Lula diz que não será mais Lulinha Paz e Amor: "dei amor, só tomei porrada"

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta quinta-feira (18) de um ato com artistas e intelectuais na Casa de Portugal, no bairro da Liberdade, em São Paulo. No evento, o petista disse estar "mais maduro" e avisou que não será mais o "Lulinha paz e amor", apelido que ganhou em 2002 quando teve sua imagem suavizada na campanha eleitoral da qual saiu vencedora.

"A minha tranquilidade é infernizar a vida deles", disse o ex-presidente, sem dizer a quem estaria se referindo. "O Lula tá mais consciente, tá mais maduro, e vai fazer as coisas que ele não conseguiu fazer", afirmou, citando a si mesmo em terceira pessoa. "Eu não posso ser mais radical. Mas eu também não posso mais ser o Lulinha Paz e Amor. Eu dei amor pra cacete e só tomei porrada. Eu quero é provar pra eles que não tem jeito de consertar esse país se o povo pobre não estiver incluído na economia desse país".

Entre os presentes estavam a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do PT, o ex-ministro Celso Amorim (PT-RJ), o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro Fernando Haddad, e juristas como Fábio Konder Comparato.

Participaram ainda o ator Aílton Graça, o grupo As Bahias e Cozinha Mineira, o guitarrista Edgard Scandurra (Ira), os cantores Ana Canas, Leci Brandão e Odair José, o escritor Raduan Nassar, a cineasta Laís Bodansky, o rapper Thaíde e o comediante Gustavo Mendes, entre outros artistas.

 É o segundo encontro de Lula com intelectuais e militantes de esquerda nesta semana. Na terça-feira (16), ele participou de ato semelhante no Rio de Janeiro. Hoje pode ter sido ainda o último evento público do ex-presidente antes de seu julgamento em segunda instância no dia 24 de janeiro, no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), pelo caso do tríplex no Guarujá (SP). Sua presença em Porto Alegre, no dia da sessão no tribunal ou mesmo nos dias que a antecedem, é incerta. Ele deve participar de um ato em sua defesa em São Paulo, logo após o fim do julgamento.

"Eu duvido que os juízes que já me julgaram e os que ainda vão me julgar estejam com a tranquilidade que eu estou. Com a tranquilidade dos justos. A tranquilidade dos inocentes", afirmou Lula, mais uma vez reiterando sua inocência. "A única garantia que eu dou para vocês é que eu sou inocente (...). Eu jamais colocaria vocês numa luta dessa se eu estivesse escondendo alguma coisa de vocês".

Dirigindo-se à presidente do partido, Lula pediu mais uma vez para ser o candidato à Presidência da República pelo PT, nas eleições de 2018, "aconteça o que acontecer". "Mesmo se acontecer a condenação, vocês vão ver que a minha tranquilidade vai continuar, e eu vou andar por esse país (...). Eu, companheira Gleisi, quero te comunicar que eu quero ser indicado pelo PT para ser o candidato a presidente", disse.

O julgamento do dia 24 será crucial para o futuro de Lula. Se condenado, o ex-presidente --que lidera as pesquisas de intenção de voto-- pode ficar inelegível e até mesmo ter sua prisão ordenada.

Na primeira instância, o juiz Sergio Moro condenou Lula a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Sua defesa afirma que não há provas dos crimes e que evidências de sua inocência foram ignoradas.

"Oligarquia com medo"
O jurista Fábio Konder Comparato afirmou que Lula está sendo processado, na sua opinião, porque "a oligarquia está com medo".

Para o coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos, o ex-presidente tem sido alvo de perseguição no Judiciário.

"[Os juízes] estão fazendo política de forma escancarada decidindo quem pode e quem não pode disputar eleições", disse o líder, para quem uma ditadura não veste só "farda, mas pode vestir toga também".

Fonte: UOL

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