Quem vai pagar a conta do corte de gastos promovido por Temer é você

Dentro do universo das mais de 5 mil agências do Banco do Brasil em todo o País, fechamento da unidade de Novo Oriente, município de 28 mil habitantes no Sertão do Crateús, parece fato de pouca relevância. Para o dia a dia da empresária Maria Lúcia Vasconcelos, no entanto, a saída do banco estatal virou sufoco diário extra – que não é abatido no imposto do fim de cada mês.

A agência de Lúcia, única do município, foi apenas uma das 551 que fecharam as portas no plano de reestruturação anunciado pelo banco após queda das receitas federais. Mais do que números na contabilidade governamental, o corte de gastos virou realidade que vem afetando a vida de milhões de brasileiros.

Com a saída da agência, uma das ações para conter rombo de R$ 145,2 bilhões nas contas públicas esperado para 2017, moradores de Novo Oriente passaram a recorrer a unidade do BB em Crateús. “São quase cinquenta quilômetros, todo santo dia”, diz Lúcia, dona de uma pizzaria no Centro. “Ter um negócio aqui já é difícil. Com toda essa dificuldade, fica quase impossível”, afirma.

As dificuldades se repetem em diversos setores: Correios, universidades, Polícia Federal, obras de infraestrutura e até na saúde. Em Fortaleza, único ponto de atendimento do programa Farmácia Popular mantido pela União já funciona em ritmo de “despedida”.

O programa, que fornece remédios gratuitos ou com preços reduzidos, foi “descontinuado” e fechará portas de suas 367 unidades após o fim dos estoques. Na Capital, balconista afirma que a expectativa é de fechamento total até dezembro deste ano.

“Meta fiscal”
Responsável pela condução da política econômica do País, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) tem defendido a tese de que o contingenciamento, ainda que “remédio amargo”, é necessário para reduzir o déficit nas contas públicas. Ao anunciar último balanço na quarta-feira, destacou a importância de manter a política para reaver confiança do mercado.

O difícil, no entanto, é falar em equilíbrio fiscal diante de quem depende da assistência do governo. Para a beneficiária do Bolsa Família Terezinha Silva, a boataria sobre fim do programa tem gerado apreensão entre os que recebem o benefício.

“A expectativa não é nada boa, já que se fala direto sobre corte. Se isso acontecer, pode ser ruim para todos que recebem”, diz.

Na Universidade Federal do Ceará (UFC), o anúncio de contingenciamento de até 40% nas despesas já começa a afetar alunos. Em entrevista ao O POVO, diversos estudantes se queixaram da redução de bolsas e assistências estudantis nos últimos anos.

Pró-reitor de Planejamento e Administração da UFC, Almir Bittencourt, no entanto, rejeita a tese. “Claro que a situação não é a ideal. Estamos passando pela necessidade de conter gastos. Mas nenhuma das atividades básicas de ensino, pesquisa e extensão está prejudicada. Focamos em uma racionalização de despesas e priorização de alguns investimentos”, diz.

Fonte: O Povo

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