Crato (CE): Romaria do Caldeirão atrai milhares de peregrinos

Realizada na manhã deste domingo (25), em Crato, a 17ª Romaria das Comunidades ao Caldeirão do Beato José Lourenço.  O evento foi uma realização das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e das Pastorais Sociais da Diocese de Crato. Este ano, a tradicional romaria traz o tema: “Caldeirão da Resistência: Água nossa de cada dia”, com a problemática da crise hídrica que assola o nosso Estado, e também, articular alternativas sobre as dificuldades relacionadas a falta d’água no semiárido cearense, a fim de compartilhar e debater soluções sobre a preservação e o acesso a água.

Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), esse é o quinto ano consecutivo de seca no Ceará. Entre os meses de fevereiro e maio de 2016, choveu somente 329,3 mm, quando a média esperada era de 600,7 mm, ocasionando uma baixa de 45,2% na média de chuvas para este período. De acordo com estudos da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) que monitora os 153 reservatórios que fornecem água para o Estado, quase todos se encontram com volume abaixo de 30%, e muitos já estão completamente secos na sua totalidade ou no nível morto.

Para o Coordenador das Pastorais Sociais da Diocese do Crato, padre Vileci Basílio Vidal, esse é um momento oportuno para fomentar uma discussão ampla sobre os problemas da escassez de água, tento em vista que a situação é bastante preocupante. “Estamos vivendo uma crise de sustentabilidade, falta água para nossa gente no sertão nordestino. Neste ano a Romaria ao Caldeirão, procura incentivar a campanha pela instituição de políticas públicas de captação, armazenamento e aproveitamento de água das chuvas para consumo humano, dos animais e a produção de quintais, pois a água tem uma dimensão sagrada e não podemos desperdiçar”. Ainda segundo o sacerdote a falta de planejamento e o desperdício estão entre as principais causas da crise hídrica. “O problema não é de escassez de água, mas a falta de responsabilidade social para que não haja poluição das águas, falta de políticas e ações para recuperar os mananciais poluídos, e também falta de um bom gerenciamento para que todos tenham acesso à água de qualidade”, aponta.

A Santa Missa em memória da comunidade do Caldeirão foi celebrada de frente a Capela de Santa Inácio de Loyola, pelo Bispo Coadjutor da Diocese de Crato, dom Gilberto Pastana de Oliveira, acompanhado por sacerdotes de diversas paróquias, grupos religiosos e caravanas, que buscam através da história do Caldeirão e do beato José Lourenço, fortalecer a atuação dos movimentos sociais.

Após o ato eucarístico, foram realizadas apresentações culturais, com grupos de tradição, como as incelenças e grupo de bacamarteiros.

Caldeirão: Uma experiência sustentável
O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto foi fundado em 1926, em terras cedidas pelo Padre Cícero Romão Batista ao beato José Lourenço Gomes da Silva. A comunidade foi estabelecida próxima a uma falha geológica e a um lençol freático que circundava a região, acarretando no acumulo água durante logos períodos. Esse atributo foi essencial para o desenvolvimento do local e para amenizar os efeitos das temporadas de seca, como a do ano de 1932, que levou um grande quantitativo de retirantes à Juazeiro do Norte, para pedir auxílio ao Padre Cícero, que os enviava para o Caldeirão. Um dos grandes méritos do beato José Lourenço, foi aliar os recursos humanos aos ecossistemas do semiárido, promovendo assim, um sistema igualitário e harmonioso, entre os que ali viviam e o meio ambiente.

ANDRÉ COSTA
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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