expressão, mas garantir proteção aos mais vulneráveis contra crimes como tráfico de pessoas, fraudes e pedofilia.

🌱🔥 Crise climática e COP30 
Na parte final de seu discurso, Lula alertou para o agravamento da crise climática e lembrou que 2024 foi o ano mais quente da história. Ele destacou o papel do Brasil na redução de emissões e reforçou o convite para a COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro.

“A COP30 será a COP da verdade. Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta”, afirmou.

O Brasil, segundo Lula, já se comprometeu a cortar entre 59% e 67% das emissões de gases de efeito estufa em todos os setores da economia.

🇧🇷🇺🇸 Relações com os EUA em tensão 
Esta foi a décima participação de Lula em assembleias da ONU e a primeira desde que Donald Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos, em janeiro.

O encontro acontece em meio ao pior momento das relações bilaterais em décadas. Em agosto, Trump impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e sancionou autoridades do STF como retaliação à condenação de Jair Bolsonaro.

Lula, em resposta, vem reforçando a soberania nacional e criticando a política protecionista norte-americana.

80 anos da ONU 
Encerrando seu discurso, o presidente brasileiro destacou os 80 anos da ONU e defendeu sua reforma para ampliar o espaço das vozes do Sul Global.

“Nossa missão histórica é torná-la novamente portadora de esperança e promotora da igualdade, da paz, do desenvolvimento sustentável, da diversidade e da tolerância”, concluiu.

Por Aline Dantas 

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