Livro de memórias analisa 50 anos de transformação social

O ambiente não poderia ser mais propício para remeter a um passado de tantas histórias. Uma coleção com mais de 50 rádios antigos, livros e discos de vinis revestem de lembranças a parede do escritório na residência do jornalista Antônio Vicelmo, no sopé da Chapada do Araripe. Foi ali que nasceu o livro "E Era Só... 50 anos de jornalismo". A celebre frase utilizada pelo jornalista para encerrar o noticiário no rádio será eternizada, agora, em um livro que pode ser analisado, segundo o próprio autor, como "uma série de reportagens sobre usos e costumes de uma sociedade em transformação".

O repórter e radialista com cinco décadas de jornalismo, o qual colecionou entrevistas marcantes com o ex-presidente da República, José Sarney, com cangaceiros, beatas, artistas populares e heróis anônimos, enveredou para um mundo não muito distante do seu perfil profissional: a literatura.

Vicelmo conta que, no início, ainda em 2011, quando surgiram "os primeiros conselhos para escrever um livro", ele se mostrou reticente. "Sempre achei que não tinha nada de importante para contar. "Já tem muita gente escrevendo besteiras por aí'. Um livro escrito por mim seria mais um na galeria de publicações que vão para o lixo", ponderou com bom humor, característica presente em sua vida.

Rompimento
Entretanto, os "aconselhamentos" não cessaram e, certo dia, durante um sonho "uma voz me orientava a começar o livro". Vicelmo confessa que nunca alimentou nenhuma crendice ou misticismo, tampouco acreditava em sonhos, porém, devia "obedecer a voz da subconsciência" e imediatamente começou a rabiscar as primeiras linhas daquele que viria a ser o livro o qual resgataria as história do "simpático jovem rebelde", conforme definiu uma de suas professoras do ensino infantil.

"Costumo dizer que minha vida foi uma irresponsabilidade que deu certo. Na verdade, foi um constante rompimento com a ordem estabelecida, passando por cima de preconceitos e tabus que marcaram a geração dos anos 60, os anos de chumbo, impostos pelo regime militar".

Simplicidade
Para Vicelmo, a riqueza do seu livro, previsto para ser lançado neste mês de novembro, está na "simplicidade". O objetivo da obra, conforme conta, é "restaurar fatos, acontecimentos e causos que foram esmagados pela maquina da vida e apagados pela poeira do tempo". Durante décadas, à competência e dedicação ao trabalho renderam belas reportagens ao jornalista, conhecido pela ótima memória e seriedade no desempenho de suas funções. Foi enviado ao Vaticano, quando então trabalhava no Diário do Nordeste, para fazer a cobertura de entrega dos documentos solicitando a reabilitação do Padre Cícero. Apesar do relevante fato, foi outra matéria, bem mais antiga, que marcou o jornalista.

Uma das principais figuras da música nordestina, Antônio Gonçalves da Silva, o "Patativa do Assaré" teve grande contribuição na formação profissional de Antônio Vicelmo. O jornalista conta, no livro, que muitos de seus "valores profissionais" foram forjados na Serra de Santana, município de Assaré.

Segredos
Um dos grandes incentivadores para que Vicelmo escrevesse o livro foi seu filho Pedro Henrique, morto prematuramente aos 36 anos, vítima de um infarto fulminante. A perda do filho abalou sobremaneira Antônio Vicelmo; porém, em contrapartida, serviu como combustível para que o jornalista finalizasse a obra, um desejo de Pedro.

Se no campo jornalístico Vicelmo colhe o que foi plantado durante décadas, isto é, reconhecimento, na carreira de escritor o futuro ainda é incerto. O jornalista confidencia que, antes de pensar em escrever outra obra, pretende contribuir com a produção de um livro, no qual promete revelar segredos de Padre Cícero, mostrando uma personalidade do patriarca juazeirense até então desconhecida.

Mais informações
E era só...50 anos de jornalismo
Autor: Antônio Vicelmo
Publicação: Bureau de Serviços Gráficos (BSG)

Fonte: Diário do Nordeste

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