A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) firmou uma parceria com as empresas Hypera Pharma e Aurisco Pharmaceutical para o desenvolvimento e a produção nacional do medicamento Nusinersena, utilizado no tratamento da Atrofia Muscular Espinhal 5q (AME). O acordo foi assinado nesta quinta-feira (29), durante o Agosto Roxo, mês de conscientização sobre a doença.
A iniciativa integra a estratégia do Novo Programa de Aceleração do Crescimento da Saúde, do Ministério da Saúde, que busca fortalecer a produção local de medicamentos e biotecnológicos no país. O objetivo é reduzir a dependência externa e ampliar o acesso da população a terapias de alta complexidade.
O medicamento já é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2019, mas a parceria deve trazer benefícios adicionais. Além da economia aos cofres públicos, permitirá a criação de uma plataforma tecnológica inédita no Brasil, dedicada à produção de oligonucleotídeos, moléculas que podem ser utilizadas também no desenvolvimento de remédios para outras doenças.
Segundo o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, a estratégia é essencial diante do envelhecimento da população e da necessidade de ampliar a oferta de tratamentos especializados.
“A implementação da plataforma, pioneira na América Latina, reforça o papel da Fiocruz como base científica, tecnológica e industrial do SUS, elegendo como prioridade a inovação que garante o acesso da população a produtos pioneiros”, afirmou.
A diretora de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Rosane Cuber, destacou que o projeto reafirma o compromisso da instituição com a inovação e a sustentabilidade: “Esse projeto demonstra nosso compromisso científico e tecnológico com a ampliação do acesso a tratamentos de ponta”.
Representando a Aurisco no Brasil, Marco Oliveira classificou a parceria como histórica: “Nossa colaboração com a Hypera Pharma, Bio-Manguinhos/Fiocruz e o Ministério da Saúde para garantir um medicamento seguro, eficaz e acessível à população brasileira é um momento histórico para nossa empresa”, disse.
Tecnologia inovadora
O Nusinersena é um oligonucleotídeo antisense (ASO), que atua na produção de uma proteína essencial para a sobrevivência dos neurônios motores afetados pela AME. A partir da parceria, a Bio-Manguinhos/Fiocruz passará a produzir o medicamento integralmente em território nacional, com domínio da tecnologia.
O projeto será implementado em fases, com monitoramento contínuo desde a submissão até a completa internalização da tecnologia. Ao final do processo, a Fiocruz estará plenamente capacitada para a fabricação do fármaco no Brasil, o que representa um avanço histórico para a ciência e a saúde pública brasileira.
Por Heloísa Mendelshon
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