'Farsa a Jato': Moro vai depor no Senado para explicar mensagens com Deltan

O ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) irá em 19 de junho, às 9h, ao Senado prestar esclarecimentos sobre as conversas com o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol, vazadas no domingo pelo site The Intercept Brasil.

O ex-juiz federal será ouvido na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), onde esteve em março para explicar o pacote anticrime enviado ao Congresso. A data foi definida pela presidente da comissão, Simone Tebet (MDB-MS).

Ao UOL, Simone explicou que Moro tomou a iniciativa de comparecer ao Senado após ser informado que a CCJ inevitavelmente votaria os requerimentos apresentados pelos parlamentares que desejam ouvi-lo. Ou seja, o ministro decidiu se antecipar à convocação do Congresso e se colocar à disposição dos senadores em duas datas possíveis: 19 e 26 de junho.

Para que isso acontecesse, um acordo foi costurado entre os governistas e a oposição no Senado. O líder da minoria, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), foi um dos membros da CCJ que sinalizaram o interesse em cobrar esclarecimentos de Moro.

O alerta para Moro
Simone e Moro estiveram juntos hoje na entrega da Ordem do Mérito Naval --evento da Marinha no qual os dois, entre outros, foram agraciados pelo presidente Jair Bolsonaro.

Segundo a senadora, ela estava atrás do ministro no momento da solenidade e aproveitou a ocasião para informá-lo de que havia um pedido de convocação na CCJ. "Na semana que vem eu teria que pautar esse requerimento, como presidente. Ele foi rápido e claro, e disse que estava à disposição da comissão, que se convidava para ir à comissão", disse Simone.

"Acho que o ministro mostrou respeito com o Legislativo e com a CCJ. Ele poderia esperar nós colocarmos o requerimento semana que vem e dialogarmos com ele. Assim, teria de 15 a 20 dias para marcar uma data, e assim jogar isso para julho. Mas ele achou por bem antecipar", disse Simone Tebet, presidente da CCJ do Senado.

Simone explicou que a audiência com Moro será aberta a todos os 81 senadores que desejem participar, e não somente aos membros da CCJ. Ou seja, é possível que parlamentares com posições críticas mais contundentes ao ministro participem da sessão.

Protesto de deputado
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), leu o ofício em que Moro se convida para ir à Casa durante durante a sessão do Congresso convocada hoje para votar o projeto que autoriza operações de crédito fora da regra de ouro.

O aval para a audiência chegou a ser contestado pelo deputado Paulo Pimenta (RS), líder do PT na Câmara, que pleiteou que o Rodrigo Maia (DEM-RJ), chefe da Casa, fosse ouvido antes.

Alcolumbre, no entanto, alegou que a decisão era constitucional.

No ofício enviado à Mesa, por meio do qual oficializa o interesse de Moro em prestar depoimento, o líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), diz que todos confiam na "lisura" e "correção" de Moro como juiz federal, "refutando as críticas e ilações a respeito da sua conduta à frente da Operação Lava Jato".

Mais cedo, uma visita de Moro provocou tumulto nos corredores ao Senado. Ao deixar o gabinete do bloco, ele teve dificuldades para se retirar e ouviu gritos de "juiz corrupto" e "qual é o seu partido, Moro?".

Presente na reunião com o ministro, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) afirmou que o chefe da pasta da Justiça falou apenas sobre o seu trabalho à frente do órgão, limitando-se a fazer "comentários breves" sobre os diálogos vazados.

Juristas avaliam que o comportamento de Moro seria antiético e põe em xeque as decisões proferidas no período em que esteve à frente da 13ª Vara Federal Criminal.

Fonte: UOL

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