Milho do período invernoso chega à mesa do cearense

As chuvas que banham o sertão cearense já começam a dar os primeiros frutos. A colheita de milho e feijão verde para quem plantou mais cedo iniciou e deve ser intensificada a partir da próxima semana nas regiões Sul (Cariri) e no Centro-Sul do Estado. No campo, os agricultores estão animados e otimistas com a possibilidade de uma boa safra de grãos, ao contrário dos últimos cinco anos que foram adversos para a agricultura.

As primeiras colheitas foram provenientes das áreas de plantio favorecido com irrigação. Em seguida, começou a safra dos grãos de sequeiro (aquele que depende exclusivamente da água das chuvas). "Se o inverno continuar como está, será muito bom para a agricultura", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Evanilson Saraiva. "Não há o que reclamar e as chuvas se mantêm desde fevereiro último".

A terra está bem molhada e as culturas de milho e feijão, principais grãos cultivados no sertão do cearense, estão em pleno desenvolvimento. O ciclo de produção do feijão é em torno de 50 dias e, do milho, 90 dias. "Na Semana Santa já teremos feijão verde do plantio de sequeiro", disse o gerente regional da Ematerce, Joaquim Virgulino Ferreira. "O milho totalmente de sequeiro no início da segunda quinzena deste mês".

Animação
As áreas de plantio dos grãos estão bem avançadas. "Quem plantou em janeiro está seguro", pontua Virgulino Ferreira. "De um modo geral, a lavoura precisa de chuva, e esperamos que as precipitações continuem até maio, dentro ou acima da média". Tradicionalmente, a região do Cariri cearense é a que colhe os primeiros grãos oriundos da safra de inverno. Em Brejo Santo, Jati, Missão Velha, Santana do Cariri, Farias Brito, Lavras da Mangabeira e Várzea Alegre, os agricultores estão bem animados com o andamento da lavoura de sequeiro.

Na manhã desta quinta-feira, o produtor rural José Gomes fez mais uma colheita de milho verde, cultivado em janeiro passado na localidade de Varjota, zona rural de Iguatu. "A gente tem um poço que estava secando, com o nível de água baixo, mas deu para iniciar o plantio e desde março que a cultura se mantém com a água das chuvas", frisou. "A colheita está boa". Na localidade de Barra, produtores rurais também fazem colheita de milho cultivado de forma favorecida com irrigação. As espigas são comercializadas para feirantes locais e revendedores que levam para outras cidades, inclusive Fortaleza.

No município de Ipaumirim, os produtores rurais estão satisfeitos com o andamento das chuvas. O nível do lençol freático subiu e os poços estão novamente cheios. Há vários agricultores que vêm produzindo milho mesmo no período de estiagem, graças à irrigação da lavoura. Nesta época do ano, há o aproveitamento da chuva, reduzindo o custo de produção com a energia do sistema de irrigação.

No sítio Ingá, na região de Bananeira, o verde do milharal se mantém firme. A produção alimenta o rebanho bovino e o excedente da lavoura é comercializado para revendedores de espigas no mercado local. Na localidade de Maurícia, zona rural de Cariús, os produtores estão também satisfeitos com o andamento do inverno.

"A gente plantou um pouco mais tarde mas, no fim deste mês, com certeza já dá para começar a colheita de milho do inverno que está bom", disse o agricultor, José Medeiros.

Na feira livre desta cidade, diariamente os consumidores encontram espigas de milho e feijão verde já debulhado, ensacados, para atender à demanda que é sempre crescente. Os dois grãos fazem parte da cesta básica da Semana Santa. Três espigas são vendas por R$ 2,00. Já o quilo do feijão de corda custa cerca de R$ 5,00.

Inflação
Nos próximos dias, esses grãos devem ter o preço dobrado com o início da Semana Santa. Os vendedores seguem a tradição e sabem que há o aumento da muito granda demanda. Mediante o crescimento da procura, os produtos ficam mais caros. "Todos os anos a gente enfrenta a carestia porque os feirantes aproveitam e aumentam o preço de tudo", disse a dona de casa, Carmen Rocha.

O diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Sebastião Alves, disse que a safra de grãos não será maior porque muitos produtores estavam temerosos de ocorrer mais um ano de estiagem, com chuvas abaixo da média. "Desde 2012 que o inverno anda atrapalhado, chuvas fracas e muito agricultor ficou com medo de ser mais um ano seco. Quando viram as chuvas, os produtores decidiram plantar, mas esse cultivo retardado precisa de mais água e só será colhido no fim deste mês".

Ciclo
50 dias é, normalmente, quanto dura o ciclo de produção do feijão com boas chuvas; já o de milho demora um pouco mais, em torno de noventa dias.

HONÓRIO BARBOSA
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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