'Impeachment vira golpe quando não há fundamento legal', diz Dilma


A presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou, nesta terça-feira (22), que o processo de impeachment, por si só, não é golpe, porque está previsto na Constituição, mas que "vira golpe quando não há nenhum fundamento legal".

A declaração foi feita em Salvador, durante a cerimônia de inauguração da estação Pirajá do metrô.

"A Constituição é clara: se faz impeachment quando há crime de responsabilidade. Não há contra mim nenhum crime de responsabilidade. Eu sequer fui julgada", disse a presidente. "Eu tenho uma vida ilibada, meu passado e meu presente", afirmou ainda.

Depois de falar que a luta durante a ditadura (1964-85) garantiu os direitos democráticos de manifestação, Dilma afirmou que há um clima de "quanto pior melhor" que está impedindo o crescimento do país.

"A tese do 'quanto pior, melhor' é pior para o povo brasileiro e melhor para uns poucos. O que nós temos de garantir é que o Brasil volte a crescer, volte a gerar emprego", continuou.

A petista disse que o Brasil não vive um regime parlamentarista, em que o chefe de governo é definido pelo parlamento, mas presidencialista, em que o presidente é eleito pela maioria dos votos.

"Não gostar do presidente, querer encurtar o tempo para chegar a ser presidente e perder eleições sistematicamente não são alegações previstas na Constituição [para que aconteça o impeachment]", alfinetou.

Dilma tocou no assunto do impedimento após ser interrompida por manifestantes contrários ao governo enquanto falava sobre a seca que atinge a região Nordeste. A presidente pediu calma à plateia e afirmou que as manifestações fazem parte da democracia.

Quando chegou ao local, a presidente foi recebida com gritos ''não vai ter golpe'' e algumas vaias durante a inauguração da estação. Acompanhada do governador Rui Costa (PT) e do prefeito ACM Neto (DEM), Dilma desembarcou da cabine do maquinista e chegou tocando tambor da banda de percussão Ilê Aiyê.

A estação Pirajá, cujas obras receberam R$ 16,7 milhões de recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), foi inaugurada nesta terça com atraso de 12 anos. No local, estavam presentes o governador da Bahia, Rui Costa (PT), e o prefeito da capital baiana, ACM Neto (DEM), entre outros políticos.

ACM Neto –cujo partido faz oposição a Dilma– abriu a cerimônia pedindo que militantes evitassem confrontos durante a inauguração da estação do metrô.

Antes, ele havia sido recebido com gritos de "ACM voltou", uma referência a seu avô, o ex-senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007).

Já Costa, em seu discurso, defendeu o mandato da presidente. "Só quem pode mudar o presidente, o governador ou o prefeito é o voto do povo", disse. "Esse povo vai dizer 'respeitem meu voto'", completou o governador.

Logo depois, em Camaçari (50 km de Salvador), Dilma afirmou que possui uma vida pública "sem manchas" irá enfrentar "aqueles que acham que o melhor jeito de chegar a Presidência é atropelar a democracia".

Dilma foi ao local para inaugurar unidades do programa "minha Casa, minha Vida" e aproveitou para falar sobre o processo de impeachment que enfrenta na Câmara dos Deputados, lembrando que teve 54 milhões de votos nas eleições do ano passado.

"A melhor forma de agradecer é honrar esses votos com programas como este [Minha Casa], tendo a coragem de enfrentar as dificuldades da crise e jamais deixando de enfrentar aqueles que acham que o melhor jeito de chegar a Presidência é atropelar a democracia", afirmou

A presidente afirmou que tem "uma biografia e uma vida pública absolutamente sem manchas" e disse que tem "compromisso com os recursos públicos do país.

"É verdade que a gente está passando por dificuldades, mas não paramos. Continuamos construindo casas, pagando Bolsa-Família [...]. Posso garantir a vocês que este país não vai parar.

Em discurso inflamado, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), defendeu o mandato de Dilma e afirmou que "o povo da Bahia não vai abrir mão do voto que deu em 2014".

O prefeito de Camaçari, Ademar Delgado (PT), disse que a presidente está sendo vítima de "maldades" e afirmou que Dilma "foi presa por defender a democracia" durante a ditadura.

A presidente foi recepcionada por um grupo de cerca de 20 militantes da Juventude do PT, que repetiam gritos de "não vai ter golpe" e cantavam uma paródia do funk "Atoladinha" trocando os versos do refrão por "eu vou apoiar a Dilma".

Os gritos e as paródias, contudo, não foram acompanhados pelo restante do público, que ficou numa área separada por grades de ferro.

A presidente ainda brincou com a situação: "Aquele pessoal ali não está com fome", disse, apontando para os militantes petistas. O evento aconteceu no horário de almoço.

Ao cumprimentar os militantes, foi saudada com um grito de "Dilma eu te amo". E respondeu: "eu amo vocês".

Tour nordestino
A presidente aproveitou a semana do Natal para participar de uma agenda positiva em cidades do Nordeste - região onde teve maior porcentual de votos nas eleições de 2014 e onde ainda mantém parte da popularidade.

Em Camaçari, a presidente faz inauguração simultânea de 7.555 casas do programa Minha Casa, Minha Vida em sete cidades de cinco Estados. Na cidade baiana, foram 1.104 unidades habitacionais.

Os governadores tucanos Beto Richa (Paraná) e Reinaldo Azambuja (Mato Grosso do Sul), acompanharam as inaugurações de casas, respectivamente, nas cidades de Ponta Grossa e Campo Grande.

Antes, em Salvador, a presidente inaugurou uma estação do metrô de Salvador, completando a primeira linha do sistema metroviário da capital baiana, obra que foi iniciada há 16 anos e custou o triplo do previsto.

À tarde, a presidente vai a Floresta (PE), cidade onde fica o início do eixo leste da transposição do rio São Francisco, para inauguração de uma estação de bombeamento do sistema.

Fonte: Folha.com

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