Crato (CE): Desaparecimento de jovem completa dois meses envolto de mistério

Completa hoje dois meses desde que a jovem Rayane Alves Machado, de 24 anos, foi vista pela última vez na madrugada do dia 19 de março, quando saía do trabalho, neste município. Depois dessa data, não se teve mais notícia de seu paradeiro. “Ela nunca foi de sair muito. Era da casa para o trabalho. Tenho certeza que alguém conhecido deve ter oferecido carona, ela aceitou e depois foi levada para algum lugar”, relata Antonina Alves Machado, mãe de Rayane.

O desaparecimento da jovem está envolto de mistério. Passados 60 dias, a Polícia ainda não tem pistas acerca do que pode ter acontecido. A principal linha de investigação, no entanto, aponta para um provável homicídio, rechaçado prontamente pela mãe. “Tenho certeza que ela está viva. Todos os dias peço a Deus para que ela volte para casa ou para que alguém dê algum informação sobre seu paradeiro”.

O pai, Raimundo Nonato Machado, também acredita que a filha está viva e fez um apelo para encontrá-la. “Só quero minha filha de volta. Todos os dias tenho que ficar inventando desculpas para minha netinha de três anos que fica perguntando pela mãe”, disse emocionado.

Ex-namorado
O escrivão da Polícia Civil do Crato, Francisco de Paula, que integra o núcleo das investigações do caso, informou que cerca de 20 pessoas já foram ouvidas. O ex-namorado de Rayane é o principal suspeito do suposto crime. Ele já foi, inclusive, indiciado na Lei Maria da Penha por crimes passados. Em depoimento, o suspeito se defendeu afirmando que no dia do desaparecimento, ele estaria viajando. A polícia investiga a veracidade da informação.

O delegado responsável pelo caso, Diogo Galindo, explica que o fato de o trajeto realizado por Rayane não possuir nenhuma câmera além de ser pouco transitável, têm dificultado as investigações. Conforme a polícia, várias buscas já foram feitas e nada foi encontrado até o momento.

Após a divulgação do desaparecimento da jovem nas redes sociais, centenas de pessoas se mobilizaram. O maior manifesto aconteceu no início do mês passado e contou com cerca de 500 pessoas, entre moradores, familiares e amigos da vítima. O grupo marchou pelas principais ruas da cidade portando faixas e cartazes, pedindo justiça e defesa da mulher. O protesto foi encerrado em frente a um campo Society, onde a jovem foi vista pela última vez.

Em resposta à violência contra mulher na região, foi lançado no ano passado o Observatório da Violência Contra a Mulher do Cariri, que atua em parceria da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado do Ceará. Segundo o primeiro levantamento realizado pelo órgão, de janeiro de 2005 a janeiro de 2015, foram 186 mulheres mortas, sendo que a grande maioria dos assassinatos foi ocasionado pelo próprio companheiro da vítima.

A presidente do Conselho Municipal de Defesa da Mulher Cratense (CMDMC), Verônica Carvalho, acrescenta que, de acordo com estatísticas ainda a serem confirmadas com a polícia, em 2015 foram 14 mulheres assassinadas e, neste ano, três. A presidente do Conselho explica que ainda não há números que tratem sobre desaparecimentos, no entanto, “é uma realidade bastante presente”. “No mesmo bairro em que mora Rayane, há relatos de outras duas mulheres que desapareceram e, infelizmente, foram achadas mortas”, concluiu.

Saiba mais
De 1980 a 2013, foram vítimas de assassinato 106.093 mulheres. Entre 2003 e 2013, o número de vítimas do sexo feminino passou de 3.937 para 4.762, em cada ano, o que representa um incremento de 21% na década, segundo o Mapa da Violência 2015 divulgado em novembro do ano passado.

ANDRÉ COSTA
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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