Por que ficamos tão chateados quando uma celebridade morre?

2016 já trouxe diversas perdas no campo das artes. O mundo se despediu de David Bowie, Alan Rickman e, mais recentemente, de Prince, que foi encontrado morto dentro de um elevador em sua casa na última quinta-feira (21). Mas afinal, por que sentimos tanto a morte de pessoas que, muito provavelmente, nunca conhecemos? A emoção pode até causar estranhamento em quem não compartilha da mesma tristeza, causando enxurradas de comentários nas redes sociais, como se o sentimento fosse "insincero".

Mas há realmente uma razão psicológica para lamentarmos tanto a morte de celebridades. Michael Brennan, um sociólogo em entrevista para o site QZ, explica que "fãs lamentam não apenas a perda da celebridade, mas outros aspectos de suas vidas pessoais que se relacionam com a pessoa famosa". Quem chorou pela perda de David Bowie não sentiu tristeza apenas pelo falecimento do cantor, por exemplo, e sim por todos os momentos em que a obra de Bowie foi importante em sua vida.

Brennan explica que quando ouvimos música — especialmente nos primeiros anos da vida adulta —, somos mais propensos a formar memórias fortemente ligadas às canções. Quando pensarmos na música desses artistas no futuro, refletiremos sobre relacionamentos, sonhos e até arrependimentos do que nunca aconteceu. "Ao entrarmos no luto por uma pessoa famosa, os fãs também estão em luto pela perda de relações pessoais, pela perda de algo dentro de si mesmos, de suas memórias", escreveu o sociólogo.

A morte de uma celebridade também nos lembra da nossa própria mortalidade. "Você também pode morrer sozinho e dentro de um elevador, não importa quão rico ou talentoso seja", explica Hamira Riaz, uma psicóloga baseada em Londres.

Em outro ponto de vista, talvez um tanto mais cínico, a Scientific American aponta que há também um fator "cosmopolita" em homenagear a celebridade em suas redes sociais. Ao compartilhar links ou twittar a respeito da morte de um artista, mostramos que sabemos o que está acontecendo no mundo. Brennan, contudo, reforça que a presença de artistas — cantores em especial — nas nossas vidas realmente deixa marcas profundas. "Isso não desvalida as reações de luto que indivíduos podem sentir, e sim sugere o poder da mídia moderna", explica. Somos tão bombardeados pela presença de celebridades em nosso cotidiano que a perda é, de fato, real.

Fonte: Galileu

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