Trilha na Chapada do Araripe oferece visitação acessível para pessoas com deficiência

Nem todo mundo que vai a uma trilha está preocupado em fazer fotos incríveis, seja da paisagem ou mesmo posando diante dela. É o caso de pessoas com deficiência visual, por exemplo, cujos principais sentidos explorados em situações como essa são o tato e a audição.

A verdade é que nós, videntes, acostumados que estamos a olhar tudo por detrás das câmeras dos smartphones, também podemos nos desafiar a viver experiências cuja prioridade não seja o visual. E a Chapada do Araripe oferece essa possibilidade por meio da Trilha dos Sentidos, inaugurada no Sítio Estadual Parque Fundão, no Geossítio Batateiras, localizado no Crato, este ano.

A iniciativa surgiu a partir de uma caminhada que o educador ambiental Alexandre Sinézio realizou com outra funcionária no local de olhos fechados. A mim, ele propôs o mesmo. Por alguns minutos, deixei-me guiar pela rota dos sentidos, sem saber onde estava pisando.

A relação com o guia é de total confiança. Mergulhamos no escuro para sentir, por meio da condução do outro, aquilo que já é natural para quem convive com a deficiência visual.

Cada passo dado sobre os galhos secos caídos no chão, no período mais seco da região Nordeste, aviva a nossa consciência sonora sobre o ambiente em que estamos inseridos.

No percurso, além de cordas para cegos, há placas em braille que indicam os nomes das plantas presentes na trilha. QR Codes, que podem ser lidos com o aplicativo offline Ecomaps, proporcionam mais informações sobre o bioma à disposição.

Ao final, sentados sobre pedras, os visitantes podem ouvir o som de uma queda- d'água que replica o Rio Batateiras, cuja nascente está no sopé da Chapada do Araripe.

Sustentabilidade
A origem da Trilha dos Sentidos fica a alguns passos dali, nas proximidades de um sobrado de taipa (com um andar superior) que pertenceu a um dos pioneiros da consciência ambiental no Cariri, Jefferson da Franca Alencar.

A casa dele também é atração turística no Sítio Estadual Parque Fundão, por guardar um pouco da nossa história com alguns fósseis do período Cretáceo. Construída apenas com elementos da floresta, a residência dá lição de sustentabilidade.

É no local que fica guardada uma cadeira de rodas adaptada para trilhas, a Juliette. Feito para ser usado em terrenos irregulares, o equipamento pode ser disponibilizado para pessoas com dificuldade motora que decidam por qualquer trilha nos geossítios do Araripe.

Diversa como é, a Chapada está pronta para acolher também a nossa diversidade, estimulando todo mundo a viver novas experiências no Sul do Ceará.

Serviço:
Trilha no sítio estadual Parque Fundão
Geossítio Batateiras (Rua José Franca Alencar, s/n, Bairro Seminário, Crato, Ceará)
Visitação todos os dias, de 6h às 17h30, com agendamento pela gerência da Semace Cariri pelo telefone (88) 3102-1288

ROBERTA SOUZA
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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