Perícia será acionada para descobrir causas de incêndio no Crato

Construído em 1904 com engrenagem feita de madeira e tratamento artesanal, o "engenho de pau" localizado no Parque Estadual do Sítio Fundão era movido por tração animal. O equipamento funcionou até 1944, quando houve o declínio da produção de rapadura no Crato. Exemplar único na região do Cariri e tombado em 2013 pela Secretaria de Cultura do Estado, a estrutura se viu consumida pelas chamas do incêndio que queimou aproximadamente 10 hectares da Unidade de Conservação na tarde do último sábado (3).

Numa ação rápida do Corpo de Bombeiros e voluntários da ONG, Aquasis, da APA Chapada do Araripe e da União Protetora dos Animais e Meio Ambiente (UPAMA), cerca de 30 homens combateram o fogo que começou por volta das 13h30 e foi controlado às 20h. No entanto, a perda foi visível. Do Rio Batateira até o engenho, um rastro de destruição ainda incalculável. Por pouco, não foi pior, já que as chamas ficaram a poucos metros da Casa de Visitantes, local também tombado pela Secretaria de Cultura do Estado.

Segundo a diretora do Parque Estadual Sítio Fundão, Rose Feitosa, a perícia ambiental será acionada para descobrir as causas do incêndio e ter noção do prejuízo causado na fauna e flora. "Vamos ver o que é possível fazer para a recuperação e aproveitar o período chuvoso", garante. Por enquanto, a trilha que dá acesso ao engenho e ao Rio Batateira, maior da unidade, está interditada, pois muitas árvores pegaram fogo e correm risco de cair. "A ideia não é afastar a população. A gente vai tentar reaproximar e saber a importância daquele lugar".

No caso do engenho, o fogo consumiu quase toda sua estrutura que era predominantemente de madeira. Restou parte do piso e tração em ferro fundido. Há alguns anos, o telhado já tinha cedido. Recentemente, a direção da Unidade procurou apoio da Universidade Regional do Cariri (Urca) para fazer um levantamento histórico da área para criar um projeto de contenção. O estudo já tinha sido enviado para o Departamento de Arquitetura e Engenharia (DAE).

"Revolta e tristeza profunda", classifica o radialista Ed Alencar, neto de Jeferson Franca de Alencar, responsável por preservar o Sítio Fundão até sua morte, em 1986. Depois de saber do incêndio, Ed foi ver de perto a destruição do local onde viveu ainda criança, quando foi criado por seus avós. "Conhecia essas belezas de perto".

Caatinga e Cerrado
No Parque Estadual do Sítio Fundão, a flora nativa representa os biomas Caatinga e Cerrado, além de conter uma diversidade de animais silvestres. Alguns são mais comuns como saguis, cobras e pássaros, mas raramente alguns veados, tatus e até tamanduás foram vistos por lá.

ANTONIO RODRIGUES
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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