Juazeiro do Norte (CE): Saneamento é o 6º pior do Brasil

Cidades do Cariri são apontadas com os pires índices de saneamento do Estado. A situação mais preocupante é a deste município, que se encontra no 6º lugar no País nos indicadores negativos.

Por conta disso, técnicos, pesquisadores, Ministério Público Estadual e Igreja Católica, estão realizando trabalho de conscientização. Na última semana, aconteceram encontros comunitários "Casa comum, mais saneamentos e menos mosquito: nossa responsabilidade".

Além de levar informações sobre a realidade regional, está sendo enfocada a necessidade de avanços na área, expondo a necessidade de maior responsabilidade do poder público e da própria sociedade. Após essa etapa, há a perspectiva de uma atuação de responsabilização civil, com fiscalização mais efetiva.

Pesquisa
Para se ter uma ideia, municípios como Juazeiro do Norte, com maior área urbana da Região Metropolitana do Cariri (RMC), está com um dos piores índices de rede interligada, mesmo com 37% de sistema interligado da rede coletora, segundo a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), chega uma média de 50% dessas ligações efetuadas nas residências.

Bairros que se expandiram nos últimos dez anos, como o São José, estão sem saneamento. A cidade de Barbalha tem a maior rede de esgotamento interligada da região, mas um número mínimo de casas inseridas no sistema. A gerência regional da Cagece está em 22 municípios do Cariri.

Na pesquisa, realizada pelo Instituto Trata Brasil, em parceria técnica com a consultoria GO Associados, constatou, a partir de dados repassados de 2014 pela companhia, com levantamento do órgão, que Juazeiro do Norte foi inserido entre os seis piores índices de saneamento do Brasil. Essa realidade vem preocupando órgãos como o Ministério Público Estadual e foi lançada a Carta Cariri, em 2103, em parceria com órgãos como Instituto Federal do Ceará (IFCE), Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará (Arce), Cagece, o Instituto Trata Brasil e Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh).

Avanço
Nos últimos três anos o gerente da Unidade de Negócios Bacia do Salgado (UNBSA), Galba Batista, afirma que houve uma melhora com a adesão de mais 2 mil moradores da cidade de Juazeiro do Norte ao sistema de interligação de esgotos.

Na cidade, apenas os bairros João Cabral, Romeirão, Centro, Pirajá, Pio XII, Vila Fátima e Salesianos estão com rede interligada. Atualmente o Município conta com uma cobertura de esgotamento sanitário de 60%, mas cerca de 21 mil ligações prediais foram feitas por onde passa a rede, faltando cerca de 16,5 mil.

Segundo ele, o município conta com praticamente a média nacional de interligação à rede coletora, que possui uma média de 40%. Mas a população não tem aderido como deveria, e o gerente coloca essa realidade como um dado muito preocupante. Inclusive colocando os mananciais subterrâneos, que abastecem a maior parte da cidade, em risco de contaminação e possível desuso. Para se ter uma ideia, o abastecimento por meio de poços profundos ou fontes nas três cidades principais da região, Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, chega a 90%.

A meta é avançar no processo, principalmente por conta da redistribuição das águas da Transposição do Rio São Francisco na Região, afastando o risco de poluentes às águas do "Velho Chico". Investimentos estão previstos já para algumas cidades, como Milagres, com R$ 25 milhões, e Mauriti, R$ 17 milhões. Galba Batista afirma que a previsão é que esse projeto estivesse em pleno andamento em outras cidades, como Juazeiro do Norte e Barbalha, neste ano, por conta da chegada das águas do projeto de transposição até o fim do ano, em Jati.

Levantamentos
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2010, dão conta de que 302.423 pessoas convivem com esgoto a céu aberto na RMC, que inclui nove cidades da região. Em Caririaçu, Juazeiro do Norte, Barbalha e Missão Velha os índices são mais preocupantes, superiores a 70%. Mas, 30% dessa população tem disponível a rede coletora de esgoto ou pluvial.

O padre Vileci Vidal afirma que o saneamento está em desvantagem nas gestões públicas e diz que há uma necessidade de cobrar mais dos poderes para que esses serviços avancem. Ele destaca o trabalho da Cáritas, por meio da Campanha da Fraternidade deste ano.

A promotora de justiça Jacqueline Faustino, coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Proteção à Ecologia, Meio Ambiente, Urbanismo, Paisagismo e Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Caomace), participou de uma série de palestras, nessa semana, nas cidades de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Milagres.

De acordo com a promotora, o trabalho do MP é focado na área de saneamento, e vem sendo realizado há algum tempo. A ideia, neste momento, é mostrar a responsabilidade do gestor público, mas também da população. Dependendo do município, essa discussão foi focada no saneamento básico. Os que já têm uma rede coletora de esgotos, num percentual considerável, e, mesmo assim, a população, ainda não vem utilizando esse recurso, ela firma que procurou direcionar a discussão na necessidade de que as pessoas utilizem essa rede.

Mais informações
Cagece 
Rua José Andrade de Lavor, 2615
Bairro Santa Teresa
Juazeiro do Norte

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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