Manter o cérebro ativo pode atrasar o Alzheimer em 5 anos, sugere estudo

Um estudo publicado recentemente sugere que realizar atividades estimulantes para a mente (como ler e montar quebra-cabeças) durante a velhice pode adiar em até cinco anos o aparecimento do Alzheimer – doença neurodegenerativa cujos principais sintomas incluem perda de memória e confusão mental.

A hipótese de que manter o cérebro ativo atrasa a manifestação da demência já havia aparecido em pesquisas anteriores, mas os pesquisadores responsáveis por este estudo quiseram testá-la e investigar a relação entre diferentes níveis de atividade cognitiva e a idade de início do Alzheimer. 

“Eu estava confiante de que uma atividade cognitiva mais elevada estaria associada a uma idade mais avançada do início da demência, mas não tinha certeza do tamanho da associação”, afirma Robert Wilson, principal autor do estudo.

A pesquisa publicada no periódico especializado Neurology analisou 1,9 mil idosos e os acompanhou por um período médio de 7 anos. No momento da inscrição no estudo, os participantes não apresentavam quadros de demência e relataram sua frequência de participação em atividades de estimulação cognitiva por meio de um questionário.

Eles responderam perguntas sobre quanto tempo gastavam lendo por dia, ou com que frequência escreviam cartas, jogavam damas, montavam quebra-cabeças ou faziam outras atividades similares. Os pesquisadores desenvolveram uma escala para medir a pontuação dos participantes no questionário – e classificá-los de acordo com níveis mais altos ou mais baixos de atividade cognitiva.

Os participantes ainda concordaram em realizar avaliações clínicas anuais, e os pesquisadores também coletaram outras informações sobre atividades cognitivas realizadas mais cedo na vida dos idosos – bem como a frequência de participação deles em atividades sociais.

Durante o estudo, 457 dos 1.900 idosos foram diagnosticados com Alzheimer. Os participantes que demonstraram níveis mais altos de atividade cognitiva na velhice desenvolveram a doença em uma idade média de 94 anos. Já aqueles com níveis mais baixos de atividade cognitiva desenvolveram em média aos 89 anos – ou seja, com uma diferença de cinco anos.

Os pesquisadores realizaram uma série de análises para verificar se esses resultados não estavam sofrendo interferência de outros fatores. Eles perceberam que sexo, predisposição genética, níveis de educação e atividade cognitiva no início da vida tiveram pouca ou nenhuma influência em relação à idade em que o Alzheimer aparecia. 

Segundo os cientistas, isso sugere que a atividade cognitiva durante a velhice é o fator mais significativo no desenvolvimento da doença.

“A boa notícia é que nunca é tarde para começar a fazer os tipos de atividades acessíveis e baratas que examinamos em nosso estudo”, disse Wilson. “Nossas descobertas sugerem que pode ser benéfico começar a fazer essas coisas, mesmo aos 80 anos, para atrasar o início do Alzheimer.”

Os mecanismos por trás da ligação entre a atividade cognitiva e o Alzheimer ainda são incertos. 

James Rowe explicou ao Medical News Today: “Pode-se dizer que a atividade cognitiva ao longo da vida retarda os sintomas, mas não interrompe a doença subjacente. Em outras palavras, a atividade lhe dá uma ‘reserva’ que o torna mais ‘resistente’ à presença do Alzheimer no cérebro, permitindo que você funcione melhor por mais tempo”. Rowe é professor de Neurologia Cognitiva da Universidade de Cambridge (Reino Unido) e não esteve envolvido no estudo.

“Os pesquisadores mostraram que, embora a atividade cognitiva não mude a presença ou a gravidade das alterações cerebrais do Alzheimer, seu cérebro consegue lidar melhor com a patologia. A consequência é que o seu declínio funcional (ou seja, perda de memória para uma gravidade que interfere na vida cotidiana) é atrasado”, explica Rowe.

Fonte: Superinteressante

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