Motoristas "versus" motociclistas: o que um deveria saber sobre o outro

A guerra entre a turma do guidão e a do volante está nas ruas, e como todas as guerras foi deflagrada por ignorância, falta de lucidez e muita, mas muita intolerância. Especialmente nas grandes cidades do Brasil, quem se vale da motocicleta como meio de locomoção enfrenta um aparente descaso dos que optam pelos veículos de quatro rodas.

Já quem prefere se mover de carro está farto da atitude de muitos motociclistas, que parecem não saber conduzir sem doses cavalares de agressividade e inconsequência. No fim, como em todas as guerras, muitos sofrem, todos perdem e ninguém tem razão.

Diz o CTB (Código de Trânsito Brasileiro) que o grande deve cuidar do menor, e este do menor ainda. Na prática não funciona sempre assim. 

Deveríamos saber que o bom senso é um ingrediente do qual não se pode abrir mão quando o assunto é convívio. Por opção ou obrigação escolhemos viver em sociedade, mas ela exige respeito às diferentes escolhas e individualidades. O pedestre deve respeitar para ser respeitado; o ciclista, saber das qualidades de seu veículo e também de suas limitações.

Porém, nas grandes metrópoles talvez a tarefa mais difícil seja fazer com que um motorista que jamais andou de motocicleta perceba quanto é crítica a condição de pilotagem delas. Duro também será dar ao motociclista que de carro só andou de carona a noção da dificuldade que é dirigir um carro.

Motociclistas e automobilistas são rivais mortais na cena urbana e, infelizmente, esta não é uma metáfora. As fatalidades fazem mais vítimas do lado mais fraco, mas que nem por isso têm maior ou menor razão. Nesta guerra todos temos culpa.

O que o motociclista precisa saber
Do lado de quem pilota motocicletas a primeira coisa é estar convencido que na "briga" coms os carros a parte fraca é ele, que não tem para-choque ou habitáculo para protegê-lo. O confronto, portanto, não vale a pena.

Pilotar cuidadosamente e 100% concentrado são regras básica. Já disse muitas vezes e vale a pena repetir: existem muitos motociclistas experientes e muitos motociclistas arrojados. Infelizmente poucos arrojados têm sorte de virarem experientes.

A consciência de que pilotar uma motocicleta é um exercício de delicado equilíbrio, que exige respeito à máquina e aos limites pessoais, é só uma metade da missa. A outra é lembrar que há mais fatores de risco: os outros, o piso, as intempéries etc.

Regra saudável para todo motociclista é o ver e ser visto. Está atrás de um carro? Busque ficar em um ponto onde você enxergue os olhos do motorista nos espelhos retrovisores. Se você os vê, poderá ser visto. Fugir dos pontos cegos é garantia de sobrevivência.

Ainda sob o tema "ser visto", bato na manjada tecla dos trajes claros, do cuidados maníacos que motociclistas devem ter com o sistema de iluminação de suas motos, com o estado e qualidade dos pneus e com a manutenção em geral.

Reiterando: somos a parte frágil e nenhum aspecto de segurança pode ser desmerecido. "Guerra" entre carro e moto, entre motorista e motociclista, representa perda para todos, mas certamente quem sai mais ferido é quem está ao guidão.

O que o motorista precisa saber
Já os que dirigem carros e jamais pensaram em montar numa moto deveriam ter consciência de que uma motocicleta com um ser humano agarrado a ela não se constitui automaticamente um "inimigo".

A buzinada incômoda, o espelho retrovisor deslocado ou quebrado ou o gesto obsceno feito por alguns poucos imbecis mal-educados não devem servir para a uma injusta generalização.

Nem todo motociclista é um selvagem, mas todos são muito frágeis. Assim, manter distância é uma regra de ouro: por mais que motos passem rente aos carros, a recíproca não pode ser verdadeira, sob pena gerar um grande problema.

Outro pecado comum cometido por automobilistas é a mudança de direção sem a devida sinalização e/ou de modo brusco: quem nunca andou de moto não faz ideia de como é crítica a situação de, imprevista e abruptamente, ter que desviar de uma massa de metal de mais de uma tonelada rumando para cima de você.

Fonte: Coluna O Motociclista/UOL

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