Laboratório do Hemoce tem entre 80% e 90% de testes positivos para Covid-19, afirma coordenador

Entre 80% e 90% dos testes para Covid-19 realizados pelo laboratório de emergência do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), em Fortaleza, têm resultado positivo, afirmou o coordenador da unidade, Fábio Miyajima. Há 12 dias, o espaço opera para desafogar o Laboratório Central do Ceará (Lacen), que concentra a maior parte dos exames feitos no estado.

Na manhã desta quarta-feira (22), o número de casos da doença no Ceará passou de 3.800 e o total de óbitos chegou a 227, de acordo com a plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Mais 15 mil casos suspeitos estão em investigação.

Segundo Miyajima, especialista em Ciência, Tecnologia, Produção e Inovação em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz no Ceará (Fiocruz-CE), até a terça-feira (21), o laboratório havia analisado mais de 500 amostras e liberado mais de 400 resultados.

As amostras são “demanda prioritária” do Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ) e de outros hospitais indicados pela Sesa. O coordenador avalia que o índice elevado é esperado porque as amostras são de pacientes já internados com sintomas da doença.

“Inicialmente, do HSJ, uma em cada três amostras dava positivo. Agora, com os hospitais abarrotados e leitos de UTI 100% tomados, temos um índice que está aumentando mesmo dentro dessa amostragem específica. Provavelmente, estamos em vias de atingir o pico da epidemia”, observa Fábio.

Testes negativos
Em caráter de urgência, o novo centro de processamento ficou pronto em uma semana para realizar as análises RT-PCR. Esse é considerado, no momento, o método mais confiável para o diagnóstico da Covid-19. Pela demanda, foi implantada uma escala de prioridade dos testes.

“Se fosse só uma amostra, daria pra pegar amostra de manhã e soltar o resultado à tarde. Na máquina, demora 2 horas, mas o Estado tem uma fila enorme”, afirma Miyajima. “Todos são importantes, mas os casos menos prioritários são colocados no final da fila e podem levar semanas. Não é falta de vontade nossa, é a realidade que estamos enfrentando”.

Mesmo com o nível de detalhamento, o RT-PCR negativo não significa necessariamente que a pessoa não esteja doente. Segundo Fábio, ela pode estar no período de incubação, já recuperada ou contaminada por outros vírus respiratórios, como adenovírus e influenza.

“Se o exame deu negativo, a única coisa que os gestores podem fazer é não internar esse paciente junto com quem tem confirmação de Covid”, recomenda.

Voluntariado
Para dar conta da fila, a equipe do laboratório trabalha sete dias por semana. São 17 pessoas, entre funcionários do Hemoce, residentes de Farmácia do HSJ e voluntários de doutorado da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Fiocruz. “Tem que ter gás e dedicação porque essa é uma causa humanitária”, ressalta Miyajima.

Na leitura do coordenador, a pandemia revela deficiências na produção de insumos tecnológicos e farmacêuticos e na quantidade de laboratórios de referência em todo o Brasil. Para a unidade de emergência do Hemoce, já foram solicitados mais recursos ao Governo do Estado e à Fiocruz.

Incremento nos testes
Miyajima lembra que, em breve, o Lacen e o Hemoce devem ganhar reforço de mais três centros de testagem de covid-19: a Universidade de Fortaleza, o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimentos de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade Federal do Cariri (UFCA).

“A descentralização é absolutamente necessária. Acredito que esses novos centros não estão longe de iniciar. Espero que possam começar rapidamente porque, mesmo depois que o pico passar, a testagem vai continuar por muito tempo. A política mais eficaz tem três pontos: testar em massa, rastrear os casos e tratar a doença”, declara.

Fonte: G1 CE

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