Coronavírus: Ceará lidera suspeita de casos no Nordeste

O número de casos suspeitos de coronavírus (COVID-19) em investigação no Ceará chegou a cinco, até a tarde de ontem, segundo a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) e o Ministério da Saúde. Com isso, o Ceará é o Estado do Nordeste com maior número de casos em análise. Rio Grande do Norte (4), Pernambuco (3), Paraíba (1), Alagoas (1) e Bahia (1) também têm ocorrências em investigação. No Brasil, 132 suspeitas são analisadas.

A Sesa já estimava que as notificações iriam crescer no Ceará. Tendo em vista o aumento das suspeitas de infecção, o Plano Estadual de Contingência adotado no Ceará terá atualizações. Dentre elas, a expansão das unidades aptas a receberem os casos suspeitos de contaminação, assim como as possíveis internações.

As informações sobre o aumento dos casos em investigação constam no Boletim Epidemiológico da Sesa, divulgado na tarde de ontem. As possíveis infecções são de quatro pessoas de Fortaleza e uma de Crateús. Dentre elas, há o caso do médico de 35 anos, divulgado quarta-feira (26). Nenhuma dessas pessoas está internada atualmente. Em todas as situações, os suspeitos tiveram histórico de deslocamento internacional para locais com transmissão da doença, conforme a Secretaria da Saúde. Mas os países visitados por estas pessoas, apesar dos questionamentos, não foram divulgados pela Pasta.

Procedimentos
Os casos estão em análise no Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen), em Fortaleza, conforme padrão estabelecido no Estado. Os exames devem apontar se estes pacientes estão com alguma doença que já circula no Ceará, como algum tipo influenza. Caso essa possibilidade seja descartada, as amostras devem ser enviadas para um dos Centros Nacionais de Influenza, são eles: a Fiocruz (Rio de Janeiro), o Instituto Evandro Chagas (Pará), ou Instituto Adolfo Lutz (São Paulo) para confirmar ou descartar a infecção por coronavírus.

Antes do aumento do número de notificações, a orientação da Sesa é que pessoas que tenham vindo de países com transmissão da doença e apresentem febre e algum sintoma gripal, em até 14 dias, se estiverem em Fortaleza e na Região Metropolitana, se dirigissem ao Hospital São José. Com a atualização do Plano de Contingência, essa decisão deve mudar e haverá ampliação das unidades que passarão a receber os casos suspeitos.

Para isso, todas equipes da rede estadual devem ser treinadas para lidar com o material adequado e orientar os pacientes. O Plano de Contingência formulado pela Sesa sob orientação do Ministério da Saúde, dentre outras coisas, estabelece: como deve ser feita a vigilância epidemiológica, as notificações, a coleta para exames laboratoriais, o monitoramento nos portos e aeroportos, bem como quais os critérios que definem as características dos casos suspeitos.

Na rede particular, todas os hospitais, conforme a Sesa, estão preparados para o atendimento dos possíveis casos suspeitos. Para moradores das demais regiões do Estado, as unidades públicas de referência são: Hospital Regional Norte (Sobral), Hospital Regional do Sertão Central (Quixeramobim) e Hospital Regional do Cariri (Juazeiro do Norte).

A Pasta não informou em qual unidade de saúde a pessoa de Crateús com suspeita de coronavírus foi atendida. Em nota, a Prefeitura do município disse que o caso foi notificado quarta-feira (26) e as equipes da vigilância epidemiológica foram até a casa da pessoa, após solicitação da mesma. Ela está em isolamento domiciliar.

Com a atualização dos protocolos, é possível que as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em todo o Estado também passem a receber pessoas com suspeita da infecção. Além do aumento dos equipamentos, a atualização dos protocolos técnicos também deve renovar as orientações de manejo dos pacientes, inclusive com orientação dos equipamentos a serem utilizados pelos profissionais.

Orientação
A Sesa reforça que a melhor maneira de prevenir a infecção é evitar a exposição ao vírus e adotar hábitos simples como lavar as mãos frequentemente com água e sabão, evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas, cobrir com um lenço de papel a boca e nariz ao tossir ou espirrar, e limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.

O infectologista Danilo Campos explica que ainda é necessário entender melhor como o vírus se propaga em climas diferentes e a forma que se manifesta na população. "Em teoria, esses vírus têm maior dificuldade de propagação em ambientes quentes, mas isso é só uma possibilidade, não há garantias que o nosso clima seria protetor", esclarece.

Além disso, ele ressalta que no período chuvoso há maior aglomeração de pessoas em ambientes fechados. No entanto, reitera, a principal recomendação é reforçar a higiene pessoal. "Em épocas do ano em que as pessoas tendem a ficar mais próximas em locais fechados, é claro que a chance de propagação da doença é maior, mas o que teria mais importância (para a propagação) seria o clima frio e seco", diz o médico.

Além do Nordeste, os outros casos suspeitos de coronavírus monitorados pelo Ministério da Saúde estão distribuídos no Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Até o momento, 60 casos suspeitos foram descartados em todo o País, incluindo o do paciente morador de Sobral, no início de fevereiro. No Brasil, há apenas um caso confirmado da doença em São Paulo.

Vacina deve ficar pronta em 3 meses
O coordenador do Centro de Gerenciamento do Coronavírus em São Paulo, o médico infectologista David Uip, afirmou, ontem, que a vacina contra o novo coronavírus, de acordo com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) dos Estados Unidos, estará "pronta para testes clínicos em até 3 meses". Segundo o médico, será necessário saber se a vacina será eficaz na proteção contra a doença e se é segura para uso em humanos.

Segundo o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, a busca pela imunização está entre três medidas que deverão concentrar os esforços do Ministério. São elas: testes rápidos, a busca por um medicamento retroviral, e, finalmente, a imunização. O ministro também reforçou a antecipação da campanha de vacinação da gripe nacionalmente, em um primeiro momento para gestantes, crianças de até 6 anos, e puérperas e em seguida para pessoas idosas acima de 60 anos.

Mandetta ainda lembrou que é necessário não perder "o foco de muitas situações que estão na nossa mão" e relembrou o caso de um bebê morto em razão de infecção do sarampo por falta de vacinação. "Fico imaginando se esse pessoal antivacina, quando sair uma vacina para o coronavírus, se eles vão ficar em casa".

Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial estão prontos para disponibilizar aos países que necessitem os fundos de emergência imediatos para combater o surto, disse ontem um porta-voz. A epidemia afeta também o mundo dos esportes. A partida entre Juventus e Inter de Milão e outros quatro jogos do Campeonato Italiano serão disputados neste final de semana sem torcida. Segundo boletim, 650 pessoas têm o coronavírus na Itália, o país mais afetado na Europa, com 17 mortos.

Por Thatiany Nascimento

Fonte: Diário do Nordeste

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