Saneamento ainda é desafio para as cidades maiores do CE

A falta de saneamento básico é uma realidade que atinge a maioria dos municípios brasileiros. Há ainda muito que se avançar. No Ceará, as três maiores cidades (Fortaleza, Caucaia e Juazeiro do Norte) têm grandes desafios a superar no serviço de oferta de água tratada, coleta e tratamento de esgotos. Essas cidades integram o novo "Ranking do Saneamento nas 100 Maiores Cidades", publicado pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a consultoria "GO Associados".

O estudo considera os números oficiais do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico do Ministério das Cidades, tendo como ano base 2014 e refere-se à oferta de água tratada e coleta de esgoto. Quando analisados esses dois indicadores, os maiores desafios estão em Juazeiro do Norte, na região do Cariri cearense.

Segundo a pesquisa, Juazeiro do Norte ocupa a 95ª posição entre as 100 maiores cidades. No município, 82,42% da população tinha, em 2014, acesso à água tratada, mas uma importante parcela da população (78%) não tinha acesso às redes de coleta de esgotos. Outro indicador que ajuda a explicar o atraso do saneamento básico é que, na média dos cinco anos analisados (2010 a 2014), menos de 5% do valor arrecadado foi reinvestido nos serviços - muito abaixo da média nacional que foi de 23% no mesmo período para as 100 cidades. O índice de perdas de água potável no processo de distribuição foi elevado, 55,81% (contra uma média nacional de 36,7%). Na maioria dos casos, as perdas são resultado de vazamentos, roubos e ligações clandestinas, erros ou falta de medição, entre outras causas.

Em Caucaia, que ocupa a posição de número 71 no ranking, 67,58% das pessoas tinham acesso à água tratada e apenas 31,10% eram atendidas por coleta de esgoto. O fato positivo é que os investimentos em saneamento básico entre os anos de 2010 e 2014 superaram a arrecadação com os serviços, o que mostra que houve adição de recursos complementares por parte da empresa operadora.

Os estudos mostram, entretanto, que o município registrou alta perda de água potável no sistema de distribuição de água, 43,38%. Já em Fortaleza (69ª posição), em 2014, havia 84,22% de sua população com acesso à água tratada, mas ainda menos da metade (47,50%) com acesso à coleta e tratamento dos esgotos. Um ponto positivo é que, na média, entre 2010 e 2014, a cidade investiu em água e esgotos 30,29% do que arrecadou, índice superior à média das 100 maiores cidades (23%). O índice de perdas de água potável no sistema de distribuição estava em 45,73%, o que também mostra a necessidade de investimentos específicos para reduzir a perda por vazamentos e por ligações clandestinas.

O levantamento aponta que no Estado há um alto índice de ociosidade das redes de água e esgotos, isto é, as redes estão instaladas nas ruas, mas os cidadãos se recusam a conectar suas casas. Estima-se que há cerca de 170 mil ligações ociosas. De acordo com os sanitaristas, a falta de coleta de esgoto gera doenças e poluição ambiental, prejudicando muito a saúde das pessoas e a prestação regular dos serviços.

Responsabilidade
O secretário de Infraestrutura de Juazeiro do Norte, Rogeres Macedo, esclareceu que os investimentos em saneamento básico são responsabilidade da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), e não do Município.

Por sua vez, a Cagece informou, por meio de nota, que tem realizado ações com meta na universalização dos serviços de água e esgoto nos municípios atendidos pela Companhia. Até 2018, pretende investir cerca de R$ 580 milhões em abastecimento de água e esgotamento sanitário no Ceará. Desse total, R$ 226,7 milhões serão destinados a melhorias e implantação de redes coletora de esgoto. Frisou, ainda, que saneamento básico inclui, além de esgotamento sanitário e abastecimento de água, drenagem urbana e coleta de lixo, não realizados por ela.

HONÓRIO BARBOSA
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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