Estradas precárias no CE podem piorar na estação chuvosa

Enquanto o Ceará necessita de um investimento em torno de R$ 2 bilhões para expandir e recuperar a malha viária, o Estado termina o ano com menos investimento do que o aplicado em 2015, que foi da ordem de R$ 1,3 bilhão. Das oito rodovias federais que sofreram intervenção neste ano, apenas um trecho foi concluído, que está localizado na BR-402. Com relação as estradas estaduais, o governo investiu quase igual quantia do que ocorreu no ano passado. Em 2015, os gastos com manutenção e expansão somaram R$ 605 milhões. Em 2016, foi um total de R$ 605,6 milhões.

Além do fato de que os investimentos estão aquém das demandas cearenses, a expectativa é que 2017 seja ainda mais difícil para aplicação na malha rodoviária. A preocupação de gestores e de acadêmicos é que a limitação de gastos públicos, constante da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) Nº 55, que estabelece um teto para os gastos públicos, deverá penalizar ainda mais o setor de infraestrutura, em vista de que o País desponta para que a recessão econômica tenha continuidade.

A defasagem do que se aplica e o que realmente importa para as necessidades do Ceará foi apresentada neste ano com a divulgação da 20ª Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) de Rodovias. O levantamento da CNT avaliou o estado geral da malha rodoviária pavimentada de todo o País, considerando pavimento, sinalização e geometria da via. A Pesquisa da CNT percorreu 3.525 quilômetros no Estado. Em todo o Brasil, foram 103.259 quilômetros analisados.

Apreensão
Para o presidente da Associação dos Prefeitos e Municípios do Ceará (Aprece), Expedito José do Nascimento, o esforço que o Estado vem realizado em manter as rodovias em bom estado poderá sofrer grave revés, não apenas pela queda nos investimentos, mas pela possibilidade de que a malha existente sofra graves erosões com a estação chuvosa. Desse modo, ele diz que tanto a Aprece quanto a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) estão orientando os novos gestores para que permaneçam mobilizados, no sentido de pressionar o governo federal para que serviços essenciais não sejam prejudicados pela crise econômica.

"Nós lamentamos porque tanto esforço feito pelo governo estadual em expandir a malha poderá ter um forte declínio em 2017. Dentre os pleitos que foram atendidos pelos prefeitos, cita as estradas ligando os municípios de Piquet Carneiro e Senador Pompeu e Acopiara e Irapuan Pinheiro. Em Boa Viagem, há uma estrada que teve seus serviços interrompidos há anos.

Prosperidade
Para o professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutor em Engenharia de Transporte, Francisco Heber Lacerda de Oliveira, o que se faz é muito pouco comparado com a prioridade que deve ser dada à infraestrutura rodoviária do Brasil.

"Nenhuma nação consegue prosperar e apresentar um desenvolvimento socioeconômico satisfatório se não priorizar as políticas públicas para a infraestrutura de transportes. No Brasil, como se sabe, o modo rodoviário é o que predomina no transporte de pessoas e mercadorias, e, por isso, a malha rodoviária deveria receber uma maior atenção. Entretanto, o que se tem percebido, ao longo dos últimos anos, diz respeito à falta de planejamento e à aplicação de investimentos pontuais e insatisfatórios diante da demanda existente", salienta.

Heber também avalia a relação entre o Custo Brasil e a situação das rodovias. Ele chama a atenção para o dado de que, em 2016, os custos operacionais no Estado do Ceará foram da ordem de 28% (a média nacional é de 25%). Desse modo, usuários e transportadores estão gastando mais e desnecessariamente em seus deslocamentos.

"Como se sabe, rodovias em condições precárias elevam o tempo de viagem, o consumo de combustível e do frete, geram insegurança com o aumento dos acidentes, desconforto ao rolamento dos usuários e perdas de carga ao transportador, além de uma frequência maior de manutenção dos veículos. Assim, à medida que a situação das rodovias torna-se irregular, aumentam os custos operacionais e, por consequência, o Custo Brasil", ressalta.

MARCUS PEIXOTO
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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