Setembro Amarelo: suicídio pode ser prevenido; saiba como procurar ajuda

Setembro foi escolhido pela Associação Brasileira de Psiquiatria, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, o mês de combate ao suicídio. A iniciativa oferece ações de conscientização no próximo dia 10, em Fortaleza, por meio da Caminhada de Prevenção ao Suicídio que ocorrerá no começo da avenida Beira Mar e seguirá até a 'Pracinha do Estressados', às 16h30min. O evento é promovido pelo Programa de apoio à vida (Provida) e coordenado pelo psiquiatra Dr. Fábio Gomes de Matos. Lá, profissionais de saúde irão orientar a população sobre o suicídio, distribuir panfletos informativos, realizar teste de glicemia e aferição (medir) de pressão.

Psiquiatras, familiares de vítimas e estudantes de medicina e psicologia também irão fazer a distribuição de material gráfico e educativo sobre como agir de forma preventiva em situações de doenças psiquiátricas neste sábado, 3, no mesmo local. O ato também ocorrerá nos próximos dias 17 e 24.

A provida também informou ao O POVO Online que a população cearense pode ter acesso à atendimentos psiquiátricos gratuitos no Hospital Walter Cantídio. Todas as quintas-feiras a partir das 14h, consultas são realizadas no ambulatório de psiquiatria do hospital universitário.

Entenda e previna
A psiquiatra Valéria Barreto Novais explicou ao O POVO Online como os familiares devem agir para atuar de forma preventiva. Segundo a profissional, o suicídio está sempre associado a doenças psiquiátricas, e é importante conhecer os grupos vulneráveis ao atentado.

Para essa identificação, é preciso levar em consideração três fatores de risco, são eles; pessoas com algum tipo de transtorno psicológico, como depressão, transtorno de humor bipolar ou transtorno de personalidade. E também: a perda de algo (status social) ou alguém importante na vida, associado a um terceiro fator, estão pessoas com doenças crônicas e incapacitantes.

“Temos que acabar com esse mito de que a pessoa que quer se matar não diz”, enfatiza a psquiatra, que afirma que é preciso tornar público para que haja uma desmitificação do suicídio. Além de detectar a vulnerabilidade desses grupos, faz parte da prevenção ficar alerta aos sinais. Ela dá dicas: “Essas pessoas começam a apresentar algum tipo de desestruturação no seu equilíbrio emocional, começam a ficar mais caladas, alteração no sono, irritação, pessimismo. Quando acontecem essas mudanças é preciso procurar um profissional”.

“Na maioria das vezes, eles não querem morrer, querem parar de sofrer”, enfatiza Novais sobre a importância da prevenção, já que todo o processo envolve cuidados que podem ser observados e evitados com a atenção dos familiares. “É importante que alguém que tenha tentado se matar, esteja sempre acompanhado, evitar ter ao alcance objetos cortantes, e outros tipos de armas, pois é um momento de desespero e impulso. A pessoa pode tentar e conseguir”.

A psiquiatra conclui sobre a forma de prevenção: “As pessoas que já se mataram, tiveram outras tentativas, e muitas vezes chegaram a procurar ajuda. Isso foi verbalizado e não foi abordado. O profissional tem que perguntar sobre isso, para não perder a oportunidade de salvar uma vida”, disse Novais. Ela acrescenta que ao notar um sinal, o familiar deve procurar imediatamente ajuda para investigar. “É comum que as pessoas queiram esperar, para ver se melhora, mas isso é arriscado. As doenças mentais vão se instalando na maioria dos casos de forma lenta, não é de forma abrupta, é preciso estar atento”, afirma a psiquiatra.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o Brasil é o 8º em números absoluto de suicídio no mundo. A psiquiatra acredita que isso também se deve à negligência da saúde mental no país. “A população não tem acesso na medida que necessita de assistência, a saúde comum está ruim, e a mental principalmente. A lista de espera em hospitais psiquiátricos é enorme, tem hospitais fechando, as emergências e o acesso ao atendimento também, enquanto isso, a pessoa pode se matar”. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Ceará, até julho deste ano foram contabilizados 320 vítimas de suicídios no estado.

Alerta
Valéria Barreto chama atenção para um fato alarmante: o aumento de suicídios em adolescentes. Segundo ela, a taxa já foi bem menor. Segundo ela, ainda não sabe-se ao certo até que ponto isso está associado as mídias sociais, mas é importante ressaltar que, na internet, se colocar em sites de buscas, aparecem várias maneiras de concretizar o suicídio. “A nossa cultura e sociedade tendem a estimular os jovens nesse sentido, de não vivenciar a perda”.

Os pais também precisam observar de forma criteriosa os sinais (citados acima), para não deixar passar despercebido, como apenas um ato de rebeldia, “coisas de adolescente”.

Procure ajuda
No caso de quadros psicóticos, em que o paciente está com delírios, sentindo-se perseguido, ouvindo vozes, é recomendado que seja levado imediatamente a uma emergência psiquiátrica, mesmo que esteja sob o efeito de entorpecentes, já que no centro de saúde ele será medicado adequadamente. Valéria aconselha como lidar em um caso como este. “Mostre que você entende o sofrimento dele. Converse, pergunte o que as vozes estão dizendo, mostre empatia ao momento, entenda, ofereça ajuda. Diga que pode ajudar: ‘Eu vou com você’, isso vai desaparecer”. E enfatiza: “Nunca dizer: Isso é coisa da sua cabeça”.  De acordo com a psiquiatra, essas vozes levam o paciente ao desespero, com comentários desagradáveis, chantagens emocionais e induzindo o suicídio.

Fonte: O Povo

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