Morre, aos 69 anos, o cantor e compositor David Bowie


O cantor e compositor britânico David Bowie, de 69 anos, morreu no domingo após uma batalha de 18 meses contra um câncer, informou sua assessoria de imprensa.

"David Bowie morreu em paz hoje cercado por sua família após uma corajosa batalha de 18 meses contra o câncer. Enquanto muitos de vocês vão compartilhar essa perda, nós pedimos que respeitem a privacidade da família durante o seu tempo de luto", dizia uma declaração no Facebook de Bowie datada de domingo.

O primeiro-ministro britânico David Cameron twittou: "Eu cresci ouvindo e assistindo ao gênio pop David Bowie. Ele era um mestre da reinvenção. É uma enorme perda."

Bowie completou 69 anos na última sexta-feira, no mesmo dia em que lançou seu novo álbum “Blackstar” (leia a crítica aqui). Para o sucessor de "The next day" (de 2013, seu primeiro álbum em 10 anos, com o qual interrompeu a autoimposta aposentadoria), Bowie pinçou na cena de Nova York um time relativamente jovem de músicos de jazz. O último clipe, da faixa "Lazarus", divulgado um dia antes, mostrava Bowie em uma cama de hospital — “Olha aqui, estou no céu / tenho cicatrizes que não podem ser vistas”, ele canta na música.

Artista completo
"Lazarus" também era o nome de um musical da Off Broadway que contou com a colaboração do artista inglês. O espetáculo é descrito como uma sequência surreal ao seu papel definitivo no longa "O homem que caiu na Terra", estrelado por Bowie em 1976.

Artista multifacetado, ícone da cultura pop, o influente cantor, compositor e produtor se destacou no rock, soul, dance pop, punk e na música eletrônica durante sua eclética carreira de mais de 40 anos. Nesse tempo, lançou 25 álbuns de estúdio.

Bowie também tem em sua currículo uma filmografia respeitável. O inglês atuou em cerca de 30 filmes, com destaque para "Apenas um gigolô" (1978) e "Labirinto - A magia do tempo" (1986), "Fome de viver" (1983), além de "O homem que caiu na Terra" (1976).

Nascido David Jones em Londres em 8 de janeiro de 1947, Bowie adotou o nome artístico em 1966, depois da banda The Monkees Davy Jones chegar ao estrelato. Ele era casado com a ex-modelo Iman, e tinha dois filhos, o diretor Duncan Jones e Alexandria. Tocou saxofone, trabalhou com mímica e passou por várias bandas até assinar com a gravadora Mercury Records.



Personagens
Em 1969, lançou seu álbum "Man of words / Man of music", que contou com "Space oddity", uma canção comovente sobre um astronauta, Major Tom, em uma espiral fora de controle. O avanço artístico de Bowie veio em 1972 com o álbum "The rise and fall of Ziggy Stardust and the spiders from Mars", que promoveu a noção de estrela do rock como alienígena. Combinando o mod britânico com estilos de kabuki japonês e rock com teatro, Bowie criou o andrógino alter ego Ziggy Stardust.

“Sou um ator, interpreto papéis, fragmentos de mim mesmo”, definiu-se em entrevista de 1972 para a divulgação do disco. O personagem icônico marcou o ápice de seu individualismo libertário, que propunha, sobretudo, a “invenção do eu” e a afirmação do indivíduo frente ao deslumbramento com a corrida tecnológica da Guerra Fria.

Três anos mais tarde, Bowie conseguiu seu primeiro grande sucesso nos Estados Unidos com a música "Fame", do álbum "Young americans". Em 1976 o disco "Station to station" alcançou o terceiro lugar na parada americana de sucessos.

Em suas composições, o artista escrevia, acima de tudo, sobre ser um estranho, um forasteiro: ele já se posicionou como um alienígena, um desajustado, um aventureiro sexual e um astronauta distante. Sua música sempre foi vista como uma mistura mutável, com elementos de rock, cabaret, jazz e o que ele chamava de "plastic soul".

Ele também soube captar os dramas e anseios da vida cotidiana, o suficiente para lhe garantir algumas lideranças nas paradas pop, como no hit "Let's dance". Entre outras canções memoráveis de Bowie estão "Let's dance", "Space oddity", "Heroes", "Changes", "Under pressure", "China girl", "Modern love", "Rebel, rebel","All the young dudes", "Panic in Detroit", "Fashion", "Life on Mars" e "Suffragette city".

Influência nas artes visuais, moda e design
Bowie foi além das fronteiras da música e do cinema exerceu influência determinante nas artes visuais, na moda e no design. Referência justamente nestas áreas, o Victoria & Albert Museum inaugurou em Londres, em março de 2013, a exposição “David Bowie is” (David Bowie é/está). Concebida pelos curadores Geoffrey Marsh e Victoria Broackes, a mostra trazia no título “incompleto” uma pergunta implícita: “Quem é David Bowie?”.

Em janeiro de 2014, a exibição chegou ao Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo. O astro mutante tinha seus muitos perfis traçados na exposição. Em 71 dias, a mostra recebeu 80.190 pessoas, melhor média de público do MIS-SP — 1.129 pessoas por dia.

Artistas que influenciaram David Bowie e peças visuais que acompanharam sua música tiveram tanto peso quanto a discografia do artista inglês na exposição. Para dar conta dos movimentos e rupturas da mais multifacetada persona do pop, a mostra apresentava cerca de 300 objetos do Arquivo David Bowie, espalhados por 19 ambientes, em três andares.

Suas constantes reinvenções visuais foram um marco para artistas como Madonna e Lady Gaga. Além disso, sua determinação em se manter contemporâneo apresentou aos seus fãs o funk da Filadélfia, a moda japonesa, a músicia eletrônica alemã e a drum-and-bass dance music.

Fonte: O Globo

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