Dino: 'Luto para que Lula e Huck estejam juntos, ao menos no 2º turno'

Em entrevista à BBC News Brasil, governador do Maranhão defende aliança 'envolvendo a esquerda e setores com pensamentos liberais, mais pró-mercado' contra reeleição de Bolsonaro.

Escaldado com a eleição presidencial de 2018, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), não quer que a esquerda brasileira chegue ao pleito de 2022 isolada e tem trabalhado para construir uma aliança desse grupo com setores de "pensamentos liberais, mais pró-mercado".

Em janeiro, ele teve encontros, separadamente, com os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e com o apresentador da Rede Globo Luciano Huck, que não é filiado a partido, mas participa de movimentos que buscam impulsionar novas lideranças políticas como Agora e RenovaBR.

O governador também mantém diálogo frequente com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM).

Em 2018, o PCdoB esteve unido com o PT na corrida presidencial, com Manuela D'Ávila concorrendo a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad. Para Dino, é preciso "extrair lições" dessa derrota, que evidenciou a dificuldade de vitória sem uma aliança mais ampla.

Sua obstinação em juntar lideranças como Huck e Lula, no entanto, parece difícil, já que o apresentador disse no segundo turno de 2018 que "no PT jamais votei e nunca vou votar", enquanto o petista tem adotado um discurso menos moderado que o que lhe permitiu vencer a eleição de 2002 e, recentemente, chegou a comparar a cobertura jornalística da Globo ao nazismo.

Apesar disso, Dino manteve seu tom otimista em entrevista à BBC News Brasil, argumentando que "as pessoas mudam".

"Eu espero e luto para que seja possível em 2022 uma articulação em que, se não no primeiro turno, mas pelo menos no segundo, todos estejam juntos. Eu acredito nisto", afirmou, após ser questionado sobre quem escolheria entre Lula e Huck.

O governador celebrou o fato do apresentador de TV estar se aproximando de agendas tradicionalmente apoiadas pela esquerda. Em artigo recente no jornal Folha de S.Paulo, Huck defendeu que o Estado brasileiro aumentos os impostos sobre grupos de maior renda, amplie a rede de proteção social e priorize a educação pública.

"É preciso ser muito pequeno e não priorizar o país para achar negativo que outras pessoas migrem para posições mais próximas às nossas", afirmou.

"Acredito que o Brasil avançou quando, em outros momentos da vida do nosso país, nós fizemos alianças que envolveram a esquerda e setores que não pensam de acordo com nosso ideário, (com) pensamentos liberais, mais pró-mercado", ressaltou ainda, lembrando os governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Lula, este último eleito com um grande empresário como vice, José Alencar.

Confira a seguir a entrevista, concedida na quinta-feira (13), em que Dino responde também sobre a dificuldade em reduzir a miséria no Maranhão, seu apoio ao acordo com os Estados Unidos para viabilizar o uso comercial da Base de Alcântara, e o debate dentro do seu partido (o Partido Comunista do Brasil) para mudar de nome e reciclar sua imagem.

"Você não pode ficar preso a modelos, paradigmas, de dois séculos atrás e achar que isso dialoga com a realidade, até porque o mundo do trabalho hoje não é feito, graças a Deus, à base de foice e martelo", diz, em referência ao histórico símbolo do comunismo.

Leia a entrevista completa AQUI.

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