Ceará é um dos estados mais afetados por clima

Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) analisou impactos dos desastres naturais, como seca e inundações, no crescimento econômico do Estado. O trabalho do analista de políticas públicas do órgão, Víctor Hugo de Oliveira, tem por objetivo fornecer evidências sobre as principais consequências de longo período de estiagem ou ocorrência de cheias na economia regional.

O Ceará, aponta o estudo, é um dos estados mais afetados por eventos climáticos extremos no País. Como cerca de 87% do território cearense estão dentro do Semiárido nordestino, com precipitação anual abaixo de 800 milímetros, apresenta risco elevado de aridez e de seca de pelo menos 60%. Além desses fatores geográficos, é um dos Estados mais pobres e que exibe alta vulnerabilidade social.

Segundo Victor Hugo, os desastres naturais possuem efeitos devastadores para o desenvolvimento humano e econômico. Entre 1995 e 2014, quase metade do total de perdas por eventos climáticos extremos ocorreram no Nordeste brasileiro.

Os desastres naturais podem causar migrações, tanto em países pobres, quanto em países ricos. "Tais eventos também afetam a renda e os gastos domiciliares, bem como impactam no mercado trabalho local", observa o pesquisador do Ipece. Outro impacto é o de manter populações vulneráveis presas à armadilha da pobreza extrema.

O estudo demonstra que os países ou regiões desenvolvidas tendem a experimentar baixas perdas econômicas causadas pelos desastres naturais. O analista Víctor Hugo explica que os eventos climáticos extremos provocam os mais frequentes desastres naturais no Brasil, cujas mudanças climáticas em curso podem intensificar a ocorrência e efeitos de estiagem e cheias.

Nordeste
O pesquisador afirma que o Nordeste do Brasil é uma das regiões do mundo que poderá experimentar uma intensificação das secas, como mostram as previsões do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de 2012.

A seca verificada entre 2010 e 2016 na região demonstrou que o Brasil ainda sofre com a falta de políticas públicas que promovam uma maior resiliência e preparação para estes tipos de desastres. O estudo evidencia que as mudanças climáticas reduziram a produtividade agrícola no Nordeste e apresenta hipóteses que podem resultar em perda de capital humano e financeiro.

O trabalho destaca que, em duas décadas (1992-2012), esses eventos extremos afetaram 4,4 bilhões de pessoas em todo o mundo, levando 1,3 milhões de vidas e gerando uma perda de US$ 2 trilhões.

HONÓRIO BARBOSA
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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