Força-tarefa busca eliminar o Aedes aegypti no Interior do CE

Para combater o Aedes aegypti, transmissor de doenças como a dengue, zika vírus e chikungunya, os governos federal, estadual e municipal se uniram e declararam guerra ao mosquito. As ações estão sendo desenvolvidas em todos os municípios cearenses. Essas ações, conforme explicou Moacir Tavares, coordenador do Comitê Estadual de Enfrentamento ao Aedes aegypti, competem a cada município que repassa informações ao Comitê. "Estamos monitorando diariamente todos os municípios", explica. Até o momento, cerca de 60% dos imóveis do Ceará foram inspecionados, o que corresponde a mais de 1,3 milhões visitas em 45 dias de campanha. Segundo Moacir, até o fim do mês, deve atingir os 80%.

"Temos números bastante expressivos. O Ceará é o quarto Estado que mais visitou imóveis proporcionalmente e o que teve a maior participação do Brasil no Dia Nacional de Mobilização Zika Zero. Mobilizamos 82% dos municípios. O Estado que ficou em segundo lugar mobilizou a metade disso", relata o coordenador. Estão envolvidos nas ações do Estado 22 mil agentes comunitários e de endemias. Somados aos soldados do Exército e voluntários, este número ultrapassa os 30 mil.

Forças Armadas
Em Aracati, na região Jaguaribara, o combate ao mosquito ganhou reforço das Forças Armadas, assim como tem acontecido em vários municípios cearenses. Soldados da Marinha e do Exército estão acompanhando os agentes da vigilância sanitária nas visitas às residências. Segundo o titular da Secretaria de Saúde do Município, Silvano Sena, "100% da área urbana já foi vistoriada". O município conta com 56 agentes de endemias e espera reforçar o quadro de agentes de saúde com aporte financeiro que será enviado pelo governo.

O reforço das Forças Armadas se justifica pelo histórico do Município. No ano passado, Aracati registrou dois casos de febre chikungunya, no entanto, o secretário ressaltou que ambos foram pessoas que contraíram a doença em outros Estados". Segundo Moacir, os homens das Forças Armadas estão sendo direcionados às localidades com maior incidência do mosquito e aos grandes centros. "Nas grandes cidades há uma maior resistência de a população abrir a porta para a entrada dos agentes, por isso a importância do Exército".

Zona Norte
O trabalho de apoio do Exército nas ações de combate ao mosquito nos municípios da região norte, se concentrou em três pontos: Sobral, Camocim e São Gonçalo do Amarante. No primeiro município, 30 militares se juntaram ao grupo de agentes de endemias e iniciaram as visitas ao bairro Expectativa, no sábado (13), logo após a abertura da campanha que mobilizou todo o Estado. O bairro é um dos mais populosos de Sobral, e segundo estatísticas da Secretaria de Saúde local, lá foram registrados 14 imóveis positivos para dengue, do total de 2.219 visitados durante monitoramento do índice de infestação em 2015. O trabalho de campo dos militares segue até a próxima sexta-feira (19), com reforço de mais 15 homens.

Em Camocim, a ajuda veio da Marinha, com cerca de 20 homens engajados às visitas domiciliares, na sede e distritos, que seguem até o fim desta semana. A ação realizada em São Gonçalo do Amarante, também na Zona Norte, teve a presença do ministro das Comunicações André Figueiredo que, ao lado de representantes do Exército, abriu os trabalhos naquele município, no sábado da campanha, quando sede e distritos foram visitados.

De acordo com o coronel do Exército Luiz Benício, o trabalho foi dividido em quatro etapas, com a primeira fase de conscientização da brigada, uma semana antes das atividades, seguida da ação do dia D, mais visitas (terceira fase) e, por último, uma grande mobilização nas escolas.

Problemas no combate
Moacir Tavares lembra, no entanto, que algumas localidades tem enfrentado problemas no combate ao mosquito. Iguatu, na região Centro-Sul do Estado, era um dos 356 municípios para ter recebido reforço do Exército para o combate e ações preventivas acerca do mosquito Aedes, desde sábado passado, Dia Nacional de Mobilização. No entanto, foi somente um representante que alegou falta de base para receber a equipe de militares.

O trabalho preventivo e de combate aos focos do mosquito permanece sendo realizado por 37 agentes de endemias, que fazem visitas domiciliares a cada 60 dias. Além da colocação de inseticida, eles orientam os moradores sobre cuidados básicos e instalam telas em caixas d'água. A Prefeitura está também realizando mutirões em bairros para limpeza de ruas, casas, distribuição de panfletos e colocação de larvicidas.

Segundo o Centro de Controle de Endemias de Iguatu, o índice médio de infestação é de 0,93%, mas há bairros e localidades rurais com taxas mais elevadas. "A nossa preocupação é nas áreas mais críticas", explicou a coordenadora local, Naiane Freire. Foi instalado o Comitê Municipal de Combate ao Mosquito Aedes aegypti que, inicialmente, faz o trabalho em instituições públicas para dar exemplo.

Paralisação
Na cidade do Crato, na região do Cariri os agentes de endemias já deixaram de realizar mais de 160 mil visitas a imóveis por falta de transporte e Equipamento de Proteção Individual (EPI). "A greve obviamente prejudica o combate. Cabe aos prefeitos sentarem com os grevistas e encontrarem uma solução o mais rápido possível", pontua Tavares.

A categoria entrou em greve em outubro de 2015, reivindicando ajuste salarial, que não ocorre há três anos; reposição dos EPIs e transporte para atender a zona rural. Após 117 dias de paralisação, "o governo municipal se comprometeu em fornecer transporte e os EPIs, aumentar a insalubridade de 25 para 40% e aumentar o salário em R$ 150", explicou o presidente da Associação, Israel Alencar. A classe aceitou a proposta.

"Optamos por voltar ao trabalho na quinta-feira (11), há quatro dias todos os agentes vêm à Secretária, mas não há transporte nem os EPIs prometidos na semana passada. É impossível trabalhar dessa forma", pondera Israel. Ele ressalta, ainda, que o pagamento de janeiro, prometido para ser quitado no início da semana, ainda não foi pago.

No sábado, Dia Nacional de Esclarecimento sobre o combate ao Aedes Aegypti, o Município realizou uma blitz educativa, alertando os cuidados a serem adotados no combate ao mosquito. Apesar de considerar a iniciativa "importante" o presidente da Associação ressalta que "para vencer o mosquito, só mesmo com o combate direto. É importante conscientizar e educar a população, mas o fundamental é ir a campo, visitar as casas, aplicar o fumacê e eliminar todos os focos. Infelizmente, 57 agentes estão impossibilitados de realizarem este trabalho", concluiu. Desde outubro, somente 30 agentes de endemias fazem os trabalhos em campo.

O secretário de Saúde, Alexandre Almino, afirmou que os EPIs já foram comprados e a Prefeitura negocia um transporte para atender às áreas rurais. Ainda segundo ele, tudo estará normalizado até a próxima segunda. Almino reconheceu os prejuízos causados pela paralisação, mas garantiu empenho para reverter o quadro. "A partir de agora, realizaremos um mutirão em todos os bairros e na zona rural para alcançarmos, até o fim de fevereiro, algo próximo a 100% das visitas", disse.

ANDRÉ COSTA
COLABORADOR/SUCURSAIS

Fonte: Diário do Nordeste

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