Escola tem obrigação de ensinar valor moral e ética, diz psicólogo

Muitos defendem ser da família o papel de educar uma criança para viver em sociedade; certo?

Não é o que pensa Yves de La Taille, professor titular do Instituto Psicologia da USP (Universidade de São Paulo) e especialista em psicologia moral. Para ele, ajudar a desenvolver os valores morais e a ética do indivíduo é uma obrigação também da escola.

A questão pode ser polêmica, mas o professor justifica que a escola influencia diretamente a construção de valores dos alunos. Ainda mais em uma sociedade em que a ética está em baixa.

"É preciso contradizer a ideia de que ética e moral são coisas só da família ou da religião", afirma. "A escola precisa ensinar valores, regras e princípios da pré-escola até os anos do ensino médio."

"Se [a responsabilidade] não for da escola, vai ser de quem? Ela vê mais os alunos do que os pais veem os filhos. A sociedade não vai melhorar enquanto a ética e os valores morais não forem desenvolvidos nas escolas. Com a moral fraca [na sociedade], os conflitos e a violência só aumentam [como o bullying]."

Na sala de aula
Para de La Taille, a escola precisa ter duas ideias em mente: em primeiro lugar, a instituição precisa comunicar com clareza quais são seus princípios e suas regras de convívio da instituição. Assim, os professores e funcionários têm parâmetros de como devem agir.

Outra atitude importante é abraçar a discussão em todas as matérias, de maneira transversal. "O professor de história pode fazer isso ao falar sobre a guerra. Levantar os problemas morais e éticos: ela é justa? Isso estimula os estudantes a refletirem sobre os valores morais", exemplifica.

"O trabalho do professor é convencer e não impor", afirma psicólogo. Os valores que costumam ser trabalhados com mais frequência são: direito à justiça, respeito ao próximo, direito à honra. "Como o Estado é laico, a moral é laica e baseada nos direitos humanos, que são a base da Constituição."

Um boa estratégia, segundo o pesquisador, é propor dilemas em sala de aula e provocar a reflexão dos estudantes, estimulando uma visão crítica. "Um exemplo: se [você] matar uma criança, mil pessoas serão salvas", diz La Taille. "E aí, o que se faz numa situação dessas? Ao final não existirá o certo ou o errado, mas a exposição fará com que os estudantes reflitam e criem argumentos em cima das questões, seja com base na tradição, autoridade, religião ou valores."

Já com as crianças menores, a estratégia que pode dar certo é trabalhar com a coragem, tema muito ligado ao valor, acredita o especialista. "A partir de quatro anos a criança já começa a penetrar no mundo da moral. O certo e o errado estão muito de fora para dentro com as interações com os adultos, mas o admirar vem de dentro. Estimular a coragem é um bom jeito de pegar o aluno pela admiração."

Fonte: UOL

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