Juazeiro do Norte (CE): Artistas se unem para criação da Central de Artesanato

Uma proposta de construção da Central de Artesanato no Cariri (Ceart - Cariri) será repassada ao governo do Estado. O projeto do prédio foi planejado com inspiração para a cobertura no chapéu do Padre Cícero. O coordenador do Centro de Artesanato de Juazeiro, Francisco Correia Lima, o Francorly, que é xilógrafo e tem sido um articulador do segmento na região, afirma que a proposta será endossada por vários artesãos da região. Na semana que passou, cerca de 200 pessoas do segmento tiveram seus trabalhos certificados pela Ceart, entregues durante o II Seminário do selo Ceart.

Um cadastramento dos artistas está sendo realizado para embasar mais o projeto. Atualmente, são cerca de 1.800 na região, e pelo menos 1.000 deles estão na "Terra do Padre Cícero", reunidos por meio de associações e centros espalhados pela cidade, a exemplo do Centro de Cultura Popular Mestre Noza e Associação dos Artesãos da Mãe das Dores e do Padre Cícero.

Por conta desse grande número de artesãos na cidade, Francorly disse que o projeto será entregue ao Governo, que já tem o conhecimento desse potencial e solicitou um embasamento maior para mostrar a viabilidade para a região.

Viabilidade
Segundo Francorly, há total condição para que essa central seja construída em Juazeiro, pela grande demanda de trabalhos de artistas, com diversas tipologias e técnicas a serem apresentadas para os turistas que vêm à região, além de ser um espaço onde os trabalhadores do segmento poderão estar reunidos. Ele explica que atualmente muitos sequer têm onde comercializar o seu produto. Além disso, seria uma oportunidade de fortalecimento dessa cadeia.

"É muito importante para nós e vai melhorar ainda mais a procura por turistas", diz, ao destacar, também, a importância dos primeiros artesãos da região estarem recebendo o Selo da Ceart. Para ele, uma peça com a qualidade abalizada, já traz consigo uma referência importante, por atender critérios de elaboração e produção.

Demandas
Para Francorly, Juazeiro do Norte é uma referência para o mercado do artesanato em todo o Nordeste, com trabalhos de artistas que saem com frequência da região para mercados da Europa, Sul e Sudeste do Brasil. São artigos e obras de arte que incluem técnicas diferenciadas, segundo ele.

A presença da Ceart no Cariri será um dos espaços importantes, conforme o coordenador, para escoar a produção dos artistas locais e, quanto mais houver esses locais de comercialização e valorização dos trabalhos, melhor ainda. "Temos as associações espalhadas por bairros e Centro, e, se for concentrado em um só local, vai facilitar para que o turista vá até esse ponto", enfatiza o artesão.

Apoio
Francorly afirma que o governador Camilo Santana pediu que fosse feito levantamentos para mostrar a viabilidade da Ceart. O modelo do espaço não poderia ser diferente, trazendo a lembrança de quem iniciou o processo de valorização dos artesãos, o Padre Cícero. "Se demonstrarmos que aqui tem condições, ele irá nos apoiar. Isso é o que esperamos", acrescenta.

A presidente da Comissão de Curadoria da Ceart, Angélica Freitas, proferiu palestra aos artesãos do Cariri durante o seminário, realizado na última quarta e quinta-feira. Ela abordou principalmente os critérios para certificação. Nesse primeiro momento, para que haja a autenticação do produto, é necessário, inicialmente, separar a obra de arte do produto artesanal. Isso, pelas próprias características apresentadas. Uma obra de arte popular tem uma característica de criação livre, onde cada produto é diferente um do outro. Angélica ainda ressaltou que a escolha pelo selo é totalmente voluntária, mas destacou que os produtos para serem comercializados pela Ceart devem estar certificados. Essa será uma forma, segundo Francorly, de o próprio artesão ter mais esmero e estímulo para produzir.

A abertura do seminário, inaugurado no Centro de Artesanato, foi realizada com a presença da primeira-dama do Estado, Onélia Leite. Ao fazer a entrega dos primeiros certificados a artesãos do Cariri, ela abordou o encontro como fortalecimento das ações pelo artesanato no Estado. "A presença do artesão demonstra a confiança no trabalho, ao ressaltar o impacto econômico e social segmento no Ceará", afirma. Ela ressaltou melhorias, com a redução de ICMS, a conquista do selo, que vem agregar valor ao produto, além de investimentos em R$ 4 milhões para cursos de capacitação, além de feiras.

A artesã Isabel Maria Silva, da Associação Xique-Chique destacou a importância do apoio que tem sido dado para a valorização do produto. "É uma oportunidade de fortalecimento diante das dificuldades que temos encontrado atualmente. Com isso, o artesão volta com força para trabalhar", afirma.

A coordenadora do Programa de Desenvolvimento do Artesanato do Ceará, Amanaci Diógenes, disse que o evento traduz concretamente implantação do selo, que significa uma importante conquista e abrirá caminhos, com uma segurança real de atuação do artesão. Segundo a coordenadora estadual, será realizado um trabalho com representantes da região do Cariri, no sentido de estabelecer prioridades para 2016, por meio de planejamento.

Mais informações
Centro de Cultura Popular
Rua Tabelião João Machado, S/N
Bairro Santa Tereza
Juazeiro do Norte
Telefone: (88) 9881-93980

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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