Gleisi ironiza encontro entre Moro e Bolsonaro: 'Viva juízes isentos e presidentes democráticos'

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, ironizou o encontro entre o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e o juiz federal Sergio Moro, responsável por processos da Operação Lava Jato na Justiça Federal no Paraná. Bolsonaro e Moro discutiram na manhã desta quinta (1º) a possibilidade do magistrado assumir o Ministério da Justiça.

Em mensagem nas redes sociais, Gleisi lembrou que Bolsonaro, em discurso transmitido via internet, disse, antes de ser eleito, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), iria "apodrecer na cadeia" e que gostaria de "exterminar os vermelhos". "Viva juízes isentos como Moro e presidentes democráticos como Bolsonaro!", afirmou a senadora.

Sérgio Moro não vê problema em conversar com presidente eleito e considerar seu convite para ocupar um ministério. O presidente em questão falou q Lula vai apodrecer na cadeia e quer exterminar os vermelhos. Viva juízes isentos como Moro e presidentes democráticos como Bolsonaro!
    — Gleisi Lula Hoffmann (@gleisi) 1 de novembro de 2018

Moro viajou ao Rio para se reunir com Bolsonaro. Em Curitiba, no avião que o levou à capital fluminense, o juiz disse que havia uma possibilidade de aceitar o convite para assumir o ministério. Ele acredita que essa poderia ser uma oportunidade de "implantar uma agenda importante para o país, observada a Constituição e os direitos fundamentais", disse ao jornal "Folha de S.Paulo".

"O país precisa de uma agenda anticorrupção e uma agenda anticrime organizado. Se houver a possibilidade de uma implantação dessa agenda, convergência de ideias, como isso vai ser feito...", disse.

A possibilidade de Moro assumir um ministério no governo Bolsonaro já foi alvo de crítica da defesa do ex-presidente Lula, condenado pelo juiz em um dos três processos em que ele é réu na Lava Jato. Em alegações finais apresentadas ao magistrado no processo a respeito de um terreno para o Instituto Lula, os advogados do ex-presidente alegam a parcialidade do juiz com base no convite.

Os petistas devem aumentar a carga de críticas contra Moro se o convite for aceito. Também nas redes sociais, o líder do PT na Câmara, deputado federal Paulo Pimenta, disse que o juiz "atuou na campanha como cabo eleitoral" de Bolsonaro. "Agora fica mais fácil de entender a implacável perseguição da Lava Jato contra Lula, o desespero de Moro para que o habeas corpus para soltar Lula não fosse cumprido, e a decisão para que Lula permanecesse isolado durante a campanha, sem nenhum contato com a imprensa", escreveu.

Agora fica mais fácil de entender a implacável perseguição da Lava Jato contra @LulaOficial, o desespero de Moro para q o Habeas Corpus para soltar Lula ñ fosse cumprido, e a decisão para q Lula permanecesse isolado durante a campanha, sem nenhum contato com a imprensa #LavaToga
    — Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) 1 de novembro de 2018

Bolsonaro indicou
No primeiro dia após ser eleito, Bolsonaro confirmou, em uma série de entrevistas a emissoras de televisão, que pretendia convidar Moro para assumir a pasta da Justiça ou indicá-lo para ocupar umas das vagas do STF assim que houver disponibilidade.

Com a projeção de aposentadoria dos atuais ministros, cadeiras devem ficar vagas no Supremo em 2020 e 2022. Caso aceite ser ministro da Justiça do governo de Bolsonaro, Moro deverá pedir exoneração do cargo de juiz federal.

 Segundo o jornal "Folha de S.Paulo", a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá usar um eventual convite de Bolsonaro a Moro para reforçar, no exterior, a tese de parcialidade do magistrado. A PGR (Procuradoria-Geral da República), porém, já defendeu a conduta do magistrado, dizendo que ele se manteve "imparcial durante toda a marcha processual" em ações da Lava Jato.

Em julho de 2017, Moro condenou Lula à prisão no processo do tríplex. Sua sentença, confirmada em segunda instância, tirou o petista da disputa pelo Planalto. O ex-presidente e seus advogados sempre sustentam que o processo é uma perseguição política.

Lula ainda pode ser condenado por Moro em outras duas ações. Em uma delas, o ex-presidente será interrogado pelo juiz no próximo dia 14 de novembro, em Curitiba. Essa será a primeira vez em que Lula deixará a Superintendência da PF (Polícia Federal) na capital paranaense desde que se entregou, em 7 de abril, para cumprir sua pena a mais de 12 anos de prisão.

A mais recente polêmica envolvendo o juiz e Lula tem relação com o termo de colaboração do ex-ministro de governos petistas Antonio Palocci, o que aconteceu a seis dias do primeiro turno das eleições. Moro é alvo de uma representação no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) movida pelo PT. O magistrado negou que tenha objetivo influenciar a eleição com o termo de delação de Palocci.

Nas redes sociais, a mulher de Moro chegou a comemorar a vitória de Bolsonaro no domingo (28). Rosângela Wolff Moro postou um vídeo em que a imagem do Cristo Redentor faz reverência à campanha de Bolsonaro e com a frase "estamos juntos, Brasil". Na legenda do vídeo, ela diz estar "feliz".

Fonte: UOL

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