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Morre Sebastião Salgado, o maior fotógrafo do Brasil e um dos maiores do mundo

O Brasil e o mundo se despedem de um dos maiores nomes da fotografia documental. Sebastião Salgado, considerado o maior fotógrafo brasileiro e um dos mais influentes da história da fotografia mundial, morreu nesta sexta-feira (24), aos 81 anos, em Paris. A causa da morte, segundo nota oficial da família, foi uma leucemia grave provocada por uma forma rara de malária, contraída em uma viagem à Indonésia, em 2010.

📷 O legado de uma lente humanista
Salgado foi muito mais do que um fotógrafo. Foi um cronista visual das dores, lutas e belezas do planeta, retratando em preto e branco os contrastes da humanidade e a fragilidade da natureza. Seus ensaios fotográficos percorreram mais de 120 países e imortalizaram temas como trabalho braçal, êxodos forçados e florestas ameaçadas.

Ele deixa a esposa e parceira de vida e trabalho, Lélia Wanick Salgado, com quem fundou o Instituto Terra em 1998, dedicado à restauração ambiental da Mata Atlântica, e os filhos Rodrigo e Juliano.

🕊️ Despedida adiada e homenagem póstuma
Salgado estava em Paris e participaria neste sábado (25) da inauguração de vitrais criados por seu filho Rodrigo em uma igreja na cidade francesa de Reims. No entanto, ele havia cancelado sua participação na véspera, citando problemas de saúde. Atualmente, uma retrospectiva de sua obra está em cartaz na cidade de Deauville, na costa norte da França.

🎓 De economista a fotógrafo do mundo
Nascido em 1944 em Aimorés, Minas Gerais, Salgado formou-se em economia pela USP e migrou para a França em 1969, durante a ditadura militar. Lá, trabalhou na Organização Internacional do Café e descobriu a fotografia por acaso, ao usar uma câmera comprada por Lélia. “Os instantâneos me davam mais prazer do que os relatórios financeiros”, dizia.

Tornou-se fotojornalista profissional em 1973 e passou por agências renomadas como Sygma, Gamma e Magnum. Um de seus primeiros momentos de notoriedade veio ao fotografar a tentativa de assassinato do presidente dos EUA, Ronald Reagan, em 1981, em Washington — Salgado registrou 76 imagens em apenas 60 segundos.

📚 Obras fundamentais
Entre suas publicações mais marcantes estão:
  • Outras Américas (1986): retratos da América Latina profunda;
  • Sahel – O homem em pânico (1986): seca e fome na África;
  • Trabalhadores (1993): o trabalho manual em todo o mundo;
  • Êxodos (2000): migrações forçadas por guerras e miséria;
  • Gênesis (2013): um tributo à natureza preservada;
  • Terra (1997): imagens do MST e da luta pela reforma agrária.

🌱 Fotógrafo da humanidade e da terra
A partir dos anos 1990, Salgado passou a dedicar-se à fotografia ambiental, denunciando a devastação da Amazônia e celebrando sua biodiversidade. O projeto “Gênesis” o levou a regiões remotas como o Ártico, Papua Nova Guiné e as Ilhas Galápagos, reunindo imagens que exaltam o planeta em sua forma mais pura.

🎥 Reconhecimento e homenagens
Salgado foi vencedor de prêmios prestigiados como o Príncipe das Astúrias e o Hasselblad, considerado o Nobel da fotografia. Sua trajetória foi imortalizada no documentário “O Sal da Terra”, dirigido por Wim Wenders e seu filho Juliano, indicado ao Oscar em 2015.

🖤 Comoção no Brasil e no exterior
Durante cerimônia oficial no Palácio do Planalto nesta sexta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu um minuto de silêncio em homenagem ao fotógrafo e afirmou: “Certamente, se não o maior, um dos maiores e melhores fotógrafos que o mundo já produziu”.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, lamentou: “Fica um legado de humanidade, respeito pelo próximo e preocupação com o meio ambiente”.

A Academia de Belas Artes da França, da qual Salgado era membro, o descreveu como uma “grande testemunha da condição humana e do estado do planeta”.

🌍 Testemunha do mundo
Do genocídio em Ruanda às favelas brasileiras, da mineração em Serra Pelada às florestas da Indonésia, Sebastião Salgado registrou com empatia e precisão poética as contradições e as urgências do nosso tempo. Seu trabalho, como ele próprio dizia, não era arte, mas um compromisso com a verdade humana.

"Um fotógrafo tem o privilégio de estar onde as coisas acontecem. Tenho sido um emissário da sociedade da qual faço parte", declarou certa vez.

Por Heloísa Mendelshon

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