Juazeiro do Norte (CE): Mais de 50 mil romeiros comemoram reconciliação do Padre Cícero


Com lágrimas no rosto e um forte sentimento de gratidão. Assim a romeira paraibana, Francisca de Lima Pereira, de 82 anos, vivenciou o momento da leitura da carta-mensagem do Papa Francisco, tratando da ‘reconciliação histórica’ da Igreja Católica com o Padre Cícero Romão Batista, após 123 anos do sacerdote ser afastado de ordens. Cerca de 50 mil romeiros, segundo estimativa da Igreja, participaram do momento do anúncio, durante a última missa do ano dedicada ao religioso, que acontece no dia 20 de cada mês.  O bispo dom Fernando Panico, que presidiu a celebração, concelebrada por diversos padres da Diocese e bispos de outros estados, disse que o caminhão pau-de-arara do romeiro poderá trafegar para Juazeiro do Norte, a partir da romaria de Natal, que começa esta semana, quando a cidade recebe milhares de pessoas.

A missa contou com a presença de autoridades como o Governador do Estado, Camilo Santana, que destacou o momento de conquista para os romeiros, e compartilha da alegria, que considera de grande importância para os fiéis. A missa foi celebrada às 6 horas, no largo do Socorro, de frente à Capela onde estão sepultados os restos mortais do sacerdote. No final, o celebrante depositou rosas sobre o túmulo do religioso. Um quadro com a imagem do ‘padim’ foi afixado de frente ao altar.

Desde que a carta foi anunciada em Crato, no último domingo, durante a abertura do Ano do Jubileu da Misericórdia, na Sé Catedral, igreja que o Padre Cícero foi batizado e celebrou sua primeira missa, as comemorações não param nas cidades no Cariri, principalmente em Juazeiro. Datado de 20 de outubro, o documento foi escrito pelo secretário de Estado do Papa Francisco, Pietro Parolin, e hoje integralmente lido durante a missa.

Portando faixas, cartazes e imagens os romeiros celebravam um novo momento. “Tudo fica diferente, porque ninguém poderá mais falar dele. É a nossa fé e nossa esperança. É uma riqueza para nós todos”, afirma a aposentada Teresa Rosanila da Conceição, ao vivenciar o que um dia sentia que iria acontecer.

O pesquisador Renato Casimiro, disse que o mais importante diante da mensagem, é a maneira como a cúria romana se posiciona diante desse personagem, com um olhar novo sobre aquilo que ele foi capaz de realizar para o povo de Deus. “Mais importante do que a gente ficar revisando essas outras coisas. Não houve um decreto. O que houve foi uma carta amorosa, da maior instituição da Igreja Católica Apostólica Romana para um filho de Deus na terra. Esse missionário que passou por aqui, que tivemos a oportunidade de tê-lo por perto, e que agora é considerado”, destaca.

“Eles estão no céu exultando conosco. A beata Maria de Araújo, dona Assunção Gonçalves…”, para dizer só duas pessoas, porque o número de devotos do Padre Cícero, só Deus sabe, mas todos eles estão em festa conosco. É um presentaço de Natal que o Papa Francisco dá a todos nós”, comemora. Ele ainda destaca a missa do Sumo Pontífice de confirmar os fiéis na fé católica. “Somos católicos agora totalmente, com a nossa carteirinha. Católicos de Jesus Cristo e Nossa Senhora das Dores e devotos do Padre Cícero, sim, senhor!”, exulta o bispo à massa romeira.

As virtudes humanas, sacerdotais e apostólicas do Padre Cícero são reconhecidas na carta pelo papa, e ele enfatiza que devem ser valorizadas. Há quase dez anos, uma comissão, formada por membros da igreja e estudiosos, esteve em Roma, para entregar um calhamaço de documentos, com o pedido de reabilitação do Padre Cícero. O grupo tinha à frente o bispo dom Fernando Panico, que agora destaca não haver mais nenhuma pedra no caminho, quando fala dos problemas relacionados ao passado do Padre Cícero, revistos pela Igreja. Ele enfatiza que está livre, o que leva a crer no futuro no pedido de abertura de um processo de beatificação do sacerdote. Para isso acontecer, tem que ser comprovado pelo menos um milagre. Seguindo para a canonização, deverá existir mais um caso.

O bispo ainda destacou que o problema dos paus-de-arara está sendo resolvido, graças ao empenho da comissão encarregada, com igreja, deputados e senadores, para juntos pleitear essa reivindicação dos pobres, que não têm outro meio de transporte para fazer a romaria. Ele ainda ressaltou o desfecho como positivo e disse que já no final deste ano, as pessoas poderão se dirigir à cidade nos caminhões, para o Município. Mas, estarão sendo analisadas, posteriormente, adequações para esse tipo de transporte, como forma de garantir a segurança dos romeiros.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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