Pesquisa inédita no Cariri relaciona formigas com a propagação de infecções hospitalares

Pesquisa realizada por uma biomédica iguatuense de 22 anos mostrou que as formigas, aquelas bastante comuns em muitos lares, são capazes de transmitir doenças graves, principalmente no ambiente hospitalar. Apesar de o estudo já ter sido realizado em outros centros, é a primeira vez que a pesquisa analisa um hospital da região do Cariri cearense.

De acordo com as informações de Stephanie Martins Bandeira, autora do estudo minucioso, realizado durante um ano, "algumas espécies de formigas encontradas no hospital da cidade do Crato são resistentes até mesmo a antibióticos", o que torna a pesquisa ainda mais relevante, avalia a biomédica.

A principal preocupação da jovem é quanto às infecções hospitalares que podem causar. "As formigas são insetos que possuem uma grande capacidade de adaptação aos ambientes urbanos e de se deslocarem com facilidade. Em ambientes hospitalares, podem ser transportadoras de bactérias, que são as principais responsáveis pelos casos de infecções hospitalares. Elas são tratadas com antibióticos, que, se não forem usados corretamente, levam ao desenvolvimento de resistência bacteriana, sendo necessário antibioticoterapia com fármacos de maior espectro de ação", detalha Stephanie.

Conforme relata, o estudo, realizado em uma das mais importantes unidades hospitalares da cidade do Crato, na região do Cariri, cujo nome não pôde ser divulgado em seu artigo devido a um acordo com a direção do hospital, coletou amostras em diferentes setores, como a copa, cozinha, recepção e na enfermaria. O resultado da análise apontou que o pronto-atendimento foi o local com maior ocorrência dos microrganismos.

"Foram encontrados diferentes perfis de resistência, com maior destaque ao antibiótico amoxicilina, podendo ser explicado pelo fato de a população ter maior acesso a este fármaco, sendo utilizado muitas vezes sem prescrição médica e sem seguir dosagens e período de tratamento corretos, fazendo com que haja o desenvolvimento da resistência bacteriana", acrescenta.

Para Stephanie, o estudo comprova que se faz necessário o desenvolvimento de estratégias para erradicação desses insetos no ambiente hospitalar. A biomédica coletou 32 formigas. As análises das amostram foram realizadas no Laboratório de Microbiologia da Faculdade Leão Sampaio, em Juazeiro do Norte.

Infecções
As infecções hospitalares são causadas por diversos fatores, desta forma, explica Stephanie, é preciso que profissionais da Saúde, juntamente com a comissão de controle de infecção, desenvolvam estratégias para diminuir e controlar esse problema. "É uma problemática que os hospitais precisam lidar com bastante frequência, fazendo, por exemplo, dedetização ou instalando iscas, a fim de que possam amenizar a frequência com que essa formigas habitem determinados locais".

Existem muitos animais que atuam como vetores de doenças, causando patogenias de maneiras direta ou indireta ao ser humano, à medida que a população cresce e o fluxo de pessoas também, alguns problemas aumentam com a falta de limpeza que faz com que ocorra um maior número de doenças e uma maior disseminação de vetores, e, assim, o transporte de microrganismos por meio deles seja maior. "Por isso, é importante que os hospitais fiquem atentos, também, ao lixo produzido. É uma cadeia, uma coisa liga a outra, portanto, para amenizar, tudo deve ser controlado", explica.

Medindo cerca de 2 a 10 mm de comprimento, em média, elas possuem a capacidade de entrarem por qualquer lugar, quaisquer aberturas ou frestas. Essa facilidade de locomoção agrava a possibilidade de transmissão de doenças. Visto ao microscópio, o corpo da formiga possui muitos pelos e cerdas que abrigam centenas de bactérias, ou colônias de bactérias.

"Está comprovado que a presença de formigas é, sim, um risco à saúde, sobretudo em hospitais. Elas são capazes de transportar diversas espécies de bactérias", pontua. O estudo que expôs a gravidade da presença destes insetos em ambientes hospitalares do Cariri ganhou notoriedade e a pesquisa foi publicada na edição de fevereiro/março deste ano da revista científica nacional "Analytica".

ANDRÉ COSTA
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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